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Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

Sequestro em BH: por que estava solto, afinal, um psicopata como aquele?

Enquanto isso, em Bras�lia, condom�nios fechados, carros blindados e seguran�as armados n�o faltam; abundam


22/09/2022 12:14 - atualizado 22/09/2022 13:12

Menino recebido pelos familiares com emoção
Menos mal: drama poupa vida de crian�a (foto: PMMG/Reprodu��o)
Dentre as muitas enrascadas pol�ticas, sociais e econ�micas em que se meteu o Brasil, principalmente ap�s a segunda metade da d�cada de 1950, a escalada da viol�ncia urbana talvez seja, ao lado da extrema desigualdade social e do absoluto desleixo com a Educa��o, o maior dos nossos dramas.

Anos ap�s ano, d�cada ap�s d�cada, a selvageria foi sendo inoculada aos poucos, em doses homeop�ticas, como um v�rus que chega para ficar, causando toda sorte de males, por�m, sem jamais exterminar seu hospedeiro, afinal, v�rus n�o � um ser vivo, n�o morre, mas seu “DNA” � programado para prevalecer.

Tenho 55 anos e passei minha inf�ncia em Bras�lia, onde nasci. Por l�, at� mesmo por conta do regime militar, n�o havia viol�ncia. Mudei-me com 10 anos para Belo Horizonte, e o m�ximo que havia eram “pivetes”, com canivetes “inocentes” a nos assustar nas ruas. D�cadas depois, os pivetes se tornaram bandidos armados at� os dentes.

A sociedade brasileira foi se acostumando com arrast�es, pistolas e at� fuzis. Guerra de gangues, no Rio de Janeiro, agora � na base de foguetes (pequenos m�sseis) disparados dos morros. Estupro, tr�fico, assassinato, “novo canga�o”, basta ler as manchetes di�rias - sim!, di�rias - que o sangue jorra farto pelas telas.

PSICOPATAS � SOLTA

A psicopatia � inerente ao ser humano. Desde os prim�rdios existia, existe e existir�. N�o se trata disso minha abordagem. Contudo, a psicopatia pode ser, sen�o controlada, ao menos, digamos, “domesticada”. Educa��o, preven��o, controle e, n�o sendo eficazes quaisquer destas medidas, aprisionamento e tratamento severos e duradouros.

Eis a�, portanto, a quest�o e o objetivo deste texto. O que fazemos, como na��o (sociedade civil e poder p�blico), neste sentido? Educamos, prevenimos, punimos? A resposta � sabida por todos: n�o! Os mais de 50 mil assassinatos por ano s�o auto explicativos. Neste caso espec�fico, o psicopata estava � solta; por qu�? Quem o soltou?

Para quem n�o sabe, o selvagem havia sido condenado por um feminic�dio anterior, quando enforcou uma mulher com o pr�prio suti� e ainda, n�o satisfeito, introduziu um rato em sua boca. Condenado a 14 anos de pris�o em 2008, ganhou mais cedo as ruas por decis�o judicial. Estava em liberdade condicional. Livre, assim, para matar outra vez.

O sistema carcer�rio brasileiro n�o reabilita ningu�m. Ao contr�rio. � uma produ��o em s�rie e em grande escala de criminosos. O garoto entra como “avi�ozinho do tr�fico” e sai como traficante. Entra como ladr�o e sai como chefe de quadrilha. Entra como “lobo solit�rio” e sai como membro de fac��o do crime organizado.

CRIME ORGANIZADO

Sim, no Brasil surgiu, h� d�cadas, o crime organizado. E o nome � pr�prio e prop�cio, pois funciona como as melhores empresas, com organogramas e governan�a corporativa. Pior. Vem introduzindo representantes nas c�maras municipais, assembleias estaduais e no Congresso Nacional. Aos poucos, pois, vem tendo participa��o pol�tica.

Querem um exemplo crasso e irrefut�vel: a quest�o das armas. Desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, o n�mero de armas em circula��o explodiu. Com a desculpa dos tais CACs (Colecionador, Atirador e Ca�ador), a compra, a posse e o porte foram facilitados tremendamente. Estou chamando o presidente e os congressistas de criminosos?

Bem, n�o me atreveria a tanto, mas, sim, s�o, no m�nimo, facilitadores do crime organizado. Decretos presidenciais, por ora suspensos por decis�o do STF (Supremo Tribunal Federal), n�o apenas permitem a compra indiscriminada de dezenas de armas e de milhares de muni��es por CAC, como pro�bem at� mesmo o rastreio deste arsenal.

� isso mesmo! O Ex�rcito n�o pode nem sequer rastrear o destino disso tudo. Ali�s, instado a se posicionar, disse que para controlar todo esse armamento, que saltou, em 3 anos, de 300 mil pe�as para mais de 1.1 milh�o, precisaria de 12 homens (doze), por 180 dias, trabalhando na quest�o. Mas o Ex�rcito, tadinho, n�o disp�e de tamanho efetivo.

LABIRINTO SEM FIM

O crime organizado conta, hoje em dia, portanto, com fornecimento oficial, ou melhor, oficializado de armamento e muni��o. Ou algu�m acredita que milh�es de armas, inclusive fuzis, e dezenas de milh�es de balas de todos os calibres, est�o mesmo sendo utilizados apenas nos clubes de tiro e/ou para ca�ar coelhos e pardais?

Historicamente, partidos de esquerda sempre se manifestam contra as Pol�cias e o Poder Judici�rio, ao mesmo tempo em que “abra�am” os criminosos, invocando o famoso “Direito dos Mano” (Direitos Humanos), preferindo cuidar dos agressores e n�o das v�timas. No caso dos feminic�dios � ainda pior, pois parte da sociedade culpa as pr�prias mulheres.

O brasileiro, sen�o por natureza, tornou-se um povo bruto, violento. Agredimos uns aos outros por tudo - e por nada! Uma discuss�o besta de tr�nsito termina com uma bala no peito. Uma discord�ncia pol�tica termina numa facada mortal. Um jogo de futebol termina com uma barra de ferro na cabe�a. Uma discuss�o de bar termina em morte.

E tudo isso ocorre ao arrepio das leis que, ainda que brandas, existem. Por�m, ou n�o s�o aplicadas ou s�o aplicadas com m�xima parcim�nia. E quando s�o, no decorrer dos poucos anos de puni��o, acabam sendo relaxadas. � um c�rculo perverso e vicioso, que s� traz dor e desesperan�a para todos. Ou melhor, para quase todos.

ENCERRO

Eu n�o defendo justi�amento, viol�ncia policial ou “vistas grossas” da Justi�a para excessos investigat�rios e processuais. N�o sou a favor da pena de morte (sou pela pris�o perp�tua). Mas n�o h� como permitirmos, indefinidamente, este estado miser�vel de selvageria em que nos encontramos, sob pena de a barb�rie, um dia, se tornar incontrol�vel.

Enquanto isso, em Bras�lia, condom�nios fechados, carros blindados e seguran�as armados n�o faltam; abundam. E milh�es de brasileiros ainda tratam estes “seres de Marte”, pois da Terra n�o s�o, como �dolos e mitos. � de chorar, viu? Fui. Por ora. Volto mais tarde.

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