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Estado de Minas GEOPOL�TICA

O Ir� antes da Revolu��o Isl�mica (parte 1)

'A serpente muda de pele, n�o de natureza', prov�rbio persa


21/06/2021 06:00

(foto: AFP / Atta KENARE)
(foto: AFP / Atta KENARE)
O Ir�, localizado no Oriente M�dio, sempre foi uma pe�a crucial em uma das regi�es mais estrat�gicas para o ocidente no grande tabuleiro geopol�tico mundial. A localiza��o geogr�fica do pa�s explica muitos elementos de sua import�ncia geopol�tica.

O territ�rio dif�cil pode ser resumido como um deserto de grande altitude, rodeado por montanhas, no meio de uma zona s�smica muito inst�vel, que funciona como uma fortaleza natural.

O pa�s � rico em petr�leo, descoberto no litoral do Golfo P�rsico em 1908, estava no cruzamento da Rota da Seda entre o mundo turco e o mundo indiano-chin�s e a estrada que conecta o mundo russo ao Oriente M�dio.

A terra iraniana foi palco de muitas espiritualidades, como o Zoroastrismo, Mazde�smo, Mitra�smo, entre outros. Hoje � habitada por mu�ulmanos xiitas, que defendem uma leitura espiritual do Cor�o (os sunitas s�o defensores de uma leitura literal do texto sagrado).

� uma civiliza��o antiga, formadas por diferentes povos, em especial os arianos, que serviu de base para o nome atual do pa�s (sem rela��o com os arianos nazistas). Desde tempos remotos, foi uma importante engrenagem dos interesses geoestrat�gicos que coordenavam as rela��es mundiais.

O passado foi marcado por momentos divergentes, de gl�ria e domina��o. Mas o S�culo XX foi o da desilus�o para a na��o iraniana em forma��o.

Os iranianos buscaram a modernidade. No in�cio do s�culo passado (1906), manifesta��es populares destitu�ram o monarca e uma nova constitui��o parlamentar foi estabelecida, por um curto tempo. A interfer�ncia estrangeira da R�ssia (1911) minou esse plano.

Durante a Primeira Guerra, mesmo tendo se declarado neutro, o Ir� tornou-se um campo de batalha para russos, brit�nicos, alem�es e franceses. Mesmo n�o participando da guerra, o pa�s saiu machucado e traumatizado com a ocupa��o.

A Inglaterra busca se estabelecer por l�, ap�s a Primeira Grande Guerra (1914-1918), principalmente. Quando a frota brit�nica mudou do carv�o para o petr�leo em 1912, a presen�a brit�nica tornou-se uma prioridade militar.

A princ�pio, toda essa interfer�ncia n�o foi vista como negativa por parte da elite. Chegaram a sonhar que tamb�m eles teriam acesso a um sistema pol�tico em que a justi�a social, a igualdade dos cidad�os e as liberdades fundamentais fossem respeitadas. Para eles, a Europa era a fonte dos direitos democr�ticos e os europeus s� podiam ajud�-los. Ledo engano. As reais inten��es europeias eram outras, como se veria ao longo do tempo.

O governo iraniano estava impotente ao findar a guerra. As rebeli�es internas permaneciam, a Gripe Espanhola causava devasta��o e as estradas eram saqueadas. Algumas tentativas de fortalecimento pol�tico interno fracassaram. Ainda assim, os iranianos acreditavam que seriam capazes de se organizar por si mesmos para a reconstru��o de um estado, sem a interfer�ncia de nenhuma pot�ncia externa.

Entretanto, essa cren�a nacionalista foi abalada em 1919, com o an�ncio de um acordo anglo-persa, que garantia aos brit�nicos o controle total sobre a organiza��o de um ex�rcito unificado, sobre a reforma das finan�as e da administra��o. A resist�ncia da opini�o publica impediu a ratifica��o desse acordo.

Todo o empenho popular n�o impediu o golpe de Estado dois anos depois. Duas for�as se uniram para o sucesso desse golpe: uma pol�tica e outra militar.

Seyyed Ziya, um jornalista que nunca escondeu sua anglofilia e havia implorado fortemente pela aceita��o no Ir� do Acordo Anglo-Persa, estava convencido de que os persas n�o conseguiriam nada sem o apoio externo brit�nico; para ele, nem os franceses nem os americanos poderiam colaborar com um desfecho pol�tico-econ�mico bem sucedido.

Foi Ziya que articulou a ascens�o de Reza Khan, em 1921(apoiado pelos ingleses). Khan, um ex-oficial, com centenas de soldados, chegou a Teer� foi declarado comandante em chefe.

Na sequ�ncia, um ambicioso programa de reformas de combate � corrup��o foi implementado. Silenciosamente, o acordo anglo-persa foi reestabelecido.

O novo l�der aterrorizou o Ir� e seu povo (at� entregar a sucess�o ao seu filho, Mohamad Reza Shah, em 1941, que seguir� com o mesmo regime de viol�ncia), incluindo antigos aliados pol�ticos, que foram demitidos, presos, envenenados. Ziya, foi expulso, tr�s meses depois, para a Inglaterra.

As pretens�es de Reza Khan, um quase analfabeto, eram de puro autoritarismo desp�tico. Em 1926, ele foi coroado X� (depois de destronar os Qajars, 1925), com o nome de Reza Shah Pahlavi.

A Inglaterra monitorava, a dist�ncia, tudo que ocorria. Mesmo que as pr�ticas violentas adotadas pelo novo l�der n�o tivessem amplo apoio ingl�s, pois era necess�rio garantir os interesses fundamentais da Coroa. Assim, optaram por apoi�-lo.

Em 1933, quando o Ir� renegociava a concess�o de petr�leo na regi�o, o X� capitulou perante a intimida��o da Anglo-Persian Oil Company (posteriormente British Petroleum-BP), que havia recebido o direito sobre o petr�leo antes da descoberta do recurso, em 1908 e, de saberem a import�ncia que um dia teria. Isso n�o foi alterado e a concess�o foi mantida, mesmo com parcos ganhos destinados ao governo persa.

O X� buscava estabelecer uma pol�tica reformista paralela �quela praticada por Mustapha Kemal, na Turquia, mas por meios distintos. A dinastia dos Pahlavi for�ava as reformas no Ir�, enquanto na Turquia o governo buscava antes convencer a popula��o da relev�ncia das mudan�as.

De acordo com os historiadores, as reformas foram postas em pr�tica pelo novo X�. O c�digo civil, conclu�do em 1928, estabelecia que o cidad�o fosse julgado nos tribunais, com magistrados, obrigatoriamente, laicos.

Na educa��o p�blica, o secularismo ganhava terreno em detrimento do ensino religioso.

Em 21 de mar�o de 1935, exigiu que os pa�ses ocidentais deixassem de chamar seu pa�s pelo nome de P�rsia, para dar-lhe o nome, que se tornou um s�mbolo do nacionalismo, do modernismo e da independ�ncia, Ir�. Essa mudan�a desagradou parte dos intelectuais.

No entanto, a ocidentaliza��o chegou ao extremo, para alguns, ao rid�culo.  Ao padronizar os trajes dos iranianos, Reza Shah tornou obrigat�rias as roupas europeias.  A proibi��o do v�u �s mulheres iranianas, decidida em 1936, longe de ter sido uma a��o modernizadora, fez com que muitas mulheres n�o ousarem sair de casa.

O regime do X� foi tir�nico. A constitui��o era uma fachada paras as pr�ticas de corrup��o comuns no governo. Como em todas as tiranias, a imprensa livre se foi. A brutalidade da ditadura frustrou as experi�ncias de reforma, esmagando todas as aspira��es democr�ticas.

Em 1936, o X� se aproximou dos nazistas. Reza Shah denotava total admira��o � personalidade centralizadora de Adolf Hitler. Quando os brit�nicos, preocupados com o avan�o dos ex�rcitos alem�es em dire��o ao Ir�, decidiram que a experi�ncia com os “nazis” j� havia durado o suficiente, em 1941, obrigaram Reza Shah a abdicar da invas�o militar e ir para o ex�lio. Seu filho Mohammad Reza Pahlavi o sucedeu.

Para os brit�nicos essa mudan�a trar� grandes altera��es...

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