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Estado de Minas GEOPOL�TICA

Estocolmo+50: nossa responsabilidade, nossa oportunidade

O momento exige, de todos, escolhas ousadas e urgentes para que as gera��es vindouras possam usufruir de um planeta melhor e mais sadio


30/05/2022 07:35

Estocolmo
Estocolmo, capital da Su�cia (foto: Flickr)


Ao longo desta semana, entre os dias 02 e 03 de junho, o mundo volta-se para um dos maiores eventos ambientais: a Confer�ncia Estocolmo+50, em comemora��o aos 50 anos da primeira confer�ncia ambiental, organizada pelo Organiza��o da Na��es Unidas (ONU), na mesma cidade que agora a sedia e com a participa��o do governo do Qu�nia, pa�s do Leste Africano. 

Todos os aparatos para o sucesso do encontro t�m como meta alcan�ar uma Terra mais saud�vel, adequada ao progresso econ�mico, sem abdicar do progresso social, base para o bem-estar e resili�ncia humana. 

Leia: A Confer�ncia de Estocolmo, um novo olhar sobre o mundo

Representantes de diversas partes do mundo estar�o no evento com o intuito de garantir a acelera��o da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustent�vel (ODS), al�m de discutir a Tr�plice Crise Planet�ria: mudan�as clim�ticas, perda da natureza e da biodiversidade e polui��o e res�duos. 

A crise do clima exp�e seus sinais repetidamente. O planeta est� exposto a extremos clim�ticos sinalizados cotidianamente, com efeitos mais perversos entre os povos do Sul Global, mais pobres e com menos recursos para enfrentar as intemp�ries avassaladoras a que est�o submetidos. 

A �frica padece com secas severas e desertifica��o, que impedem o solo de produzir em locais onde a inseguran�a alimentar j� � cr�nica; �ndia e Paquist�o enfrentam uma das mais severas crises de calor; Uruguai e Brasil foram palcos de eventos clim�ticos raros nesta �poca do ano, nos �ltimos dias, com o Ciclone Yakecan; Bangladesh, em 2021, padeceu com chuvas torrenciais, que deixaram milh�es de desabrigados e centenas de mortos; a Sib�ria registra temperaturas cada vez mais elevadas e t�picas dos tr�picos etc.

A popula��o de 3,6 bilh�es de pessoas que habitam as terras do Hemisf�rio Meridional � a mais vulner�vel aos extremos do clima. Se uma mudan�a dr�stica n�o for realizada para minimizar os danos sobre um dos mais complexos sistemas naturais: a atmosfera e todos os elementos que a envolvem, isso pode resultar em um “novo normal” brutal para essa parcela da sociedade.  

Com exce��o da Ant�rtida (que n�o possui ocupa��o humana permanente), as a��es antr�picas alteraram 77% das terras emersas e 88% dos oceanos, com mais de 2 bilh�es de hectares degradados, devido ao uso intensivo e descontrolado do solo, al�m de colocar mais de um milh�o de esp�cies em risco de extin��o, de acordo com os dados do Painel Intergovernamental sobre Mudan�as Clim�ticas (IPCC), da ONU. 

A polui��o atmosf�rica e seus res�duos, provavelmente, s�o a maior amea�a � sa�de p�blica mundial, sendo respons�vel pela morte prematura de mais de sete milh�es de crian�as, entre outros cen�rios, igualmente, devastadores. Estima-se que onze milh�es de toneladas de res�duos pl�sticos sejam lan�adas nos oceanos anualmente. Concomitantemente, s�o produzidas cinquenta milh�es de toneladas de lixo eletr�nico! 

A humanidade esquece que no Planeta n�o existe fora. Tudo que � produzido permanece aqui. Tira-se do raio de vis�o, mas n�o da Terra! H� necessidade urgente de mudan�as de h�bitos de consumo para que o Planeta possa respirar seus min�sculos e eternos �tomos em maior equil�brio. 

As altera��es clim�ticas e a perda da biodiversidade s�o os dois pontos mais problem�ticos da nova �poca geol�gica, sugerida pelos cientistas: o Antropoceno. Apesar de possuir elementos distintos, � quase consenso entre a comunidade cient�fica que n�o podem ser solucionados isoladamente. Est�o, intimamente, interligados.  

As altera��es clim�ticas agravam os riscos � biodiversidade e aos habitats naturais e manejados; ao mesmo tempo, ecossistemas naturais e manejados e a sua biodiversidade desempenham um papel fundamental nos fluxos de gases, bem como no apoio � adapta��o clim�tica, segundo o IPCC.

Assim, reduzir o aquecimento global, garantindo um clima habit�vel e, simultaneamente, proteger a biodiversidade s�o elementos que se sustentam mutuamente. A cria��o desse cen�rio em um futuro quase imediato � essencial para fornecer, de forma sustent�vel e equitativa, maiores benef�cios para as sociedades humanas. 

O devaneio do homem na lua (em 1969), com as imagens da Terra fr�gil e isolada no Cosmos trouxe um sentimento ,de responsabilidade maior � humanidade. V�-la, diminuta no vazio espacial, modificou sentimentos e necessidades, talvez nunca sentidos em um coletivo global. 

Ao mesmo tempo espalhavam-se os temores de um conflito nuclear entre as superpot�ncias da Guerra Fria e acirravam as guerras que as envolviam; os te�ricos ecomalthusianos difundiam o terror com a superpopula��o, as tens�es �tnicas afro-asi�ticas - marcadas por barb�ries que assombravam a todos e, em muito casos, resultantes das nefastas investidas das pot�ncias europeias durante a coloniza��o -  tomavam espa�o, cada vez mais abrangente, nos meios de comunica��o na d�cada de 1970, com a inova��es da Terceira Fase da Revolu��o Industrial e potencializaram a necessidade de rever as rela��es homem-meio.  

Celebridades, cantores assumiam um papel decisivo de influenciadores atrav�s da arte, que contestava e ampliava a resson�ncia das vozes que buscavam um mundo melhor. Isso implicava na luta pelos direitos humanos e pela preserva��o ambiental. 

Foi nesse contexto que David Bowie lan�ou um dos seus �lbuns mais ic�nicos “Ziggy Stardust” dias depois da Confer�ncia de Estocolmo, em 1972. A faixa de abertura, “Five Years”, alertava, entre outras coisas, que a Terra estava mesmo morrendo. Para muitos, Bowie e a confer�ncia, juntos, mudaram a forma de ver o mundo.

Assim, h� 50 anos, o mundo se uniu para enfrentar os maiores desafios ambientais do Planeta. Desde ent�o, muito se falou, mas nem tanto se fez. Entretanto, apesar de m�dicos, houve avan�os para a humanidade, como a redu��o da rarefa��o da camada de oz�nio, a diminui��o dos custos das fontes de energia alternativas renov�veis (ainda insuficientes para uma parcela expressiva da sociedade), a erradica��o da produ��o de combust�veis como o chumbo, a maior restri��o do com�rcio global de merc�rio, entre outros feitos. 

Entretanto � emergencial alavancar, ainda mais, as estrat�gias de prote��o ao meio ambiente, reduzir a pobreza e garantir o respeito aos direitos humanos, em escala planet�ria, a todos os indiv�duos.

Claro que podemos ser pessimistas e acreditar que, em 1972, tudo foi uma manipula��o do Ocidente rico para criar uma nova forma de submiss�o entre as na��es, ap�s a perda das suas col�nias na �frica e na �sia. Quando o Clube de Roma, o Clube dos Ricos, prop�e o “desenvolvimento zero” como o meio de evitar a degrada��o ambiental, tal premissa pode ser interpretada como um novo mecanismo de subordina��o das na��es pobres aos interesses das na��es poderosas. 

Mas, especialmente hoje, sinto necessidade de acreditar que havia hombridade nas discuss�es levantadas em 1972. Somente assim, posso crer que o tema atual da confer�ncia “Estocolmo 50: um planeta saud�vel para a prosperidade de todos – nossa responsabilidade, nossa oportunidade ser� um ponto de virada e o pouco que se fez nesses �ltimos 50 anos, poder� ser alterado nos 50 anos futuros. O Planeta exige isso. 

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