Oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira

Oftalmologista Tiago C�sar Pereira Ferreira, professor de cirurgia oftalmol�gica da Faculdade Ci�ncias M�dicas, alerta para a aten��o a sintomas oculares, mesmo que pare�am inofensivos

Arquivo Pessoal


Uma garota de 16 anos ficou quase 50 dias internada em Belo Horizonte (MG) depois de uma grave complica��o de sinusite que levou � proje��o de seu globo ocular e perda �ssea parcial. Num v�deo que viralizou no tik tok, ela contou que o incidente come�ou com um incha�o ocular que parecia inofensivo. “Estava arrumando para ir � escola, meu olho amanheceu inchado. At� ent�o, achei que era um incha�o matinal normal. Por�m, o incha�o n�o passou, e foi piorando”. No v�deo, ela mostra fotos em que seu globo ocular aparece bastante projetado para frente. Ela relata ainda que passou por v�rios oftalmologistas em sua cidade, Sete Lagoas (MG) e que s� em Belo Horizonte foi descobrir de fato do que se tratava, no meio de uma cirurgia. 

“Foi solicitada uma tomografia, que mostrou que havia algo crescendo atr�s do olho. Foi feita uma primeira bi�psia sem cortes pela p�lpebra, que acabou n�o acusando um resultado conclusivo. Ent�o, foi solicitada uma segunda bi�psia, que demandou um pequeno corte na p�lpebra. Dois dias depois, foi envolvida a equipe da neurologia, a proposta foi fazer uma pequena cirurgia para tirar um peda�o do osso, porque havia suspeita de que o osso estivesse crescendo e causando a proje��o do globo ocular”, conta ela. 
 
Por�m, segundo seu relato no v�deo, foi durante a cirurgia que o verdadeiro problema apareceu: “A equipe m�dica constatou que, na verdade, era uma bact�ria que estava se alastrando. Acabei perdendo uma parte do osso com a infec��o, e a massa bacteriana estava quase atingindo o c�rebro”, relata. Todo o problema teria sido causado por uma sinusite mal curada: “Tive sinusite a vida inteira, mas quando atacava, tomava medicamentos para dor e febre, mas n�o fazia o tratamento com antibi�tico, com acompanhamento m�dico”. A sinusite n�o tratada teria desencadeado uma multiplica��o bacteriana que estava se alastrando pela cabe�a. 

Sinusite, na maioria das vezes, � uma doen�a autolimitada

neurocirurgião Felipe Mendes

O neurocirurgi�o Felipe Mendes diz que a sinusite, na grande maioria das vezes, � uma doen�a autolimitada que, com o tratamento adequado, n�o costuma levar a grandes agravamentos

Arquivo Pessoal
Conforme explica o neurocirurgi�o Felipe Mendes, a sinusite, na grande maioria das vezes,  � uma doen�a autolimitada que, com o tratamento adequado, n�o costuma levar a grandes agravamentos: “Por�m, em um pequeno grupo de pessoas podem ocorrer algumas complica��es, principalmente nos casos com tratamento inadequado, ou quando h� um atraso no diagn�stico, ou em grupos de risco, como diabetes  ou outras imunossupress�es".  

O oftalmologista Tiago C�sar Pereira Ferreira, professor de cirurgia oftalmol�gica da Faculdade Ci�ncias M�dicas alerta para a aten��o a sintomas oculares, mesmo que pare�am inofensivos: “� importante entender que o olho est� cercado de estruturas delicadas, como os seios paranasais, e infec��es n�o tratadas podem se disseminar facilmente para essa regi�o. A sinusite � uma inflama��o das cavidades paranasais, e quando n�o tratada adequadamente, pode levar a complica��es s�rias, com a dissemina��o de infec��es para �reas pr�ximas, como a �rbita ocular e o c�rebro". 
No caso da jovem que viralizou, segundo o v�deo, a dimens�o do problema s� foi descoberta durante uma cirurgia. O neurocirurgi�o Felipe Mendes pontua que, no caso da sinusite, por acometer os seios paranasais, que s�o estruturas que est�o muito pr�ximas da cavidade intracraniana, perto do sistema nervoso central, pode ocorrer uma progress�o da doen�a por contiguidade: “O pus pode avan�ar e atingir o sistema nervoso ou o c�rebro, podendo ocorrer a forma��o de empiema quando a cole��o de pus acumula entre o c�rebro e as meninges ou tamb�m o abscesso cerebral, quando essa cole��o de pus envolve o tecido do c�rebro”. 

Quando procurar aux�lio m�dico

Ainda segundo o neurocirurgi�o, outros tipos de complica��es envolvem inflama��o da parede dos vasos sangu�neos, causando tromboses ou isquemias nos olhos ou no sistema nervoso, com risco de sequelas: “Por isso � sempre importante identificar precocemente quando um resfriado ou mal estar n�o come�a a melhorar de forma espont�nea, ap�s tr�s ou quatro dias, ou quando o paciente est� em tratamento de sinusite e come�a a apresentar sinais diferentes como uma dor de cabe�a muito forte ou come�a a notar que por��es do rosto est�o mais inchadas, com altera��o do estado mental e n�vel de consci�ncia, sonol�ncia excessiva, fraqueza, epis�dio de convuls�o ou dorm�ncia em um dos lados do corpo”
 
O oftalmologista Tiago C�sar ressalta a import�ncia de se buscar atendimento m�dico adequado, j� que a automedica��o pode mascarar os sintomas de algo mais s�rio, levando a esse tipo de situa��o: “Quando percebeu o incha�o ocular inicialmente, ela provavelmente n�o imaginava que poderia se tornar algo grave, o que � compreens�vel, pois sintomas oculares podem ser confundidos com problemas menos s�rios. Esse caso � um exemplo da import�ncia de se procurar atendimento especializado assim que surgem sintomas de que algo est� errado. Em caso de crises de sinusite, ter o h�bito de fazer o acompanhamento m�dico adequado, tomar o antibi�tico e medica��es recomendadas da forma correta � essencial, subestimar uma infec��o apenas por ela ser recorrente � um erro grave e pode levar a consequ�ncias muito s�rias".