
Os dois artigos foram precedidos por outros estudos que tamb�m registraram casos de miocardite e pericardite (quando a inflama��o � nos tecidos que circundam o cora��o) nos Estados Unidos e em alguns pa�ses europeus. Na semana passada, o Centro de Controle de Doen�as norte-americano, o CDC, realizou um painel sobre seguran�a de vacinas no qual foi divulgada a informa��o de que h� uma “prov�vel associa��o” entre os imunizantes de mRNA e o risco raro de inflama��o coronariana em adolescentes e jovens adultos.
Segundo o CDC, foram confirmados 383 casos ap�s a segunda dose da vacina��o com as subst�ncias de RNA mensageiro. Quando se incluem tamb�m pessoas com mais de 30 anos, o n�mero de registros passa para 1,2 mil. No in�cio do m�s, a Ag�ncia Europeia de Medicamentos (EMA) divulgou um comunicado informando que o comit� de seguran�a do �rg�o acompanha atentamente os efeitos colaterais do tipo.
De acordo com o relat�rio da ag�ncia, at� o fim de maio, foram registrados 122 casos de miocardite ap�s a vacina da Pfizer e 16 depois da Moderna. Estatisticamente, � um risco muito baixo: o universo de doses aplicadas no mesmo per�odo dos dois imunizantes foi, respectivamente, de 160 milh�es e de 19 milh�es. J� as ocorr�ncias de pericardite foram 126 (Pfizer) e 18 (Moderna). O Minist�rio da Sa�de de Israel tamb�m reportou, no in�cio de junho, que, entre dezembro de 2020 e maio de 2021, entre mais de 5 milh�es de pessoas vacinadas, foram detectados 275 casos de miocardite. A maior parte dos pacientes era homem, com 16 a 30 anos.
At� agora, esses dados s�o observacionais: ou seja, n�o se estabeleceu uma rela��o de causa e efeito. � o mesmo caso dos estudos publicados ontem no Jama. Em um deles, pesquisadores das For�as Armadas norte-americanas e da Cl�nica Mayo, entre outras institui��es, relatam 23 casos de miocardite em homens jovens, incluindo 22 militares previamente saud�veis, ocorridos em um universo de 2,8 milh�es de doses de vacinas de mRNA. Os sintomas surgiram entre 12 e 96 horas depois da inje��o.
Recupera��o r�pida
Todos os 23 pacientes apresentaram sintomas de dor tor�cica intensa e n�veis significativamente elevados de troponina card�aca, um marcador de prote�na usado para medir danos ao cora��o. A recupera��o foi r�pida, o que, combinado com o momento em que os primeiros sintomas surgiram, sugere o diagn�stico de miocardite de hipersensibilidade, um tipo incomum de inflama��o coronariana, geralmente relacionado a uma alergia a medicamentos.
“A miocardite de hipersensibilidade ap�s a vacina��o � rara, com exce��o da vacina contra a var�ola”, explica Leslie Cooper, presidente do Departamento de Cardiologia na Cl�nica Mayo na Fl�rida e autor s�nior do estudo. “O risco de miocardite ap�s receber a vacina de mRNA � muito menor do que o mesmo problema causado pela infec��o por COVID-19”, destaca.
At� 60% das pessoas com a forma grave da doen�a apresentam les�es no cora��o, e quase 1% dos atletas em boa forma que tiveram infec��o leve por Sars-CoV-2 foram diagnosticados com miocardite. “Pessoas de todas as idades devem escolher receber uma vacina porque os riscos s�o extremamente baixos em compara��o aos benef�cios. Al�m disso, o crescente corpo de pesquisas mostra que a miocardite associada � vacina se resolve rapidamente em quase todos os casos”, ressalta Cooper.
O outro artigo publicado na Jama � de pesquisadores do Centro M�dico da Universidade de Duke, nos EUA, e envolve um pequeno n�mero de pacientes — quatro pessoas — que apresentaram sintomas de miocardite cinco dias depois de serem vacinados com os imunizantes de mRNA. Tr�s eram homens de 23 a 36 anos, e um era uma mulher com 70 anos. Todos receberam alta hospitalar em at� quatro dias de hospitaliza��o.
“Os dois estudos mostram uma associa��o da vacina��o com miocardite, mas, certamente, n�o implicam em causa”, observa o cardiologista Chris Semsarian, da Universidade de Sydney, na Austr�lia. “A incid�ncia de miocardite nesses estudos � extremamente rara entre aqueles que foram vacinados e infinitamente superada pelos benef�cios surpreendentes da vacina��o para a COVID-19 na preven��o de insufici�ncia cardiorrespirat�ria e morte, especialmente em pessoas com doen�a cardiovascular preexistente”, afirma.
Saidi Mohiddin, professor de cardiologia da Universidade de Londres, ressalta que os casos apresentados nos dois estudos podem, inclusive, n�o ter rela��o alguma com a vacina. “Apresenta��es cl�nicas muito semelhantes de miocardite t�m uma incid�ncia sazonal. Frequentemente, s�o mais vistas em homens jovens e podem seguir infec��es tor�cicas leves ou gastrointestinais n�o caracterizadas, que s�o, geralmente, de causa incerta”, diz. “Precisamos de estudos de associa��o em grande escala para nos dizer se h� uma rela��o entre vacina e miocardite, bem como mais pesquisas b�sicas que nos mostrem o porqu�.”
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