
O c�ncer � caracterizado principalmente pela multiplica��o descontrolada e anormal de c�lulas que passam a agir de maneira desorganizada, sendo capazes de invadir tecidos vizinhos ou alcan�ar outros �rg�os por meio da circula��o sangu�nea. Segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), mais de 60% desses tumores ter�o indica��o de radioterapia em algum momento durante sua evolu��o. Esse tratamento visa tanto o bloqueio da multiplica��o excessiva das c�lulas tumorais quanto a programa��o de sua destrui��o. Entretanto, existem v�rias consequ�ncias da exposi��o da pele � radia��o excessiva dessa terapia.
O tratamento se baseia na utiliza��o de radia��es ionizantes, que abalam as estruturas de mol�culas do organismo, ocasionando resultados lesivos a componentes celulares como o DNA, assim, atuam tanto impedindo a multiplica��o excessiva das c�lulas tumorais quanto determinando sua morte. Por�m, este tratamento atinge n�o s� c�lulas doentes como tamb�m sadias, desencadeando diversos problemas em nosso organismo, sendo o ressecamento e a radiodermatite os principais problemas dermatol�gicos ocasionados por este tipo de tratamento.
A radiodermatite ou radiodermite � a inflama��o da pele originada pela a��o da radia��o na pele de pacientes submetidos � radioterapia. Esse efeito adverso do tratamento � observado em 95% dos pacientes e se torna uma comorbidade importante para o abandono ou baixa ades�o dos pacientes ao tratamento de radioterapia, pois a qualidade de vida do paciente � fortemente comprometida. Num universo de 18 milh�es de diagn�sticos de c�ncer no mundo e 9 milh�es de mortes, o impacto na ades�o do paciente ao tratamento torna a radiodermatite uma comorbidade importante para redu��o dessa mortalidade. Por�m, para entender seu mecanismo de a��o, precisamos entender, primeiramente, como a nossa pele funciona.
O processo de matura��o de c�lulas da epiderme se baseia na migra��o destas c�lulas da camada mais profunda da pele at� a mais superficial, a qual se forma uma camada de c�lulas mortas e sem n�cleo que confere uma prote��o contra pat�genos externos ao organismo, formando assim o que chamamos de estrato c�rneo. Com o in�cio das sess�es de radioterapia, muitos radicais livres s�o gerados na pele e as c�lulas das camadas mais profundas s�o lesionadas pela a��o oxidativa dos radicais livres, causando morte celular. Isso implica no enfraquecimento da integridade da pele, j� que n�o haver� mais o processo de matura��o necess�rio para gerar a camada superficial (estrato c�rneo) que tem papel fundamental na prote��o do nosso corpo.
Como consequ�ncia, primeiro se tem o surgimento de manchas vermelhas e incha�o local, caracter�stico do in�cio do processo inflamat�rio advindo da destrui��o das c�lulas basais. Em seguida, tem-se o ressecamento da pele como efeito dos radicais livres nas gl�ndulas seb�ceas, reduzindo a lubrifica��o da pele e favorecendo a descama��o seca.
Com a continuidade do tratamento, estes sintomas se agravam. H� uma diminui��o intensa de c�lulas da camada mais profunda o que faz com que n�o haja mais c�lulas da superf�cie, desencadeando em uma descama��o sem renova��o celular. Isso leva a sintomas dolorosos tais como descama��es �midas intensas, exposi��o da derme (pele em carne viva), ulcera��es vigorosas e, raramente, necrose das camadas mais profundas da pele.
Como as causas dos sintomas relacionados � radiodermatite se baseiam na oxida��o de tecido, inflama��o e morte celular, � de suma import�ncia a utiliza��o de cremes com a��o anti-inflamat�ria e antioxidante para conter o processo oxidativo dos radicais livres em excesso e proteger as c�lulas basais. Formula��es contendo extratos naturais podem ser grandes aliados na sa�de dessa pele que sofrer� com a radioterapia.
Alguns extratos que j� t�m seu efeito dermoprotetor descritos na literatura cient�fica s�o, entre outros: �leo de girassol e rosa mosqueta, que promovem uma alta hidrata��o na pele; alanto�na e o extrato de hamamelis t�m grande poder anti-inflamat�rio; tocoferol (vitamina E) e alfa bisabolol, que atuam como potentes antioxidantes; e extrato de centella asi�tica e cal�ndula se mostraram importantes para aumentar a taxa de cicatriza��o em modelos de pele humana, sugerindo forte a��o regenerativa nas principais c�lulas da pele, os queratin�citos e fibroblastos.
Por fim, vale destacar que qualquer processo al�rgico em peles que passam por radioterapia pode ocasionar um agravamento dos sintomas. Por isso, � extremamente importante a utiliza��o de produtos livres de alerg�nicos como parabeno, ess�ncias e corantes em prepara��es cosm�ticas que ser�o utilizadas como coadjuvantes no tratamento oncol�gico por radia��o.