Paralisia do plexo braquial: les�es no parto afetam movimento dos bra�os
Considerado problema de sa�de p�blica, danos nos nervos dos bra�os s�o desconhecidos at� por profissionais. Santa Casa BH tem centro de tratamento
Neurocirurgi�o da Santa Casa BH, Wilson Faglioni, explica que as les�es do plexo braquial s�o divididas em dois grupos: as causadas no momento do parto vaginal e as provenientes de traumas
Samuel Ramos/Divulga��o
Caracterizado por um conjunto de nervos que fazem a comunica��o entre os bra�os e o c�rebro, o plexo braquial � o grande respons�vel por tudo que se passa nos membros superiores humanos, incluindo as sensa��es e os movimentos dos ombros, cotovelos, antebra�os, punhos e m�os. Por desempenhar um importante papel no organismo, esse feixe de nervos - localizado abaixo da clav�cula e na altura da axila -, ao sofrer alguma les�o, compromete seriamente as fun��es motoras, de forma parcial ou total, sendo considerado um problema de sa�de p�blica no Brasil.
O neurocirurgi�o da Santa Casa BH e especialista no tratamento, Wilson Faglioni, explica que as les�es do plexo braquial s�o divididas em dois grupos: as causadas no momento do parto vaginal e as provenientes de traumas.
A paralisia de origem obst�trica, considerada rara, ocorre quando h� complica��es no nascimento, principalmente quando o beb� mede mais de 50 cent�metros e pesa acima de 4 Kg: “Nesses casos, pode ocorrer uma despropor��o entre o tamanho da p�lvis da m�e e o ombro da crian�a, que acaba ficando presa na p�bis, sendo necess�rio o uso de f�rceps ou de manobras de extra��o para a retirada. Nessa hora, o pesco�o do feto pode ser tracionado, atingindo assim os nervos do plexo braquial e fazendo que o beb� nas�a sem os movimentos de um dos bra�os", diz Faglioni.
Les�es por traumas
J� no caso das les�es resultantes de traumas em adultos, a ocorr�ncia � bem mais comum. No Brasil, muitas delas acometem motociclistas, que est�o entre as principais v�timas da viol�ncia no tr�nsito. De acordo com dados do Instituto de Estudos para Pol�ticas de Sa�de (IEPS), o n�mero de interna��es entre os condutores de moto subiu e, a cada hora, ao menos 14 deles s�o hospitalizados no pa�s. O salto foi de 70 mil interna��es, em 2010, para 129 mil, em 2021.
Como pontua Faglioni, nos acidentes, o piloto � comumente projetado para a frente e, ao se chocar com o solo, ocorre um movimento diferencial entre a cabe�a e o ombro, atingindo os nervos do plexo braquial: "Chega a ser um problema social negligenciado. Muitos acidentados n�o conseguem ter acesso aos servi�os de sa�de rapidamente e n�o s�o encaminhados no tempo correto para especialistas em paralisia do plexo braquial. Isso ocorre at� por desconhecimento dessa condi��o por parte dos profissionais da �rea, o que diminui as chances de sucesso no tratamento do paciente. Al�m disso, muitos dos motociclistas s�o homens jovens, de baixa renda, que passam a ser deficientes f�sicos, tornando-se economicamente inativos, com problemas emocionais e sobrecarregando os servi�os de sa�de, de reabilita��o e tamb�m previdenci�rio”, ressalta o neurocirurgi�o da Santa Casa BH.
Tratamento e a import�ncia do diagn�stico precoce
Na paralisia braquial obst�trica, cerca de 70% dos beb�s conseguem recuperar a fun��o do plexo com tratamento de reabilita��o fisioter�pica, mas em 30% dos casos � necess�ria a interven��o cir�rgica. O tempo ideal para o procedimento varia entre seis e nove meses de idade, podendo ser feito at� um ano e tr�s meses. J� nos traumas em adultos, 90% deles precisar�o de cirurgia.
Faglioni conta que, em ambos os casos, s�o utilizadas t�cnicas microcir�rgicas de transfer�ncia de nervos saud�veis para o plexo braquial, reconstituindo a fun��o da �rea: “�s vezes, retiramos nervos dos membros inferiores e usamos como enxertos, devolvendo assim os movimentos para os bra�os”, destaca.
O neurocirurgi�o refor�a, no entanto, que o diagn�stico precoce da paralisia � fundamental para o tratamento adequado, o que ajuda a recuperar habilidades motoras, proporcionando mais qualidade de vida e tratando inclusive dores que chegam a ser lancinantes: “� fundamental que esse tema seja cada vez mais difundido. Por serem utilizados m�todos de ponta e relativamente novos na abordagem terap�utica, que datam do in�cio dos anos 2000, muitos profissionais ainda n�o os conhecem e, por isso, n�o sabem da necessidade de transferir os pacientes mais rapidamente aos especialistas. � importante, tamb�m, desconstruir o senso comum de que les�es de nervo n�o podem ser tratadas”, comenta Faglioni.
A Santa Casa BH, maior hospital 100% SUS de Minas Gerais, � um dos poucos centros do Brasil e do mundo que fazem todo o tratamento da paralisia do plexo braquial, tendo o primeiro caso em 2010. A institui��o conta com um ambulat�rio de patologias do nervo perif�rico e tem obtido sucesso nos casos da doen�a.
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