Mulher meditando na praia

Ser paciente � uma escolha. Cultivar a paci�ncia � uma decis�o s�bia para quem cuida da sa�de f�sica e mental

Dimitris Vetsikas/Pixabay

“Enquanto todo mundo espera a cura do mal/E a loucura finge que isso tudo � normal/Eu finjo ter paci�ncia/E o mundo vai girando cada vez mais veloz/A gente espera do mundo e o mundo espera de n�s/Um pouco mais de paci�ncia”... 

A can��o de Lenine lembra que a vida n�o para e � preciso entrar no ritmo, ter cad�ncia para n�o perder o prumo e o fio. A paci�ncia � uma qualidade cada vez mais rara nos dias de hoje e ser paciente parece miss�o imposs�vel diante de in�meros gatilhos que s� aceleram e levam o equil�brio para longe.
 
Ser paciente � uma escolha e cultivar a paci�ncia � uma decis�o s�bia para quem cuida da sa�de f�sica e mental. N�o faz bem ter descargas emocionais descontroladas por ser impaciente, ataques de raiva com o c�rebro produzindo cortisol, horm�nio liberado em situa��es de estresse. Essa subst�ncia pode gerar baixa imunidade, desencadear processos de gastrite, �lcera, altera��o na press�o arterial, problemas cardiovasculares e psicol�gicos. O cortisol tem de estar em equil�brio, j� que � essencial para a qualidade de vida, tornando-se o horm�nio do bem-estar.
 
 
E aqui n�o entra em quest�o o transtorno explosivo intermitente (TEI), diferente de um ataque de raiva comum, provocado pela falta de paci�ncia. O TEI, de acordo com o Manual Diagn�stico e Estat�stico de Transtornos Mentais (DSM-5), se caracteriza por explos�es de raiva recorrentes, com agressividade ou viol�ncia desproporcionais. A pessoa diagnosticada com TEI precisa de ajuda m�dica urgente para pensar em ter qualidade de vida.

A educadora financeira Ellen Silv�rio, de 42 anos, se considera uma pessoa paciente. “Pelo menos tento ser. Hoje, essa caracter�stica me ajuda no trabalho, onde tenho que ter paci�ncia para ouvir e orientar as pessoas. No dia a dia, seja no tr�nsito, no supermercado lotado... E, principalmente, em casa com a fam�lia e os filhos. A gente aprende a ouvir, a entender e isso resolve ou nos livra de muitas dores de cabe�a.” 
 
Ellen Silvério, educadora financeira

'Sei exatamente quando estou perdendo a paci�ncia, e isso � importante, porque a� paro e penso antes de agir', diz Ellen

Arquivo pessoal
Para Ellen, normalmente, uma pessoa impaciente n�o consegue ouvir. Ela diz que j� precisou lidar com uma situa��o em que precisou ter todo o “jogo de cintura” esperado das pessoas pacientes. “Uma vez, uma cliente que n�o conseguia acessar um material veio falar comigo, brava. Ela s� dizia que tinha feito a compra e que n�o iria ficar no preju�zo, xingou, reclamou. Eu a deixei falar, ouvi tudo e, quando ela encerrou, perguntei: ‘Agora voc� pode me explicar o que est� acontecendo? Porque n�o consegui entender e vou te ajudar'. 

Ela explicou a dificuldade, eu entendi, mostrei um passo a passo para resolver e no final ela disse: 'puxa, cheguei xingando e gritando e voc� ficou da mesma forma. Parece que � at� psic�loga'. Ela ainda falou 'eu tenho o sonho de ser psic�loga'. Ent�o, brinquei com ela e disse, 'acho melhor voc� ser advogada'. No final, ela agradeceu e se desculpou”. 
 
 
Al�m da escolha, Ellen acredita que a paci�ncia tamb�m pode ser ensinada, vir do exemplo. “Meu pai � superpaciente. Aprendi muito com ele, nos ensinou a ter controle do que sentimos, pois em um momento de impaci�ncia podemos colocar tudo a perder. Ele � meu exemplo de paci�ncia na vida. Nunca o vi pai brigar no tr�nsito, gritar com as pessoas. Mesmo quando estavam alteradas, ele sempre buscava um jeitinho de resolver tudo na paz. Isso me ajudou muito.” 

SABER RESPIRAR

Mas a educadora financeira lembra que pessoas pacientes tamb�m “ficam bravas”. A diferen�a est� no autocontrole. “Sei exatamente quando estou perdendo a paci�ncia, e isso � importante, porque a� paro e penso antes de agir.” 

Ela acredita que ser paciente � um aspecto positivo do ser humano. “Ser paciente significa saber que o que plantamos hoje n�o iremos colher amanh�, mas precisamos continuar, porque o resultado vir�. Isso ajuda na comunica��o e, principalmente, a respirar diante das dificuldades para encontrar a melhor solu��o. Nem sempre as coisas v�o ser como queremos, e com paci�ncia e resili�ncia, conseguimos dar a volta por cima”.