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Estado de Minas SUELI VASCONCELOS

Vulc�es: a temida e fascinante for�a da natureza

Os vulc�es s�o fen�menos naturais fascinantes, que atraem o homem desde tempos remotos, e uma das manifesta��es mais evidentes da for�a da Terra


27/06/2022 06:00

Imagem de vulcão
Os vulc�es s�o admirados pela beleza, assustadoramente impactante, da lava ou dos fluxos pirocl�sticos liberados (foto: Pixabay/Divulga��o)
O planeta Terra tem uma idade estimada em 4,6 bilh�es de anos. A atividade vulc�nica nasceu ao mesmo tempo. Desde o in�cio dos tempos, as erup��es vulc�nicas acompanharam a hist�ria do planeta e, mais recentemente, a hist�ria da humanidade. 

Apesar de menos devastadoras e mort�feras que os terremotos, as erup��es, pela sua visibilidade e dimens�o extraordin�ria, e por vezes apocal�ptica, sempre marcaram profundamente as sociedades e civiliza��es. Acompanhados de sentimentos contradit�rios, pois, ao mesmo tempo que s�o temidos pela destrui��o que podem provocar, os vulc�es s�o admirados pela beleza, assustadoramente impactante, da lava ou dos fluxos pirocl�sticos liberados. 

Os eventos vulc�nicos s�o uma das for�as mais poderosas e imprevis�veis da Terra. Em tese, funcionam como as bombas-rel�gio do planeta, pois, apesar de sinalizarem uma iminente erup��o, com a intensifica��o dos abalos s�smicos na c�mara magm�tica, n�o � poss�vel determinar o momento exato que entrar� em atividade. 

As erup��es variam dos fascinantes fluxos de lavas �s temidas explos�es de cinzas e poeiras, com temperaturas que podem atingir mais de 1000 °C. Normalmente, o teor de s�lica no magma � o elemento que determina a caracter�stica da erup��o. 

O magma mais silicoso possui maior viscosidade, o que gera erup��es explosivas, violentas, espetaculares e destrutivas. Os materiais pirocl�sticos (sedimentos finos, altamente aquecidos), desse tipo de vulc�o, chegam � estratosfera, a mais de quinze quil�metros de altitude e se espalham rapidamente a longas dist�ncias, pela a��o dos ventos. Evacuar a popula��o da �rea de abrang�ncia dessas cinzas � fundamental para evitar trag�dias. 

Os vulc�es s�o um dos respons�veis pela cria��o da morfologia terrestre. O material vulc�nico (magma) do manto, em fus�o, empurra lentamente a litosfera (crosta e manto superior s�lido) em diferentes sentidos, rasgando-a. � atrav�s desse “rasgo” que o magma chega � superf�cie, forma o ch�o oce�nico e movimenta as placas tect�nicas. Ao se movimentarem, as placas podem colidir ou deslizar uma com a outra. Nessa “dan�a”, h� vulcanismo e sismicidade. A Terra � viva e a tect�nica � o seu cora��o a pulsar. 

Os vulc�es est�o mais concentrados no C�rculo ou Anel de Fogo do Pac�fico, nas zonas de subduc��o das placas tect�nicas. Nesses locais, a placa oce�nica, mais densa, � mergulhada e consumida no manto. Isso significa que o fundo do mar est� sendo arrastado para o interior da Terra (do magma veio, ao magma voltar�). Nesse tipo de contato convergente encontram-se 95% dos vulc�es terrestres.

Nos limites divergentes das placas, o ac�mulo magm�tico origina, entre outras coisas, as dorsais, as fabulosas cadeias de montanhas, que se estendem por mais de 60 mil quil�metros, no assoalho dos oceanos.  

H� os vulc�es que se concentram no centro de uma placa tect�nica, nos Hot Spots, os pontos quentes que os sustentam, como ocorre no Arquip�lago do Hava� e Yellowstone (EUA). Existem mais de 1.350 vulc�es ativos espalhados pelas bordas dos continentes (Indon�sia, Jap�o e EUA concentram, respectivamente, o maior n�mero desses fen�menos ativos do globo), al�m daqueles que se encontram debaixo das �guas do mar. 

Concomitantemente ao seu poder de destrui��o, h� estudos que indicam que as formas primitivas da vida podem ter se desenvolvido em fontes de �guas termais e piscinas vulc�nicas, a “sopa primordial”, h� mais de 4 bilh�es de anos.  Acredita-se que a Terra ancestral era composta de uma variedade de pequenas ilhas vulc�nicas. A libera��o dos gases das erup��es, somados aos raios, produziram os componentes qu�micos necess�rios ao surgimento da vida. 

A pr�pria origem da �gua no planeta, segundo alguns estudos, estaria associada aos vulc�es que expeliram grandes quantidades de vapor d’�gua � superf�cie, mesclado aos pr�prios materiais. 

Os cientistas argumentam tamb�m que o planeta azul, com a sua atmosfera remota e a vastid�o oce�nica, tornou-se habit�vel gra�as � atividade vulc�nica. Foram os vulc�es que desempenharam um papel fundamental no ciclo de produ��o de di�xido de carbono (o ciclo geoqu�mico do carbono � considerado o mais importante para a vida na Terra), contribuindo para o efeito estufa na atmosfera da Terra. � consenso, entre os cientistas, que a Terra estaria desolada sem eles. O efeito estufa, fen�meno natural e essencial � vida, mant�m as m�dias t�rmicas globais, que permitem a presen�a da vida, como a conhecemos 

O fato ineg�vel � que os vulc�es habitam o imagin�rio das pessoas. As imagens de Pompeia, na It�lia, recobertas pelas cinzas do Ves�vio, em 79 d.C., fascinam e atemorizam o homem. 

A erup��o do Krakatoa (Ilha de Java/Indon�sia), em 1883, � considerada a mais violenta j� registrada pelo homem. A energia liberada pelo vulc�o foi 12.500 vezes superior � bomba nuclear que devastou a cidade de Hiroshima, em agosto de 1945. O barulho da erup��o foi t�o impressionante que os australianos o escutaram quatro horas depois! Infelizmente, mais de 36 mil vidas foram ceifadas. 

A fant�stica erup��o do Monte Santa Helena (EUA), na manh� de um distante domingo de 18 de maio de 1980, provocou a morte de 57 pessoas (entre elas, David Johnston, o jovem ge�logo que alertou para o risco de erup��o violenta e foi “silenciado” para n�o causar p�nico entre a popula��o) e preju�zos de mais de 1,1 bilh�o de d�lares, mas permitiu ao homem compreender, um pouco mais, a din�mica dessa for�a viva da natureza.

Em novembro de 1985, as erup��es Nevado del Ruiz, na Col�mbia, provocaram o derretimento de quantidades astron�micas de neve. Em poucas horas, torrentes de lama atingiram e soterraram Armero, uma cidade a 50 quil�metros do vulc�o. Quase 24 mil pessoas, das 25 mil que ali viviam, morreram.  Entretanto, em 1991, os cientistas evitaram uma cat�strofe maior nas Filipinas, quando o Pinatubo explodiu, provocando a maior erup��o dos �ltimos cem anos. Embora tenha ocorrido mais de 840 mortes, o n�mero poderia ter sido na ordem de milhares. 

Em 20 de mar�o de 2010, o vulc�o Eyafjallalj�kull (de nome impronunci�vel), localizado ao sul da Isl�ndia, entrou em erup��o pela primeira vez. No m�s seguinte, a segunda erup��o foi mais violenta e mergulhou a Europa no maior caos a�reo desde a Segunda Grande Guerra, com mais de 60 mil voos cancelados, afetando o sistema de avia��o globalmente.

O Parque de Yellowstone, nos EUA, encontra-se sobre o maior reservat�rio magm�tico do mundo, estimado em mais 10,4 mil km3. Uma erup��o desse supervulc�o seria dram�tica, com consequ�ncias incalcul�veis. A vida seria destru�da em um raio de aproximadamente 500 km no entorno do vulc�o e a metade ocidental dos Estados Unidos seria devastada pela gigantesca precipita��o de cinzas expelidas.  A temperatura da Terra experimentaria um resfriamento repentino, com a queda de pelo menos 10°C, ao longo de 10 anos e os rendimentos agr�colas entrariam em colapso, causando fome em muitas regi�es do mundo. 

Embora os impactos negativos da atividade vulc�nica surpreendam, h� aspectos positivos dos vulc�es. As rochas, poeiras e cinzas vulc�nicas, ao se decomporem, geram solos de grande fertilidade, favorecendo agricultura nas �reas de ocorr�ncia.  Estima-se que esses solos cubram 1% da superf�cie dos continentes. 

O calor liberado pelas fontes termais vulc�nicas pode ser utilizado como energia geot�rmica, al�m de sustentarem habitat da vida selvagem local.  A maioria dos minerais met�licos do mundo, como cobre, ouro, prata, chumbo e zinco, al�m de pedras preciosas, est�o associados aos materiais magm�ticos, encontrados nas profundezas das ra�zes de vulc�es extintos.

O fen�meno vulc�nico intriga o homem desde a Antiguidade, de Plat�o ao Apocalipse, de S�o Jo�o, at� os dias atuais. Assim como os seres humanos, n�o h� dois vulc�es iguais. A cada vez que rugem e estremecem liberam seus dem�nios, espalhando lavas ou cinzas. Temidos e fascinantes. Ao decifr�-los, pode-se compreender o passado e, dessa forma, facilitar o futuro. Essa � a busca.

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