A base da alimenta��o biog�nica � composta por alimentos que "geram a vida" e s�o consumidos in natura
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De tempos em tempos, surgem novas “febres” que prometem emagrecimento r�pido e natural. Duas dessas pr�ticas - a alimenta��o biog�nica e o uso de enemas (lavagem intestinal) - de fato podem ter benef�cios para a sa�de em alguns casos, mas m�dicos alertam que n�o devem ser utilizadas como alternativas para a perda de peso.
A base da alimenta��o biog�nica � composta por alimentos que “geram a vida” e s�o consumidos in natura. Ela inclui gr�os, cereais, leguminosas cruas, ervas e hortali�as germinadas ou em forma de brotos. Essa abordagem se deve ao fato de que, durante o processo de germina��o, esses alimentos est�o repletos de subst�ncias e nutrientes, uma vez que est�o em pleno crescimento. No entanto, quando s�o cozidos ou passam por outro tipo de prepara��o, h� uma perda dessa capacidade nutritiva.
J� o enema � uma lavagem do intestino atrav�s de uma solu��o via sonda retal que, geralmente, � utilizada para a elimina��o de toxinas ou de res�duos. No entanto, a introdu��o do caf� pelo �nus – pr�tica pol�mica divulgada nas redes sociais - n�o possui comprova��o cient�fica e ainda pode causar s�rios problemas � sa�de. Confira a seguir os benef�cios, os cuidados e os principais riscos para a sa�de de cada um desses h�bitos:
Alimenta��o biog�nica
A alimenta��o biog�nica � utilizada h� muitos e muitos anos, desde quando as pessoas n�o tinham � disposi��o alimentos processados e industrializados para o consumo.
Ela se baseia em duas regras principais: o consumo de alimentos germinados (vivos) e o uso de energia viva, proveniente de hortali�as, frutos, gr�os e legumes. S�o os chamados “alimentos vivos”, que devem ser 100% naturais, org�nicos, crus e em sua forma mais pura.
Entretanto, essa dieta altamente restritiva apresenta riscos e requer certa cautela para preservar a sa�de. Um desses cuidados � a inclus�o do consumo de prote�nas e suas respectivas vitaminas. Al�m disso, � essencial manter-se bem hidratado, pois trata-se de uma alimenta��o com baixa ingest�o cal�rica, o que pode favorecer a desidrata��o.
“Evitar alimentos industrializados e privilegiando alimentos in natura e org�nicos � bem saud�vel, por�m isso deve ser realizado com acompanhamento de um profissional de sa�de para evitar defici�ncias nutricionais”, alerta a nutr�loga Andrea Pereira, que atua no Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, com p�s-doutorado em andamento pela Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (USP).
Os benef�cios da alimenta��o biog�nica incluem a ingest�o de alimentos mais nutritivos e livres de res�duos qu�micos, o que contribui para a sa�de, aumentando o n�vel de energia, melhorando a digest�o e fortalecendo o sistema imunol�gico. A perda de peso, no final das contas, seria um b�nus. Desde que, claro, combinado com a pr�tica regular de atividades f�sicas.
Outro ponto importante, explica a m�dica, � que esse tipo de alimenta��o n�o deve ser visto como uma dieta, mas sim uma abordagem em que o indiv�duo busca ingerir op��es naturais, org�nicas em sua forma mais natural poss�vel.
“Como n�o existe comprova��o cient�fica para esse tipo espec�fico de dieta, a utiliza��o da alimenta��o biog�nica deve ser seguida com acompanhamento m�dico correto e individualizado. � importante esclarecer que toda dieta restritiva pode levar a perda de massa muscular ou defici�ncias nutricionais, caso n�o esteja bem balanceada por um profissional da �rea de nutri��o”, pontua Pereira.
Enema n�o deve ser usado para emagrecimento
Outra pr�tica que tem ganhado espa�o entre aqueles que desejam eliminar alguns quilos extras � o enema, lavagem intestinal ou “chuca”, como � popularmente conhecida. Essa t�cnica consiste na lavagem do reto com a instila��o de l�quido por via anal.
N�o � dif�cil encontrar postagens nas redes sociais de pessoas defendendo e at� mesmo realizando o procedimento v�rias vezes por dia, sem indica��o ou supervis�o m�dica. No entanto, n�o h� comprova��o cient�fica do uso de enemas como complemento auxiliar no emagrecimento.
“� verdade que nas pessoas constipadas, nas quais h� tamb�m sensa��o de distens�o abdominal, o enema faz evacuar e eliminar gases, dando a impress�o de ‘desinchar’ o abd�men. Por�m, o procedimento n�o tem papel no emagrecimento”, esclarece a proctologista Marleny Novaes Figueiredo de Ara�jo, que � membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), e atua na equipe de coloproctologia do Hospital Municipal da Vila Santa Catarina e do Hospital Israelita Albert Einstein.
A principal indica��o dos enemas � para pacientes com fezes empedradas, com dificuldade de evacuar, constipa��o cr�nica grave e incontin�ncia anal (quando os indiv�duos n�o conseguem controlar a sa�da de fezes).
Outra indica��o � para preparo de exames como retoscopia, visando limpar o intestino para que este possa ser visualizado adequadamente. H� enemas com medicamentos que podem ser necess�rios em algumas enfermidades, como a retocolite ulcerativa, que � uma doen�a inflamat�ria do intestino.
“O enema n�o precisa de supervis�o m�dica para ser realizado. M�dicos, enfermeiros e outros profissionais da sa�de podem orientar o paciente de como realiz�-lo em casa, mas somente quando for indicado. A principal recomenda��o � lubrificar o �nus para a introdu��o do kit para realiza��o do enema e ter cuidado nessa introdu��o para n�o ferir ou machucar o reto”, esclarece a proctologista.
No entanto, Marleny Ara�jo afirma que h� risco de perfura��o do reto e que quando � realizada a introdu��o do l�quido, pode haver uma sensa��o de ard�ncia e vontade de evacuar.
“Esses sintomas est�o previstos e passam em alguns minutos, logo ap�s a evacua��o ocasionada pelo enema acontecer. No caso de enemas de medicamentos, o objetivo � que o l�quido fique no reto agindo por mais tempo”, explica.
Os perigos dos enemas de caf�
A pr�tica do enema de caf� - quando a bebida � inserida pelo �nus para limpar o reto e o intestino grosso - tamb�m vem fazendo cada vez mais adeptos em diversos pa�ses, inclusive no Brasil.
“A cafe�na acaba sendo absorvida pelo reto (mesmo que em menor quantidade do que tomando caf�) e isso pode ter consequ�ncias, em especial sendo realizado diversas vezes ao dia. Os riscos v�o desde altera��es como taquicardia (cora��o acelerado), arritmias, n�useas at� mal-estar. Fazer isso em casa � at� mais arriscado, pela dosagem de cafe�na que pode haver no enema. H� ainda os mesmos riscos de qualquer enema, como feridas no reto e inflama��o”, adverte a proctologista.
A m�dica esclarece ainda que, mesmo quando realizados apenas com �gua, os enemas podem prejudicar o funcionamento do intestino a longo prazo, pois podem criar uma depend�ncia, levando a pessoa a deixar de evacuar naturalmente. “Nenhum enema deve ser realizado com frequ�ncia sem que haja indica��o para tal.”
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