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Estado de Minas INTOLER�NCIA

Brasil � o pa�s que mais mata trans e travestis pelo 14� ano seguido

Segundo a Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais, 131 pessoas, entre trans e travestis, foram mortas em 2022 no Brasil


26/01/2023 20:23 - atualizado 26/01/2023 21:34

Mão com faixa LGBTQIA+
A maioria das v�timas tinha entre 18 e 29 anos, pr�ximo � expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil, 35 anos. (foto: Pexels)
Eram 4h30 do dia 30 de julho do �ltimo ano quando Isabella Yanka, 20, foi assassinada a facadas em Ceil�ndia, no Distrito Federal. Isabella, que saira de uma festa minutos antes, estava embriagada e indefesa, segundo a investiga��o.


Levaram quatro dias at� que a Pol�cia Civil prendesse um homem de 27 anos, que logo se declarou culpado. A identidade do assassino foi protegida pelos investigadores, mas a hist�ria da qual ele foi agente entrou para as estat�sticas.


A morte da jovem � uma das dezenas computadas pela Antra (Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais) em seu relat�rio anual.


O levantamento aponta ser o Brasil, pelo 14º ano consecutivo, o pa�s com maior n�mero total de homic�dios de pessoas travestis e transexuais. Segundo ele, 131 indiv�duos foram mortos no pa�s em 2022.


A maioria das v�timas tinha entre 18 e 29 anos, pr�ximo � expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil, 35 anos.

 

 


Apesar disso, a taxa � 6% menor comparada se comparada ao registrado em 2021, quando houve 140 homic�dios.


Por estado, Pernambuco, com 13, foi o campe�o de assassinatos. S�o Paulo, historicamente o estado que re�ne o maior n�mero de v�timas, ficou em segundo lugar, com 11, empatado com o Cear�.

 

Regi�o com mais assassinatos


Na toada de Pernambuco e Cear�, o Nordeste � a regi�o brasileira em que mais se assassinam trans e travestis. No �ltimo ano, 40,5% dos casos foram computados na regi�o.

 


Os dados foram divulgados na tarde desta quinta-feira (26), quando o dossi� foi entregue ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Durante esta semana, o ministro recebe v�rias personalidades trans. O Dia da Visibilidade Trans � comemorado no pr�ximo domingo (29).


O dossi� tamb�m ressalta que a maioria dos crimes aconteceu durante a noite, com pessoas que se prostituem para sobreviver.


Para tra�ar o mapa da viol�ncia, a pesquisa da Antra levou em conta fontes prim�rias de informa��o, como entidades respons�veis pela seguran�a p�blica, Poder Judici�rio e imprensa. Tamb�m foram usadas fontes secund�rias, como redes sociais, relatos testemunhais e institui��es de direitos humanos.

Mexicanos e norte-americanos

 


Logo ap�s os brasileiros, mexicanos e norte-americanos s�o respons�veis pela maior quantidade de assassinatos de travestis e trans.


No M�xico, 56 pessoas foram mortas em 2022; nos Estados Unidos, 51.

 

 

 


Segundo o projeto Trans Murder Monitoring (Monitoramento de Assassinatos de Trans, em portugu�s), do total de 4.639 homic�dios catalogados entre janeiro de 2008 e setembro de 2022, 1.741 ocorreram no Brasil. Ou seja, sozinho, o pa�s acumulou 37,5% das mortes mundiais.


Americanos e mexicanos t�m 649 (14%) e 375 (8%) no mesmo per�odo.


Por regi�o, Am�rica Latina e Caribe concentram 68% dos assassinados catalogados desde 2008.


A an�lise do projeto mostra ainda que, em 2022, 95% dos assassinados em todo o mundo eram pessoas transfemininas. Al�m disso, pessoas pretas ou pardas representavam 65% das v�timas.


Bruna Benevides, secret�ria de articula��o pol�tica da Antra e respons�vel pela formula��o do dossi�, diz que os dados chamam aten��o por continuarem extremamente altos. "Houve uma pequena varia��o, claro, mas n�s n�o acreditamos que isso seja positivo. N�o h� um programa de governo para atacar esse problema, precisamos de a��es conjuntas e estruturadas para ver uma diminui��o cont�nua no n�mero de mortos."


Benevides afirma que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a��es para a popula��o trans foram escanteadas.


No in�cio deste m�s, governo Lula (PT) criou uma secretaria especial LGBTQIA+. A titular da pasta � uma travesti, Symmy Larrat, ex-presidente da ABLGT (Associa��o Brasileira de Gays, L�sbicas e Transexuais).

 

 


 

Secretaria LGBT+

 


Junto ao Minist�rio da Justi�a, a secretaria LGBT+ articula projetos para prote��o da popula��o trans, inclusive com participa��o da Antra e as deputadas Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), as primeiras parlamentares transg�nero da hist�ria do Congresso Nacional.


"A realidade de pessoas trans no Brasil � preocupante e n�o h� como n�o se estarrecer com esses dados que hoje s�o mensurados apenas pelos movimentos sociais. Nos �ltimos anos, houve conquistas importantes, via Judici�rio, que garantem maior seguran�a e direitos a esta popula��o, mas o governo anterior n�o promoveu as ferramentas necess�rias para sua execu��o", declarou Larrat � reportagem.


"Nosso maior desafio emergencial � promover as pontes na pol�tica p�blica para que as normativas legais, que assegurem o acolhimento e justi�a em caso de transfobia, sejam criadas e implementadas, ampliando a produ��o de dados e, sobretudo, a prote��o das pessoas", completou.


O modelo de inclus�o da popula��o utilizado pela cidade de S�o Paulo � um que agrada a membros da articula��o trans em Bras�lia. A cidade possui um programa, ligado � secretaria de assist�ncia social, chamado transcidadania, que promove a reintegra��o social para travestis, mulheres e homens trans em situa��o de vulnerabilidade.


O programa oferece aux�lio financeiro e suporte para que essas pessoas voltem � escola.


A psic�loga Fe Maidel, mulher trans e assessora de coordena��o de pol�ticas para a popula��o LGBTI+ de S�o Paulo, diz a popula��o trans merece um tratamento mais humanizado.


"Somos uma minoria em vulnerabilidade com necessidades extremas e diversas. H� uma tend�ncia de jogar nossas mortes para baixo do tapete. De muitas formas, tentam nos invisibilizar. N�o h� nem dados nacionais confi�veis sobre essa popula��o", diz ela.


Maidel tamb�m culpa o governo anterior por elevar o tom contra minorias, assim inflando o �dio.


"As pessoas t�m medo do desconhecido. O discurso do governo passado era de que �ramos pecadores. � claro que n�o � isso. Somos pessoas como quaisquer outras. Se tivermos acesso � escola, condi��es m�nimas de vida e dignidade, teremos um futuro melhor", afirma a assessora.


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