
(Por Jos� Milton Cardoso Jr e Juraciara Vieira Cardoso)
� comum vermos idosos ainda jovens e cheios de sa�de afirmando que j� n�o � mais poss�vel desenvolver determinadas tarefas que outrora faziam com gosto e maestria, ou que simplesmente n�o acreditam que podem iniciar algo novo e completamente diferente de tudo o que fizeram durante a vida.
Temos a cren�a limitante de que, a partir de determinada idade, j� n�o � mais poss�vel “come�ar de novo” ou se aventurar em empreitadas novas e desconhecidas. Tal cren�a � potencializada por uma sociedade na qual o culto da juventude foi al�ado � categoria de bem essencial.
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Em tais sociedades a velhice pode ser percebida como algo a ser evitado a qualquer custo, n�o importando se o pre�o a ser pago � alto demais ou se condenamos pessoas aptas e repletas de potencialidades a se “esconderem” dentro de suas casas, pois sua presen�a ou seu conhecimento n�o servem mais a uma sociedade que tem como mote o culto ao que � novo, em todos os sentidos.
N�o faz muito tempo que o fato de um idoso de 80 anos ter comprado uma motocicleta fez com que as pessoas questionassem se ele poderia ou n�o pilotar e se a sociedade estaria ou n�o segura com sua condu��o. H� que constar que o idoso j� tinha uma motocicleta e que apenas a trocou por uma mais nova e mais potente; e que ele rotineiramente fazia suas trilhas sossegadamente, sem que ningu�m o questionasse. Ele se sentia bem e apto a conduzir sua motocicleta e seus familiares atestavam isto, de modo que n�o caberia aos internautas questionar tal fato simplesmente porque se tratava de um idoso.
H� in�meros exemplos de empreendedores que iniciaram neg�cios novos ap�s os 50 anos de idade, fazendo de seus empreendimentos exemplo de sucesso e inova��o. Muitos destes empreendedores s� viram seu neg�cio fazer sucesso de fato ap�s dez ou vinte anos de trabalho, ou seja, j� idosos.
H� pouco tempo, tivemos a not�cia que o ator Willian Shatner, o eterno Capit�o Kirk de Jornada nas Estrelas, acompanhado do empres�rio Jeff Bezos, foi ao espa�o aos 90 anos, tornando-se o homem mais velho a deixar a atmosfera terrestre. Ao sair da espa�onave ele afirmou ser aquela a experi�ncia mais profunda que j� havia vivido. Antes dele, o mesmo empres�rio levou consigo a astronauta Wally Funk, de 82 anos, ao espa�o.
Est�o enganados aqueles que acreditam que a visita ao espa�o por um idoso s� aconteceu porque um rico empres�rio deseja fazer fortuna com seus empreendimentos espaciais. Antes dele, dois astronautas sexagen�rios foram ao espa�o em miss�es oficiais. Franklin Story Musgrave fez sua �ltima viagem espacial aos 61 anos, enquanto John Glenn foi ao espa�o aos 77 anos, ainda nos anos de 1988, e atuou como especialista em cargas.
Poder�amos oferecer in�meros outros exemplos de pessoas que n�o entenderam a idade, pura e simplesmente, como um fator limitante para o exerc�cio de suas atividades, sejam laborativas, recreativas ou sociais. Obviamente que, com o avan�o da idade, algumas fun��es corp�reas podem ficar mais comprometidas. Entretanto, � preciso que o idoso fique atento �quilo que de fato compromete sua sa�de, n�o se deixando levar apenas pelo n�mero arbitr�rio dos anos passados no calend�rio.
A velhice pode ser um �timo tempo para que as pessoas experimentem aquelas coisas que sempre pensaram em fazer, mas deixaram para depois. Esse momento da vida pode ser uma �tima oportunidade para aventuras que outrora pareciam insond�veis ou para assun��o de riscos que antes eram impens�veis.
Para que isto aconte�a � preciso que os idosos n�o se deixem limitar pela idade, mas que abram-se para outras perspectivas e permitam que o novo ingresse em seus cora��es. N�o estamos defendendo que todos os idosos devam ir ao espa�o ou abrir neg�cios, claro que n�o! Nosso convite � para que nossos velhos e seus familiares se inspirem nas hist�rias de supera��o e n�o se fixem a um n�mero, pois em cada um de n�s h� sopro de vida suficiente para alcan�armos o florescimento necess�rio para que nossos sonhos, antes apenas no papel, se materializem como realidade.
N�o h� um tempo certo para fazer aquilo que gostar�amos. Sonhos guardados s�o t�o importantes – ou at� mais importantes – que aqueles que j� realizamos. � a nossa parte simb�lica a respons�vel por nossa subjetividade, ou seja, somos fruto daquilo que j� constru�mos e daquilo que ainda sonhamos, de modo que n�o devemos nunca deixar de sonhar e, principalmente, de realizar estes sonhos.
Ent�o, se nossos idosos quiserem, eles podem sim ir ao espa�o, ainda que seja o dos sonhos, e l� encontrar aqueles que est�o adormecidos h� muito tempo e, quem sabe assim, transformar suas vidas e realizar experi�ncias que sempre foram sonhadas mas nunca vividas.
