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Estado de Minas GEOPOL�TICA

O valor do sil�ncio

'O sil�ncio � um amigo que nunca trai', Conf�cio


26/07/2021 06:00 - atualizado 26/07/2021 07:00

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(foto: Pixabay)
Falar � barato. Talvez por isso todos est�o se aproveitando do baixo custo da fala nos dias atuais, porque como se fala! A ideia da propriedade do conhecimento por todos faz do cotidiano uma enxurrada de falas, quase sempre desnecess�rias.

A m�xima 'a palavra � prata, mas o sil�ncio � ouro' n�o se aplica em tempos de redes sociais. As pessoas est�o confort�veis em emitir suas opini�es , mesmo sem conhecimento de causa. A possibilidade da op��o pelo sil�ncio n�o � considerada.

O sil�ncio e a fala formam um casal contrastante, cujos relacionamentos s�o, no entanto, mais matizados do que o simples cancelamento um do outro. H� uma emerg�ncia de se aprender a falar quando necess�rio, dizendo a coisa certa e da maneira certa.

Podemos pecar contra o sil�ncio tanto por excesso como por defeito: desde quem fala demais e quem nunca diz nada. N�o � f�cil determinar o que � mais conden�vel. Se a tagarelice do primeiro n�o � bem-vinda, a presen�a inerte do segundo � um fardo pesado para aqueles que com ele convivem. Aqueles que falam sem filtros, emitem julgamento, cr�ticas e condena��es indefinidamente ao outro. Quando silenciam, indicam desprezo ou desaprova��o ao pr�ximo.

Permane�a em sil�ncio quando n�o se deve falar.  Diga algo quando for necess�rio. Fale as coisas certas e nada mais: no momento, lugar e da forma que n�o fira o outro. �s vezes, parece mais f�cil mover montanhas que controlar bem a l�ngua. Mas exercite essa habilidade . Muitos agradecer�o.

Acredite na sua capacidade de cultuar o sil�ncio, t�o sagrado pelos fil�sofos ao longo da hist�ria. Tal pr�tica permitir� voltar-se para seu eu interior. A capacidade de saber se silenciar colabora com o desenvolvimento de sentimentos de respeito e estima aos demais.

Quando falar, fale a verdade. Evite ferir a autenticidade dos fatos dizendo o oposto do que se sabe ou acredita-se ser ver�dico. N�o afirme como certo o que � duvidoso. Isso pode acelerar julgamentos. O poder de julgar n�o se aplica a todos. N�o aprovar n�o nos habilita a sentenciar. Ent�o, assegure-se da exatid�o da informa��o. E, na melhor das op��es, cuide do que realmente interessa: sua vida. Basta !

Seja comedido com suas opini�es. Tenha clareza de que aquilo deve ser dito e, na d�vida , abstenha-se do seu ponto de vista. Algumas coisas, simplesmente, n�o carecem da sua posi��o. Silencie.

Seja prudente ao falar. Saiba sobre o assunto que vai dissertar para n�o surpreender ou mesmo escandalizar. Seja justo e mantenha o sil�ncio sobre o que pode prejudicar a reputa��o de outras pessoas e os bons relacionamentos. O contr�rio pode ser mortal .

Um pouco de humildade com as palavras que possam direta ou indiretamente nos superestimar . Nem sempre cabe a n�s a defini��o dos nossos adjetivos. A paci�ncia tamb�m � valiosa. � preciso aprender a calar as pequenas irrita��es do dia a dia: aprender a n�o reclamar, a n�o se queixar, a n�o ser consolado, a n�o se desculpar. Viva. Passa r�pido. Se poss�vel, n�o conte ao outro seus m�ritos. Nem todos v�o torcer por voc�.

Claro, h� sons que, simplesmente, s�o inevit�veis . A natureza emite seus ru�dos. As massas de ar diferentes quando se encontram geram turbul�ncias e, como resultado originam os trov�es. Assim como o chiado do ferro quente embebido em �gua fria simboliza o que n�o pode se calar. � o embate dos elementos de natureza oposta. � inevit�vel. Atente-se a frase de que os opostos se atraem nas rela��es humanas. Temo pelos barulhos que isso pode gerar. Busque algumas similaridades se deseja equil�brio e menos ru�dos.

H� sons humanos tamb�m inevit�veis: os gemidos de prazer, as palmas das m�os dos massagistas nos ombros, os gritos dos homens ao depilar (mais do que as mulheres), o nadador ao mergulhar, suspiros de amor e saudade...h� aqueles quase insuport�veis: carros em alta velocidade, os carpinteiros e pedreiros em seus trabalhos (com todo respeito � �rdua tarefa), teste de instrumentos em pot�ncia m�xima pelos seus usu�rios...

N�o tem como excluir todos os ru�dos. N�o se pode impor sil�ncio � natureza . Da mesma forma, o homem � naturalmente barulhento. Mas de todos os sons a comunica��o e a fala descontrolada representam o inferno da sociedade atual. Os "v�mitos verborr�gicos" se disseminam na era contempor�nea, nos esgotando cotidianamente, gerando um sentimento de exaust�o quase permanente.

Espera-se, com o tempo, que a sabedoria acabe por chegar.

O homem s�bio sabe que deve se sujeitar ao sil�ncio. Demonstra o dom�nio e quietude das suas paix�es internas. O homem ignorante esbraveja, grita, ofende. � um desequilibrado .

A l�ngua necessita de sentido e se enche de barulho. S� o sil�ncio diz sem comunicar. H� algo mais ensurdecedor que o de uma mensagem lida e n�o respondida ou da mentira contada sem uma defesa imediata?

Os poetas dizem que o sil�ncio prefere as noites. Mas a rec�m sociedade urbana (o mundo tornou-se urbano em 2006), repleto de ru�dos das metr�poles dificulta a poesia imposta pelo sil�ncio das noites nas cidades.

N�o desista, mesmo com obst�culos. Aproveite o sil�ncio da noite. Observe o silencioso "movimento" das estrelas, fonte de admira��o ilimitada por sua harmonia imut�vel. O "movimento estelar" � o lugar do sil�ncio. Permita-se. Deite-se ao ar livre e deixe as estrelas deslizarem suavemente. � durante a noite que o tumulto do dia d� lugar � calma e ao sil�ncio.

Sejamos simples amantes da serenidade e da ret�rica esvaziada de "conte�dos das palavras in�teis". A humanidade agradece.

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