
A m�xima 'a palavra � prata, mas o sil�ncio � ouro' n�o se aplica em tempos de redes sociais. As pessoas est�o confort�veis em emitir suas opini�es , mesmo sem conhecimento de causa. A possibilidade da op��o pelo sil�ncio n�o � considerada.
Podemos pecar contra o
sil�ncio
tanto por excesso como por defeito: desde quem fala demais e quem nunca diz nada. N�o � f�cil determinar o que � mais conden�vel. Se a tagarelice do primeiro n�o � bem-vinda, a presen�a inerte do segundo � um fardo pesado para aqueles que com ele convivem. Aqueles que falam sem filtros, emitem julgamento, cr�ticas e
condena��es
indefinidamente ao outro. Quando silenciam, indicam desprezo ou desaprova��o ao pr�ximo.
Permane�a em sil�ncio quando n�o se deve falar. Diga algo quando for necess�rio. Fale as coisas certas e nada mais: no momento, lugar e da forma que n�o fira o outro. �s vezes, parece mais f�cil mover montanhas que controlar bem a l�ngua. Mas exercite essa
habilidade
. Muitos agradecer�o.
Acredite na sua capacidade de cultuar o sil�ncio, t�o sagrado pelos
fil�sofos
ao longo da hist�ria. Tal pr�tica permitir� voltar-se para seu eu interior. A capacidade de saber se silenciar colabora com o desenvolvimento de sentimentos de respeito e estima aos demais.
Quando falar, fale a verdade. Evite ferir a autenticidade dos fatos dizendo o oposto do que se sabe ou acredita-se ser ver�dico. N�o afirme como certo o que � duvidoso. Isso pode acelerar julgamentos. O poder de julgar n�o se aplica a todos. N�o aprovar n�o nos habilita a sentenciar. Ent�o, assegure-se da exatid�o da informa��o. E, na melhor das op��es, cuide do que realmente interessa: sua vida.
Basta
!
Seja comedido com suas opini�es. Tenha clareza de que aquilo deve ser dito e, na
d�vida
, abstenha-se do seu ponto de vista. Algumas coisas, simplesmente, n�o carecem da sua posi��o. Silencie.
Seja prudente ao falar. Saiba sobre o assunto que vai dissertar para n�o surpreender ou mesmo escandalizar. Seja justo e mantenha o sil�ncio sobre o que pode prejudicar a reputa��o de outras pessoas e os bons relacionamentos. O contr�rio pode ser
mortal
.
Um pouco de humildade com as palavras que possam direta ou indiretamente nos
superestimar
. Nem sempre cabe a n�s a defini��o dos nossos adjetivos. A paci�ncia tamb�m � valiosa. � preciso aprender a calar as pequenas irrita��es do dia a dia: aprender a n�o reclamar, a n�o se queixar, a n�o ser consolado, a n�o se desculpar. Viva. Passa r�pido. Se poss�vel, n�o conte ao outro seus m�ritos. Nem todos v�o torcer por voc�.
Claro, h� sons que, simplesmente, s�o
inevit�veis
. A natureza emite seus ru�dos. As massas de ar diferentes quando se encontram geram turbul�ncias e, como resultado originam os trov�es. Assim como o chiado do ferro quente embebido em �gua fria simboliza o que n�o pode se calar. � o embate dos elementos de natureza oposta. � inevit�vel. Atente-se a frase de que os opostos se atraem nas rela��es humanas. Temo pelos barulhos que isso pode gerar. Busque algumas similaridades se deseja equil�brio e menos ru�dos.
H� sons humanos tamb�m inevit�veis: os gemidos de prazer, as palmas das m�os dos massagistas nos ombros, os gritos dos homens ao depilar (mais do que as mulheres), o nadador ao mergulhar, suspiros de amor e saudade...h� aqueles quase insuport�veis: carros em alta velocidade, os carpinteiros e pedreiros em seus trabalhos (com todo
respeito
� �rdua tarefa), teste de instrumentos em pot�ncia m�xima pelos seus usu�rios...
N�o tem como excluir todos os ru�dos. N�o se pode impor sil�ncio �
natureza
. Da mesma forma, o homem � naturalmente barulhento. Mas de todos os sons a comunica��o e a fala descontrolada representam o inferno da sociedade atual. Os "v�mitos verborr�gicos" se disseminam na era contempor�nea, nos esgotando cotidianamente, gerando um sentimento de exaust�o quase permanente.
Espera-se, com o tempo, que a
sabedoria
acabe por chegar.
O homem s�bio sabe que deve se sujeitar ao sil�ncio. Demonstra o dom�nio e quietude das suas paix�es internas. O homem ignorante esbraveja, grita, ofende. � um
desequilibrado
.
A l�ngua necessita de sentido e se enche de barulho. S� o sil�ncio diz sem comunicar. H� algo mais ensurdecedor que o de uma mensagem lida e n�o respondida ou da
mentira
contada sem uma defesa imediata?
Os poetas dizem que o sil�ncio prefere as noites. Mas a rec�m sociedade urbana (o mundo tornou-se urbano em 2006), repleto de ru�dos das metr�poles dificulta a
poesia
imposta pelo sil�ncio das noites nas cidades.
N�o desista, mesmo com obst�culos. Aproveite o sil�ncio da noite. Observe o silencioso "movimento" das estrelas, fonte de admira��o ilimitada por sua
harmonia
imut�vel. O "movimento estelar" � o lugar do sil�ncio. Permita-se. Deite-se ao ar livre e deixe as estrelas deslizarem suavemente. � durante a noite que o tumulto do dia d� lugar � calma e ao sil�ncio.
Sejamos simples amantes da serenidade e da
ret�rica
esvaziada de "conte�dos das palavras in�teis". A humanidade agradece.