
"A maioria das mulheres e meninas escaparam sozinhas, como eu, mas para muitos yazidis essa hist�ria n�o acabou", disse ela, que tem uma sobrinha e amigas desaparecidas.
Murad lamentou a falta de esfor�os internacionais para resgatar as v�timas. Segundo ela, na Ucr�nia, cerca de 7.000 mulheres s�o v�timas de viol�ncia sexual devido � guerra. "A viol�ncia sexual n�o � um efeito colateral da guerra. Ela � uma arma usada para a destrui��o."
O Estado Isl�mico invadiu a comunidade rural de Kocho, distrito de Sinjar, no norte do Iraque, em agosto de 2014. Homens foram assassinados --entre eles, seis irm�os da ativista--, e as mulheres, sequestradas. As que tinham mais que 45 anos foram separadas das mais jovens, entre elas a m�e de Murad, e mortas.
Murad foi levada pelos terroristas aos 21 anos. Ficou tr�s meses em cativeiro, sofrendo viol�ncias f�sicas e estupros cont�nuos, o que os terroristas chamam de "jihad sexual".
Assim como as mulheres de seu territ�rio, a ativista pertence � minoria �tnico-religiosa curda yazidi, considerada infiel pelo Estado Isl�mico. Ela conseguiu fugir quando o terrorista que a mantinha aprisionada saiu para comprar roupas novas. Pouco depois, conseguiu asilo pol�tico na Alemanha.
Desde ent�o, Murad se tornou ativista internacional na luta contra o uso da viol�ncia sexual como arma de guerra e o tr�fico sexual de mulheres. Em 2017, lan�ou o livro "Que Eu Seja a �ltima: Minha Hist�ria de C�rcere e Luta Contra o Estado Isl�mico".
Apesar de a ONU ter reconhecido o genoc�dio contra os yzidis por parte do Estado Isl�mico, poucos terroristas foram punidos. Ela conta que muitos membros presos no Iraque s�o europeus, mas seus pa�ses n�o os aceitam de volta para julgamento.
A ativista criticou o sistema jur�dico iraquiano, que n�o considera o depoimento das sobreviventes e n�o possui um sistema de acolhimento adequando para as sobreviventes.
Murad afirmou que um grupo de mulheres foi resgatado recentemente atrav�s de sua iniciativa com a ONU. Elas, diz, tinham 9 anos quando foram raptadas pelo Estado Isl�mico em 2014.
"O mundo seguiu em frente. Precis�vamos de ajuda antes do genoc�dio, quando a desigualdade abria caminho para a viol�ncia. E ainda precisamos de ajuda para retornar � nossa terra e reconstruir a nossa casa", disse a Nobel da Paz.
A escritora Rosa Montero foi quem inaugurou o ciclo de palestras do Fronteiras do Pensamento, no final de maio. O evento segue at� outubro com programa��o online e presencial nas cidades de S�o Paulo e Porto Alegre. Ele contar� com nomes como David Eagleman e Michael Sandel.
FRONTEIRAS DO PENSAMENTO
Quando: At� 2 de outubro
Saiba mais em fronteiras.com