
A psic�loga Priscila Siqueira sempre buscou um espa�o como o que o Vale PCD � hoje: um espa�o de inclus�o que conseguisse abranger a diversidade que existe dentro da pr�pria comunidade com defici�ncia. A ONG cria um espa�o de di�logo e inclus�o sobre e para as pessoas com defici�ncia que s�o LGBTQIA+.
“A gente precisa pensar em pessoas com defici�ncia como pessoas interseccionais. Normalmente quando se pensa em PCD se pensa em uma pessoa branca em uma cadeira de rodas. Quando voc� pensa na interseccionalidade voc� lembra que tem pessoas com defici�ncias que s�o pretas, ind�genas, LGBTs. E acima da defici�ncia, s�o pessoas.”
Priscila � uma mulher bissexual com nanismo. Formada em psicologia, iniciou suas atividades pela causa das pessoas com defici�ncia em 2019, ano que atuou como embaixadora e Jovem L�der LGBT pela TODXS.
Em 2020, criou a Vale PCD, primeira ONG voltada para o protagonismo PCD LGBT no Brasil na cidade de Recife, Pernambuco, com uma equipe de apenas 3 pessoas. Hoje a organiza��o conta com 24 colaboradores e � refer�ncia em inclus�o e em trabalhos direcionados para os dois recortes.
“O Vale � um lugar que eu sempre busquei e nunca encontrei, o acolhimento que eu sempre quis e nunca achei”, afirma Priscila.
Sexualidade na diversidade
Capacitismo � o termo que designa um comportamento preconceituoso com pessoas com defici�ncia, geralmente classificando esse grupo como incapazes de realizar as mais diversas tarefas do cotidiano.
Segundo Priscila, o capacitismo tamb�m aparece quando pessoas com defici�ncia s�o colocadas em um lugar onde s�o vistas como pessoas que n�o t�m desejo, muito menos sexualidade. A Vale PCD busca combater esse tipo de capacitismo diariamente.
“Geralmente a gente � visto eternamente como infantilizadas, como um anjinho de luz que n�o faz nada, ent�o as pessoas se chocam muito quando descobrem que PCD tem sim orienta��o sexual, e quando essa quest�o se desvia da norma, � mais estranho ainda para quem est� vendo de fora”, explica a ativista.
Promovendo inclus�o

Com o objetivo de incluir a popula��o com defici�ncia nos mais diversos espa�os, a ONG desenvolve iniciativas para a comunidade com campanhas de conscientiza��o sobre acessibilidade, orienta��o profissional e servi�o de psicoterapia voltada para o p�blico PCD e/ou LGBTQIA . Para empresas, oferecem capacita��o para tornar os ambientes mais inclusivos e assessoria para tornar sites e plataformas acess�veis.
“Rampa � a �ltima coisa que a gente pensa, tem muita coisa que vem antes disso. A rampa � o clich� da acessibilidade, que muita gente pensa que � o suficiente, mas n�o �. A primeira barreira que deve ser quebrada, em todos os lugares, � a quest�o atitudinal, que � como voc� trata a pessoa com defici�ncia”, conta Priscila.
Al�m disso, a Vale PCD tamb�m presta assessoria em produ��o de eventos,levando acessibilidade para todos os p�blicos. Um dos mais importantes foi a participa��o da ONG no Festival do Futuro, comemora��o pela posse do presidente Lula.
Agora, a entidade tamb�m criou sua pr�pria festa, a Vale Tude, onde a produ��o pensa primeiro na acessibilidade das pessoas com defici�ncia e em seu protagonismo. Sua primeira edi��o aconteceu no �ltimo s�bado (18/03), em Recife.
Priscila frisa que o mais importante � manter um di�logo com pessoas PCD na hora de implementar medidas de inclus�o, para compreender as reais necessidades desse grupo e desenvolver solu��es efetivas.
“N�o existe uma f�rmula pronta para se preparar um ambiente para PCD, mas � importante lembrar que quanto mais voc� conviver com essas pessoas, seguir em redes sociais, estudar esse recorte social, mais voc� vai estar preparado para conviver com v�rios tipos de defici�ncia”, diz.
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