Especialistas j� n�o consideram o diagn�stico de autismo como uma barreira ou limita��o. Por isso, independentemente do n�vel de suporte, o importante � que as fam�lias encarem as pessoas com autismo como seres de possibilidades
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Voc� provavelmente j� deve ter ouvido falar no termo “graus de autismo”, que faz parte do processo de diagn�stico de muitas fam�lias no momento em que est�o investigando ou efetivamente descobrem que algu�m apresenta um grau de autismo leve, moderado ou severo. Apesar de bastante utilizado, o termo � uma maneira de simplificar. A forma mais adequada � dizer que pessoas no espectro do autismo apresentam diferentes n�veis de suporte, de acordo com os crit�rios definidos por manuais diagn�sticos.
Ao longo dos anos, documentos como o Manual Diagn�stico e Estat�stico de Transtornos Mentais (DSM), da Associa��o Americana de Psiquiatria, e a Classifica��o Estat�stica Internacional de Doen�as e Problemas Relacionados com a Sa�de passaram por diversas altera��es, incluindo as palavras e termos usados para diagnosticar uma pessoa autista. Hoje, o diagn�stico de autismo � tra�ado conforme o n�vel de gravidade – ou de necessidade de suporte – que cada indiv�duo demanda. S�o eles:
- N�vel 1: necessidade de pouco apoio
Algu�m neste n�vel apresenta problemas para iniciar intera��es e mostra menor interesse nos relacionamentos. O comportamento inflex�vel leva a dificuldades nas atividades cotidianas. No crit�rio diagn�stico, essa pessoa pode apresentar pouco ou nenhum preju�zo na linguagem funcional.
- N�vel 2: necessidade moderada de apoio
Neste n�vel, as pessoas t�m dificuldade acentuada com a comunica��o verbal e n�o verbal. Elas t�m habilidades sociais limitadas. Seus padr�es de comportamentos s�o r�gidos, o que significa que t�m dificuldade em lidar com mudan�as. No crit�rio diagn�stico, elas podem ou n�o ter defici�ncia intelectual e linguagem funcional prejudicada.
- N�vel 3: muita necessidade de apoio substancial
Algu�m neste n�vel tem graves dificuldades de comunica��o. No crit�rio diagn�stico, podem ou n�o ter defici�ncia intelectual e aus�ncia da linguagem funcional.
"Para diagnosticar uma pessoa com qualquer dist�rbio ou transtorno, precisamos ter certos crit�rios estabelecidos. Para que a gente precisa de um crit�rio diagn�stico? Por muitos aspectos, a comunica��o entre as diferentes �reas � o primeiro deles. Ent�o, quando eu falo para uma fonoaudi�loga que eu tenho um paciente autista, ela vai ter a mesma defini��o do autismo que eu, que sou psic�loga, ou do m�dico, do psiquiatra, e assim em diante”, explica L�via Bomfim, psic�loga especialista em an�lise do comportamento aplicada ao autismo e supervisora ABA da healthtech Genial Care.
“Terminologias como “autista leve, autista moderado e autista severo”, embora hoje tenham ca�do em desuso e sejam questionadas e criticadas por muitos especialistas em TEA e ativistas da causa do autismo, ainda acabam sendo bastante usados”, ressalta L�via.
Segundo a psic�loga, mesmo as determina��es atuais s�o consideradas antiquadas e at� erradas por parte da comunidade do autismo e da comunidade autista. Isso porque classificar n�veis de autismo tamb�m n�o � considerada a melhor forma de abordar a condi��o. “O termo pode carregar conota��es que atualmente e, felizmente, t�m sido criticadas, como conota��es capacitistas. Ent�o, tem toda uma frente de ativismo dentro do mundo do autismo para quebrar essa no��o de que um � “melhor” do que o outro, de que um � mais funcional do que o outro”, comenta.
Isso porque, conforme detalha a especialista, uma pessoa no espectro pode apresentar necessidade de suporte na comunica��o, mas n�o ter d�ficit na parte comportamental, por exemplo. Enquanto outra pode ter a comunica��o bem desenvolvida, mas apresentar comportamentos repetitivos e restritos. “Dizer que uma pessoa � n�vel um, dois ou tr�s � muito inflex�vel dentro das tantas varia��es que o autismo pode acarretar. Al�m da quest�o do capacitismo, na qual o grau um � considerado o mais ‘funcional’, no grau dois, a pessoa j� � menos funcional e grau tr�s, ela n�o � nem um pouco funcional e � um problema”.
Especialistas j� n�o consideram o diagn�stico de autismo como uma barreira ou limita��o. Por isso, independentemente do n�vel de suporte, o importante � que as fam�lias encarem as pessoas com autismo como seres de possibilidades. Sem se preocupar tanto com o n�vel de suporte e at� mesmo sem esperar pelo diagn�stico, os pais devem investir em terapias com pr�ticas baseadas em evid�ncias cient�ficas para apoiar o desenvolvimento dos filhos. Al�m disso, fazer parte desse processo e promover a estimula��o dentro de casa tamb�m � essencial para atingir resultados mais eficazes.
“Pessoas com autismo s�o seres humanos variados e fluidos. O que elas precisam de tipos de suportes diferentes dentro das diferentes habilidades que ela executam. Essa no��o enrijecida e determinista de que ou � um e outro � outro, � incorreta. � uma no��o importante para os pais desenvolverem”, informa L�via.
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