
Esse fato evidencia o primeiro grande evento ambiental, que ocorreu h� quase 50 anos, em junho de 1972, em Estocolmo, na Su�cia. Foi a primeira Confer�ncia Ambiental da ONU. Nesse mesmo ano foi tirada a primeira fotografia colorida da Terra pelos astronautas da Apollo17.
O Planeta parecia um m�rmore azulado, em contraste com a negritude ao entorno. A singeleza da imagem mostrava o Planeta, com seu sistema fechado e finito, como o �nico lar poss�vel para os humanos. A Confer�ncia de Estocolmo, com o lema “Apenas uma Terra”,foi um alerta ao mundo: que n�o temos outra morada, al�m desse planeta. Ent�o cabe ao homem criar os meios para viver melhor aqui.
Nas d�cadas anteriores,um grande n�mero de desastres ambientaishaviam ocorrido, aumentando, assim, a consci�ncia e a preocupa��o com o meio natural: em Londres, em 1962, milhares morreram em fun��o de um nevoeiro letal, que cobriu a cidade; uma seca devastadora atingiu o Sahelafricano, em 1969, agravando a fome entre uma das popula��es mais pobres do mundo;no Jap�o, mais de 2200 pessoas morrem, contaminadas por merc�rio, lan�ado por uma ind�stria qu�mica, naBa�a de Minamata (o acidente deu nome � Doen�a de Minamata, uma doen�a neurol�gica causada por envenenamento por merc�rio); vazamentos de �leo, de navios cargueiros, no Canal da Mancha e na Calif�rnia comprometeram a sobreviv�ncia de milhares de esp�cies oce�nicas.
Foi nesse contexto que a Su�cia, pequeno pa�s do norte europeu, localizado na Pen�nsula Escandinava, fez o primeiro alerta sobre a quest�o ambiental. Em 1967, o governo sueco envia uma carta � ONU, chamando a aten��o sobrea quest�o ambiental globalepedindo uma a��o conjunta das na��es mundiais em prol do meio ambiente.
A Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) foi criada com o intuito de propiciar um mundo melhor e mais equilibrado. Entretanto, a carta das Na��es Unidas,que tem como princ�pios melhorar as condi��es de vida de todos os povos, promover a paz, a estabilidade, o desenvolvimento econ�mico e os direitos humanos, �, praticamente, omissa quanto as quest�es ambientais. Foia iniciativa sueca, que lan�ou as bases para a coopera��o Internacional na �rea do meio ambiente.
Surpreendentemente, pa�ses opostos no cen�rio da Guerra Fria se colocaram favor�veis a um encontro para tratar a respeito das quest�es ambientais em �mbito mundial. Os Estados Unidos, a Uni�o Sovi�tica e outras na��es demonstraram “simpatia” com os princ�pios da carta enviada pelo governo sueco � ONU (no final, a URSS e os pa�ses do Leste europeu n�o compareceram, em protesto pela exclus�o da participa��o somente da Alemanha Oriental pela ONU).
O Reino Unido e a Fran�a se mostraram reticentes a esse evento. Esses pa�ses temiam uma cobran�a das antigas col�nias pelos danos provocados durante a fase de ocupa��o e, al�m deles, os pr�prios pa�ses subdesenvolvidos temiam que os pa�ses desenvolvidos buscassem mecanismos que dificultassem o seu processo de desenvolvimento, sob o argumento dos danos ambientais que provocariam ao planeta. N�o estavam de todo equivocados.
Apesar de aConfer�ncia de Estocolmo mostrar ao mundo que n�o existia outro laral�m deste planeta, tal fato n�o impedia as tentativas de conten��o e contesta��o das quest�es ambientais apresentadas por muitos pa�ses, por temerem perdas econ�micas. Esses fatos moldaram a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Meio Ambiente, de 1972, e a gest�o ambiental nos 50 anos subsequentes.
Entretanto, ideias-chave como o desenvolvimento sustent�vel e institui��es como o Programa das Na��es Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) existenteshoje, s�o resultantesdas discuss�es geradas em Estocolmo.
No final do evento, as tr�s principais decis�es da confer�ncia foram: a Declara��o de Estocolmo, o Plano de A��o de Estocolmo (que engloba 109 recomenda��es para governos e organiza��es internacionais para combater a degrada��o ambiental) e cinco resolu��es que, entre outras coisas, exigiam a proibi��o de testes de armas nucleares que provocassem precipita��o radioativa, a cria��o de um banco de dados Internacional sobre o meio ambiente e a cria��o de um fundo para o meio ambiente.
O evento deixou um legado muito importante para o meio ambiente. Criou uma nova era de coopera��o ambiental multilateral e de muitos tratados que demandam a��es globais comuns a todos os pa�ses, a maior democratiza��o dos debates ambientais ao abrir as portas para as Organiza��es N�oGovernamentais, que antes n�o tinham acesso ao sistema das Na��es Unidas e, principalmente, colocar o desenvolvimento sustent�vel no centro do discurso ambiental.O lema da confer�ncia de “Apenas uma Terra” tornou-se um �cone para o movimento ambientalista moderno.
� not�rio que n�o h� como desenvolver sem impactar, mas h� meios para minimizar tais impactos. Esse � o desafio que o homem ter� que enfrentar. A humanidade ter� que reduzir a pobreza e a fome, encontrando uma forma de preservar os ecossistemas.
A busca de solu��es para conciliar o desenvolvimento econ�mico e a gest�o ambiental � a tarefa mais �rdua que l�deres mundiais devem enfrentar. Qualquer di�logo contr�rio � s� um indicativo de que lhes falta, no m�nimo, seriedade. E, aos humanos cabe agir com responsabilidade, cuidado e como mordomos da Terra viva,se h� o desejo de um futuro melhor.