Ap�s diagn�stico de leucemia, Duda passou por tr�s ciclos de quimioterapia e transplante de medula �ssea
Dias ap�s sentir o cansa�o excessivo, a escritora se assustou ao acordar e ver marcas de sangue em seu travesseiro. Ao identificar que tinham sa�do de sua gengiva, ela procurou um dentista.
"O profissional falou que eu precisava fazer uma limpeza nos dentes. Fiz, ele disse que estava tudo bem e eu voltei para casa", recorda.
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"No hospital, a m�dica falou que eu estava com sinusite, receitou um xarope e eu retornei para casa. Assim foram as duas vezes: indicavam um medicamento e me davam alta. Nunca me pediram um exame de sangue sequer."
De sinusite a leucemia
Diagnosticada com sinusite, Duda seguia o tratamento indicado pelo m�dico com xaropes e voltou � sua rotina, incluindo sair com os amigos. Algumas semanas depois, uma mancha roxa na perna chamou a aten��o da escritora, j� que ela n�o se lembrava de ter esbarrado em lugar algum.
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Dois dias depois, sozinha em seu apartamento, a escritora come�ou a passar mal e precisou ir �s pressas para o hospital. "A� come�ou o terror, porque eu vomitei sangue e aquilo me assustou muito. Tanto que corri para o hospital, onde me colocaram no soro e pediram exame de sangue. Quando a m�dica viu que eu estava sozinha, ela se assustou, disse que eu estava doente, mas ainda n�o sabiam o que era e pediu para eu chamar algu�m para me acompanhar", relata Duda.
Com a fam�lia morando em Fortaleza, a escritora pediu para uma amiga ir at� o hospital na capital paulista e permanecer como acompanhante. A primeira suspeita dos m�dicos era de que Duda pudesse estar com hemorragia interna, j� que seu exame havia indicado que ela estava com apenas 45 mil plaquetas, n�mero bem abaixo do considerado normal (150 a 400 mil por microlitro de sangue).
Os m�dicos, ent�o, solicitaram que fosse feita uma endoscopia, mas o resultado deu negativo para a suspeita de hemorragia. "Eles me colocaram em um quarto e me deixaram l�. Mas como eu j� me sentia bem, quis ir embora, eu estava cansada de ficar no hospital, e comecei a tirar os acessos de soro que estavam na minha m�o. Foi quando uma enfermeira viu e disse: 'cuidado, menina, leucemia mata'. Entrei em p�nico, porque at� ent�o nenhum m�dico havia falado sobre leucemia comigo", recorda Duda.
Confusa com o suposto diagn�stico de leucemia e a falta de informa��o dos m�dicos, Duda deixou o hospital e foi para casa. Horas mais tarde, buscou atendimento em outro hospital da cidade, onde foi internada imediatamente. Na manh� seguinte, sua fam�lia j� estava na capital paulista para acompanh�-la na interna��o para tratar o que foi diagnosticado como c�ncer no sangue.
Transplante de medula �ssea

A primeira suspeita dos m�dicos era de que Duda pudesse estar com hemorragia interna
Arquivo PessoalInicialmente, Duda foi submetida a tr�s ciclos de quimioterapia, mas devido � gravidade da doen�a, leucemia mieloide aguda, os m�dicos disseram que era necess�rio um transplante de medula �ssea.
Nenhum familiar da escritora foi 100% compat�vel com ela - os irm�os foram apenas 50%. Por isso, foi preciso buscar um doador no Redome - Registro Nacional de Doadores de Medula �ssea. "Foram seis meses de buscas, espera e muita ansiedade, at� que encontramos um doador compat�vel. Em novembro de 2019, fiz meu t�o aguardado transplante e renasci. Hoje comemoro duas datas de anivers�rio, a do meu nascimento e a do meu transplante."
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Curada da doen�a, Duda faz acompanhamento m�dico anual com uma equipe multidisciplinar para ter a certeza de que est� tudo bem com sua sa�de.
O que � leucemia e quais os sintomas?
Leucemia � o nome dado � doen�a maligna que afeta os leuc�citos - c�lulas do sangue e da medula �ssea respons�veis pela defesa do nosso organismo. Estas c�lulas doentes se acumulam na medula �ssea, substituindo as c�lulas saud�veis.
S�o v�rios os tipos de leucemia: linf�ide ou miel�ide, aguda ou cr�nica. E h� quatro tipos principais: leucemias mieloides agudas (LMA), leucemias linfoides agudas (LLA), leucemia mieloide cr�nica (LMC) e leucemia linfoide cr�nica (LLC).
"As c�lulas leuc�micas podem ser muito imaturas, fruto do bloqueio da diferencia��o celular (processo que transforma e especializa a c�lula numa fun��o), e neste caso as c�lulas n�o conseguem exercer nenhuma das fun��es das c�lulas normais do sangue. Neste caso, chamamos as leucemias de agudas", explica Eduardo Rego, m�dico coordenador do Servi�o de Leucemias Agudas do Icesp (Instituto do C�ncer do Estado de S�o Paulo).
"J� quando algumas altera��es gen�ticas bloqueiam apenas parcialmente a diferencia��o e as c�lulas leuc�micas mant�m aspecto e algumas fun��es das c�lulas normais do sangue, chamamos de leucemias cr�nicas."
Com o funcionamento "errado" das c�lulas, alguns sintomas come�am a aparecer. Eles s�o decorrentes principalmente da substitui��o da medula �ssea normal pelas c�lulas leuc�micas, levando � diminui��o de gl�bulos vermelhos.
"Os principais sintomas da leucemia s�o anemia, palidez, cansa�o, palpita��es, queda da imunidade e maior predisposi��o a infec��es, com febre, mal-estar, diminui��o de plaquetas, aumentando a chance de sangramentos e surgimento de manchas roxas pelo corpo.
O ac�mulo das c�lulas doentes pode levar tamb�m a aumento de ba�o", explica Iara Zapparoli Gon�alves, m�dica vice-coordenadora do departamento de hematologia do Hospital de Amor de Barretos.
O tratamento para leucemia depende do tipo e em que fase a doen�a � descoberta. Pode envolver quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, transplante de medula �ssea ou a associa��o de diferentes tratamentos.
Segundo o Atlas da Mortalidade por C�ncer, 6.738 pessoas morreram devido � leucemia no Brasil em 2020 (data do �ltimo levantamento divulgado), sendo 3.703 homens e 3.035 mulheres.
Estimativa do Instituto Nacional de C�ncer (INCA) apontam que, para 2022, eram esperados 11.540 novos registros da doen�a, sendo a maioria, cerca de 6 mil, em homens.
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