
Rodrigo Pacheco � daqueles casos raros de carreira mete�rica impressionante num meio em que n�o se sobe s� por ter dinheiro para bancar uma campanha milion�ria. � preciso ajudar a sorte com o tipo de preparo necess�rio para estar pronto quando a oportunidade aparece.
Em oito anos, saiu de professor e advogado semi obscuro, com atua��o de algum destaque na OAB e no conselho federal da Ordem, a
presidente do Senado e
candidato potencial a presidente da Rep�blica.
Advogado de brilho de r�us do Mensal�o, do tipo que domina a alquimia de colocar culpados dentro da lei, nadava num Congresso aparvalhado com a devasta��o da Lava Jato sobre a classe pol�tica em sua melhor fase.
Foi determinante para fulminar a famosa proposta de Dez Medidas Contra a Corrup��o, dos procuradores da opera��o, e, posteriormente, livrar o presidente Michel Temer de dois processos de impeachment. Com o talento alquimista de n�o parecer que estava contra.
N�o h� uma s� entrevista em que tenha combatido a proposta ou o processo. Da mesma forma que nunca pareceu combater o projeto de lei que ajudou a derrubar, que reduzia de 15 para 10 anos o prazo de troca da frota das empresas de �nibus, em que estavam os interesses de sua fam�lia, empres�rios da �rea.
Foi o misto de sorte e preparo que tamb�m o colocou � frente da campanha pelo Senado em Minas, depois de um terceiro lugar na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, em 2016, e ter tido o tiroc�nio de deixar o MDB de muitos caciques em dire��o ao DEM.
Navegou na paisagem desolada de falta de boas op��es para concorrer contra a candidatura de Dilma Rousseff, fulminada de morte desde a primeira hora pelo desgaste monumental do PT, vulner�vel at� mesmo a um novato de boa ficha.
Foi com o mesmo bafejo da sorte com o esp�rito de alquimista que levou a presid�ncia do Senado, ao sinalizar que poderia fazer alguma coisa para a maioria preocupada com a Justi�a. Sobretudo o presidente da Rep�blica �s voltas com os processos contra a fam�lia, inclusive e principalmente o do senador Fl�vio, sob a perspectiva � �poca de ter o mandato cassado.
Descontada a alquimia, a sorte e o preparo, n�o se sobe t�o r�pido sem alta compet�ncia articulat�ria que esse filho de Porto Velho crescido em Passos quer levar para a campanha presidencial como atributo de mineiro, a ra�a de pol�ticos identificados com concilia��o.
Lan�ou-se evocando Juscelino Kubitscheck e Tancredo Neves, os paradigmas de pol�tico em que a articula��o precede o resultado, na aposta de que � o melhor recurso de marketing para apaziguar um pa�s conflagrado que vai chegar �s elei��es em guerra.
Pode ser que seja bem-sucedido, aben�oado pelos dons e os anjos da sorte que n�o lhe largam, mas pela primeira vez ter� que responder a uma pergunta ingrata para os candidatos a cargo executivo: o que fez at� agora?
A resposta desconfort�vel � "nada" do ponto de vista da expectativa comum dos eleitores, que votam para prefeito, governador ou presidente avaliando o curr�culo do que se possa visualizar nas ruas, nas f�bricas ou no bolso: obras, empregos, melhoria de vida. Sobretudo nessa elei��o em que se vai pedir muita experi�ncia.
Os candidatos mais potenciais s�o executivos de alta carga de servi�o prestado, presidente, governadores, ex-governador ou ex-presidente. O que tem menos e por isso menos chances, S�rgio Moro, apoia-se entretanto num recall poderoso de ter mandado para a cadeia os poderosos que o ide�rio popular adora odiar.
Com sua proje��o no segundo mais alto posto da Rep�blica, Rodrigo Pacheco notabilizou-se mais pelo que impediu o presidente de fazer — voto impresso,
regula��o das redes sociais,
impeachment de Alexandre de Moraes e aprova��o de um ministro terrivelmente evang�lico — do que pelo poderia ter feito de resultados concretos para a popula��o.
Empacou as reformas do
Imposto de Renda e do texto que viabilizaria a privatiza��o dos Correios. Na melhor oportunidade que teve de dar � sociedade um resultado palp�vel, n�o conseguiu ou n�o quis articular o necess�rio para aprovar a
minirreforma que criaria bons milhares de empregos tempor�rios, num pa�s em crise profunda.
N�o por convic��o contra a suspens�o de exig�ncia das obriga��es trabalhistas nesses casos, porque votara a favor da maior e mais pertinente reforma de objetivos semelhantes, no governo Temer. E nem certamente por capacidade de articula��o, j� devidamente provadas nessa biografia curta e retumbante.
Vai para a elei��o com o azar de apresentar um balan�o de coisas ruins de engolir pelo eleitorado, se conseguir emplacar o que ainda lhe falta entregar: aumento de impostos, venda de estatais, freios e contrapesos ao presidente meio maluquete.
Pode ser que use sua alquimia misturada � mandinga m�gica articulat�ria para transformar seu curr�culo de vacuidades num ativo eleitoral.
Poder de concilia��o e articula��o, s�? E at� que ponto, se n�o conseguir aprovar a maioria que lhe foi entregue? Como dizer que podia faz�-lo, mas n�o quis?
Vai ser at� divertido descobrir como. At� onde sei, n�o � f�cil.
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