Após um ano de abandono do vício o risco de morte por infarto cai pela metade

Ap�s um ano de abandono do v�cio o risco de morte por infarto cai pela metade

Freepik

c�ncer de pulm�o est� ganhando, cada vez mais, holofotes. O tumor corresponde a cerca de 13,5% de todos os tipos de c�nceres, e j� representa o segundo tipo mais frequente, superado apenas pelo de mama, entre as mulheres, e de pr�stata, entre os homens, de acordo com o Instituto Nacional de C�ncer (INCA). O tabagismo � o principal fator de risco que leva � doen�a, j� que h� cerca de 70 subst�ncias cancer�genas nos cigarros.

Pelo menos 30% de todos os casos de c�ncer no mundo s�o atribu�veis ao tabagismo. No c�ncer de pulm�o, essa fra��o corresponde a mais de 70%. Pessoas que fumam por muitos anos podem ter o risco de c�ncer de pulm�o cerca de 25 vezes maior que n�o fumantes. O consumo do tabaco � a principal causa de morte evit�vel no mundo, segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e estima-se que um ter�o da popula��o mundial adulta seja fumante, ou seja, 1,2 bilh�o de pessoas (entre as quais 200 milh�es de mulheres).

O tabagismo � uma doen�a, classificada pela OMS como depend�ncia da nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco: seja cigarro, cigarro de palha, fumo de rolo, narguil�, cigarrilha, charuto ou cachimbo. Ap�s ser absorvida, a nicotina atinge o c�rebro entre sete e 19 segundos, ativando �reas de sistemas de "recompensa", o que provoca uma sensa��o de prazer, al�m de momentaneamente mascarar sintomas de ansiedade e depress�o, o que explica, em parte, os fumantes buscarem o cigarro em situa��es de estresse.

Ainda do acordo com a OMS, medidas adotadas nos �ltimos 15 anos para reduzir o consumo do tabagismo evitaram 300 milh�es de mortes. "Mas � preciso lembrar que, no mundo, 8,7 milh�es de pessoas ainda morrem por causa do cigarro todos os anos. Entre eles, 1,3 milh�o s�o os chamados fumantes passivos (pessoas que n�o fumam, mas convivem com fumantes), sendo 50 mil crian�as que perderam a vida por infec��es respirat�rias e outras condi��es relacionadas � exposi��o passiva ao tabaco", explica o pneumologista do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz, Gustavo Prado.

Fumo passivo

A exposi��o involunt�ria ao tabaco aumenta os riscos de doen�as cardiovasculares, respirat�rias, infecciosas e c�ncer na popula��o em geral, al�m de acelerar condi��es cr�nicas e degenerativas, como a insufici�ncia renal e as s�ndromes demenciais. "Isso sem falar nas enormes complica��es para as gestantes e aos beb�s, como o aumento do risco de abortamentos, o retardo do crescimento intrauterino, a prematuridade e as complica��es p�s-parto ao neonato", esclarece Gustavo Prado. As crian�as expostas � fuma�a do cigarro t�m mais crises de asma, infec��es e sintomas respirat�rios cr�nicos, e menor desenvolvimento dos pulm�es ao longo de seu crescimento. J� os adultos podem ter o risco de infarto e c�ncer aumentados em 30% em compara��o �queles que n�o s�o expostos.

Leia: Cinco formas de ter uma cozinha mais nutritiva, econ�mica e sustent�vel

O especialista enfatiza que o tabagismo � considerado uma doen�a cr�nica, ainda mais desastrosa em pa�ses de baixa e m�dia renda. Segundo o peri�dico The Lancet, de 2021, o protagonismo do Brasil com a ado��o de leis e pol�ticas p�blicas antifumo reduziu em tr�s quartos a preval�ncia do tabagismo entre os adultos. Em 1989 t�nhamos 35% de adultos fumantes e, atualmente, temos algo em torno de 10%. "Os gases, vapores e materiais particulados da polui��o do cigarro demoram at� 24 horas para se espalhar completamente e, neste tempo, pode ocorrer tamb�m a dispers�o de part�culas min�sculas, com menos de 1 mil�simo de mil�metro, antes depositadas no piso e mobili�rio, voltando a se tornar inal�veis", diz Gustavo.

O Brasil continua sendo exemplo no controle do tabagismo. Mesmo assim, h� um longo caminho pela frente, principalmente para a prote��o dos n�o fumantes. Por exemplo, o fumante, ao buscar o filho na escola, horas depois de ter fumado no carro, vai expor a crian�a aos componentes da fuma�a do cigarro, que permanecem no ve�culo, assim como nos c�modos da casa em que os pais fumaram. "N�o h� meios eficazes de ventila��o, purifica��o de ar e exaust�o que reduzam todas as subst�ncias t�xicas a uma concentra��o que seja segura. Por isso, a ideia de espa�os reservados para fumantes � outra deturpa��o do conceito de prote��o, uma vez que imp�em aos fumantes confinados a inala��o de concentra��es alt�ssimas dos poluentes da queima do tabaco", esclarece o pneumologista.

"Precisamos ficar atentos ao uso do cigarro eletr�nico, que apesar de ter sua comercializa��o proibida no Brasil, est� conquistando mais adeptos, principalmente entre o p�blico jovem. Doen�as respirat�rias, cardiovasculares e intoxica��es agudas por nicotina s�o complica��es j� bastante descritas em usu�rios de dispositivos eletr�nicos para fumar, al�m de situa��es dram�ticas como intoxica��es por nicotina em crian�as e a les�o pulmonar aguda relacionada ao vape, que pode levar o usu�rio de cigarros eletr�nicos � morte", pontua.

Tabagismo e c�ncer de pulm�o


"O tratamento de c�ncer de pulm�o � o que mais avan�ou nos �ltimos anos. E os pacientes que s�o diagnosticados com o subtipo chamado adenocarcinoma, precisam realizar uma pesquisa denominada "perfil molecular do c�ncer de pulm�o". Se identificado muta��es nessa pesquisa � realizado um tratamento direcionado para estes pacientes, geralmente com medica��es (comprimidos) com alta efic�cia, mas, infelizmente, ainda n�o est�o dispon�veis no SUS", explica o oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz, Carlos Teixeira.

De acordo com o oncologista, n�o s� os pacientes fumantes desenvolvem o c�ncer de pulm�o. H� pacientes com c�ncer de pulm�o que nunca fumaram, mas que desenvolveram a doen�a por outros fatores de risco, como por exemplo, a polui��o ambiental. "A inala��o desses poluentes a longo prazo pode desencadear o desenvolvimento do c�ncer. Isto pode ocorrer, tamb�m, em pacientes jovens e n�o fumantes, e existe, ainda, um percentual de pacientes que desenvolvem a doen�a por heran�a gen�tica", esclarece.

Benef�cios em parar de fumar

- Ap�s 20 minutos a press�o arterial j� se normalizou

- Em duas horas j� n�o h� mais nicotina circulando na corrente sangu�nea

- Entre 12 e 24 horas ap�s deixar de fumar os pulm�es j� funcionam melhor

- Ap�s um ano de abandono do v�cio o risco de morte por infarto cai pela metade

- Entre 5 e 10 anos o risco de infarto em um ex-fumante ser� igual ao de uma pessoa que nunca fumou