
Crescimento empobrecedor ocorre quando uma multinacional decide vir para o pa�s para alcan�ar seu mercado consumidor, uma vez que as barreiras � importa��o de seus produtos externos inviabilizam sua comercializa��o local.
Assim, as multinacionais se instalam nesse mercado e passam a produzir localmente, por�m gerando produtos com caracter�sticas inferiores �queles equivalentes no mercado internacional. No final, acabam construindo reserva de mercado favorecida pelas mesmas barreiras que antes as impediam de importar. �timo exemplo s�o carros produzidos nacionalmente comparados aos similares internacionais, que al�m de tecnologicamente inferiores, s�o ainda mais caros.
Assim, as multinacionais se instalam nesse mercado e passam a produzir localmente, por�m gerando produtos com caracter�sticas inferiores �queles equivalentes no mercado internacional. No final, acabam construindo reserva de mercado favorecida pelas mesmas barreiras que antes as impediam de importar. �timo exemplo s�o carros produzidos nacionalmente comparados aos similares internacionais, que al�m de tecnologicamente inferiores, s�o ainda mais caros.
Brasil tem um resultado elevado do Produto Interno Bruto (PIB) e med�ocre em sua performance exportadora. O resultado acumulado dos cinco primeiros meses da Balan�a Comercial brasileira � fruto sobretudo do crescimento de 58,2% das exporta��es da ind�stria extrativa mineral e 31,3% da agropecu�ria, e muito menos da ind�stria de transforma��o, com 19,6%, o que endossa os argumentos de Bacha.
O economista Edmar Bacha escreveu, no �ltimo 31/05, artigo no jornal Valor Econ�mico (Por que a ind�stria n�o exporta?) remontando ao conceito de crescimento empobrecedor para explicar porque o A pauta exportadora da ind�stria de transforma��o n�o teve, como j� ocorre h� tempos, nenhuma representatividade nos grupos de alta e m�dia-alta intensidade tecnol�gica – que significam n�veis mais elevados de investimento em pesquisa e desenvolvimento. Extrativa mineral e agropecu�ria comp�em os grupos de m�dia-baixa e baixa intensidade tecnol�gica, respectivamente, e t�m sido extremamente favorecidos pela retomada da atividade econ�mica mundial e seus aumentos de pre�os no mercado internacional.
Nossa pauta exportadora diz muito sobre nosso est�gio tecnol�gico de desenvolvimento. Seguimos tentando inventar estranho modelo em que o setor privado assuma as r�deas da atividade econ�mica, mas mantidos protecionismos e barreiras que n�o estimulam nem a concorr�ncia nem o investimento em pesquisa e desenvolvimento, al�m de criarem falsas percep��es de avan�o e desenvolvimento econ�mico. Vibrar com o resultado do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre e da Balan�a Comercial nos cinco primeiros meses do ano soa pura aposta pol�tica de curto prazo.
Mas o curto prazo tamb�m traz preocupa��es e desafios nada desprez�veis. A crise h�drica que se aproxima servir�, dentre outras coisas, para produzir impacto ainda mais forte sobre os pre�os da energia para o consumidor final, al�m de riscos de racionamento de �gua e potenciais preju�zos tanto � agropecu�ria quanto ao turismo. Enfim, a crise h�drica far� estragos no segundo semestre de 2021.
Com cen�rio econ�mico incerto e em meio � vacina��o desordenada e lenta, o pa�s vai adentrar no segundo semestre com o desafio de reaquecer a demanda interna, lembrando que seu n�vel de desemprego dos tr�s primeiros meses do ano � de 14,7% e sua pol�tica assistencial bem menos robusta que a de 2020.
John B. Taylor, ex-secret�rio do Tesouro americano e professor da Universidade de Stanford, publicou, na plataforma Project Syndicate, em 02/06, artigo intitulado The Stimulus didn’t work, again (Os est�mulos n�o funcionam, novamente) mostrando que os est�mulos � economia americana atrav�s de programas de aux�lio de renda t�m tido efeito bem maior sobre a poupan�a do que sobre o consumo.
No Brasil, o aux�lio emergencial em 2020 gerou parcialmente o efeito verificado na economia americana, com aumento da poupan�a, mas � bem prov�vel que em 2021 o consumo se d� via redu��o da poupan�a pessoal e n�o se sustente em 2022.
No Brasil, o aux�lio emergencial em 2020 gerou parcialmente o efeito verificado na economia americana, com aumento da poupan�a, mas � bem prov�vel que em 2021 o consumo se d� via redu��o da poupan�a pessoal e n�o se sustente em 2022.
O artigo Another reason why unemployment can remain high even in a recovery (Outra raz�o por que o desemprego permanece alto mesmo na recupera��o) publicado na �ltima edi��o (02/06) da revista The Economist, apresenta o conceito de “desemprego contagioso” como explica��o adicional para justificar a perman�ncia do desemprego elevado mesmo ap�s retomada da atividade.
O conceito de desemprego contagioso evidencia, na pr�tica, que o custo de recrutamento para as empresas, contrariamente ao que preconiza a teoria, torna-se mais elevado em momentos de retomada da atividade.
Pesquisa americana recente indica que as pessoas desempregadas enviam dez vezes mais solicita��es de emprego que aquelas empregadas que desejam trocar de emprego e t�m uma taxa de sucesso por aplica��o de menos da metade do que aquela verificada para pessoas que querem mudar de emprego. Enfim, trocar de emprego � muito mais f�cil que se reempregar, mesmo em tempos de retomada.
Pesquisa americana recente indica que as pessoas desempregadas enviam dez vezes mais solicita��es de emprego que aquelas empregadas que desejam trocar de emprego e t�m uma taxa de sucesso por aplica��o de menos da metade do que aquela verificada para pessoas que querem mudar de emprego. Enfim, trocar de emprego � muito mais f�cil que se reempregar, mesmo em tempos de retomada.
O desemprego contagioso gera efeito perverso sobre a perspectiva das pessoas mais afetadas pela fraca atividade econ�mica, culminando no crescimento do contingente de pessoas desalentadas – aquelas que acabam por desistir de buscar trabalho, embora estejam dispon�veis.
No Brasil, dentre as pessoas de 14 anos de idade e mais fora da for�a de trabalho, mas que podem compor o contingente de pessoas em idade de trabalhar, o grupo das desalentadas tem subido continuamente, desde o segundo trimestre de 2014, quando ainda representavam 2,3% daquele total e atualmente alcan�aram o n�vel de 7,8%.
No Brasil, dentre as pessoas de 14 anos de idade e mais fora da for�a de trabalho, mas que podem compor o contingente de pessoas em idade de trabalhar, o grupo das desalentadas tem subido continuamente, desde o segundo trimestre de 2014, quando ainda representavam 2,3% daquele total e atualmente alcan�aram o n�vel de 7,8%.
Parece ir�nico, mas em tempos em que usar m�scaras virou ant�doto para sobreviv�ncia, o desempenho de nossa pauta exportadora sem participa��o relevante de produtos com maior intensidade tecnol�gica continua mascarando os conceitos de crescimento empobrecedor e desemprego contagioso, invisivelmente espraiados em nossa economia.