
A divulga��o dos dados de produ��o f�sica da ind�stria, na �ltima sexta-feira (02/07), refor�a a no��o de que a recupera��o da atividade econ�mica industrial, em 2021, ainda est� mais para reposi��o das perdas acumuladas em decorr�ncia da pandemia do que para retomada mais contundente.
O �ndice da produ��o f�sica da ind�stria extrativa, mesmo com ventos favor�veis vindos da demanda externa, mant�m-se muito distante daqueles de fins de 2013, per�odo que antecedeu a mais longa crise econ�mica do Brasil neste s�culo.
O �ndice da produ��o f�sica da ind�stria extrativa, mesmo com ventos favor�veis vindos da demanda externa, mant�m-se muito distante daqueles de fins de 2013, per�odo que antecedeu a mais longa crise econ�mica do Brasil neste s�culo.
Alguns aspectos importantes, levantados nesse espa�o, em an�lises anteriores, e refor�ados pela reportagem do O Globo, dizem respeito ao despreparo da m�o de obra m�dia brasileira, respons�vel pelo maior contingente de vagas no mercado de trabalho: no Brasil, somente 11% dos estudantes se formam no ensino t�cnico ante 42% nos pa�ses da Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE); e o retorno em sal�rio, para quem tem o ensino m�dio, no pa�s, teve recuo de 58% nos �ltimos 18 anos.
A taxa de desemprego, estimada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua (Pnad-C), manteve-se em 14,7% para o trimestre de fevereiro a abril deste ano, mas alguns dados adicionais foram agravados, como a massa de rendimentos real e o aumento relativo da participa��o das mulheres na composi��o do desemprego no pa�s. A diferen�a entre homens e mulheres come�ou a aumentar no primeiro trimestre de 2019 e acentuou-se recentemente.
Descontando-se os efeitos inflacion�rios, a massa de rendimentos, nesse mesmo trimestre, foi 5,4% inferior � de igual per�odo do ano anterior, o que torna ainda mais preocupante se pensarmos que, em abril de 2020, efeitos negativos sobre os rendimentos dos trabalhadores j� come�avam a se fazer presentes.
Perdas na massa de rendimentos real podem significar tamb�m redu��es na renda m�dia das pessoas que estavam ocupadas na �poca da pesquisa. Os dados da �ltima Pnad-C indicam que a renda m�dia real das pessoas que atualmente trabalham � de R$2.532, valor este muito pr�ximo daquele verificado nos meses mais graves da pandemia, em 2020. At� a �ltima pesquisa da Pnad-C, podemos afirmar que ainda n�o haviam sinais nem de arrefecimento do desemprego nem de melhoria da renda das pessoas ocupadas.
O 12º Relat�rio da Riqueza Global 2021 (Global Wealth Report) do banco Credit Suisse, estudo realizado por tr�s economistas com vasta experi�ncia na �rea de renda e riqueza, aponta resultados pouco animadores para a perspectiva da maioria da popula��o mundial.
O n�mero de milion�rios, equivalente a 1,1% dos mais ricos, aumentou em 5,2 milh�es de pessoas, entre 2000 e 2020, e concentrou 45,8% da riqueza mundial. Dentro desse seleto grupo de 56 milh�es de adultos, houve crescimento de 24% no n�mero de “ultra-ricos”, sendo considerada a maior taxa de crescimento desde 2003. Logo abaixo, com riqueza entre 100.000 e 1 milh�o de d�lares, o equivalente a cerca de 500 mil e 5 milh�es de reais, encontravam-se 11,1% da popula��o mundial.
O n�mero de milion�rios, equivalente a 1,1% dos mais ricos, aumentou em 5,2 milh�es de pessoas, entre 2000 e 2020, e concentrou 45,8% da riqueza mundial. Dentro desse seleto grupo de 56 milh�es de adultos, houve crescimento de 24% no n�mero de “ultra-ricos”, sendo considerada a maior taxa de crescimento desde 2003. Logo abaixo, com riqueza entre 100.000 e 1 milh�o de d�lares, o equivalente a cerca de 500 mil e 5 milh�es de reais, encontravam-se 11,1% da popula��o mundial.
Na base da pir�mide, o estudo estimou em 55% a popula��o adulta mundial – dois bilh�es e oitocentos e setenta e nove milh�es de pessoas -, cuja riqueza era inferior a 10 mil d�lares – cerca de R$ 50 mil. O resultado mais interessante, e que mais deveria despertar aten��o do Brasil, diz respeito ao meio da pir�mide: na faixa entre 10 mil e 100 mil d�lares de riqueza, equivalente a R$ 50 mil e R$ 500 mil, estavam 32,8% da popula��o adulta. Essa faixa passou de 507 milh�es de pessoas, em 2000, para 1,7 bilh�o, em 2020, como reflexo, sobretudo, do crescimento pr�spero da China, promovendo expressiva eleva��o da riqueza de parte de seus cidad�os.
A massa de rendimentos e a renda m�dia n�o t�m rela��o direta com a acumula��o de riqueza, mas podem dar pistas da propens�o e da capacidade de acumula��o de riqueza dos indiv�duos. Em um pa�s cuja renda m�dia mensal de seus trabalhadores � da ordem de R$2.500, como o Brasil, as chances de parcela expressiva da popula��o estar na base da pir�mide de riqueza � bem elevada.
Na verdade, a chance de transfer�ncia de indiv�duos da parte intermedi�ria da pir�mide para sua base, dados os anos recessivos e a falta de recupera��o estrutural da atividade econ�mica, parece bem clara. Enquanto a China se expande e consegue promover parte de sua sociedade, o Brasil segue movimento inverso, com desemprego em alta e atividade econ�mica sinalizando situar-se pouco acima dos n�veis de reposi��o das perdas rec�m-acumuladas.
O relat�rio do Credit Suisse trouxe outra not�cia nada f�cil para os milion�rios brasileiros: em 2020, o Brasil figura como o pa�s que mais perdeu pessoas no topo da pir�mide mundial de riqueza pessoal – 108.000. O enfraquecimento do real frente ao d�lar foi o grande respons�vel por esse resultado.
Mesmo perdendo milion�rios comparativamente aos demais pa�ses, internamente, a parcela da riqueza total do pa�s detida pelo 1% da sua popula��o aumentou de 46,9% para 49,6%, entre 2019 e 2020. Por esse motivo, o Brasil conseguiu aumentar a diferen�a entre os mais ricos e os mais pobres, liderando mundialmente as desigualdades entre os 50 pa�ses selecionados para o estudo.
N�o querendo diminuir os estruturais e vergonhosos resultados socioecon�micos do Brasil, extra�, das an�lises do relat�rio do Credit Suisse, pistas sobre a perversa e ingl�ria luta pela sobreviv�ncia dos cidad�os chineses. Embora venha promovendo ascens�o de pessoas da base para o meio da pir�mide de riqueza pessoal, a China tamb�m tem avan�ado, a passos largos, na diferen�a entre os mais ricos (topo) e os mais pobres (base).
Os modelos econ�micos capitalistas, “h�brido” como o chin�s e “puro” como o das economias desenvolvidas, continuam desafiadores para 55% da popula��o mundial adulta, fatia majorit�ria que comp�e a pir�mide de riqueza mundial e que tem engrossado o caldo das disparidades entre base e topo. Para abrir ainda mais o leque dessa reflex�o, sugiro aos leitores conhecerem o IFEP - �ndice Folha de Equil�brio Racial, desenvolvido por tr�s economistas do Insper. As disparidades tamb�m t�m cor e regi�o.