O pre�o do arroz foi um dos grandes vil�es para o bolso do consumidor brasileiro no ano de 2020. Somente na Grande BH, entre novembro do ano passado e outubro deste ano, o alimento sofreu aumento de 57,4%. Essa alta, inclusive, chegou a virar motivo de irrita��o para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesse domingo (25), quando questionado por um cidad�o pelo encarecimento do produto.
N�o � a primeira vez que alta no alimento queridinho da mesa dos brasileiros � motivo de desgaste para o presidente, que precisou reafirmar que n�o tabelaria o pre�o do produto e chegou a pedir para que donos de supermercado agissem com "patriotismo" na hora da venda. Mas, afinal, o que vem causando esse aumento? O governo � capaz de fre�-lo?
Para entender o aumento do arroz, � preciso compreender as especificidades de sua produ��o.
"Antes de falarmos sobre esse aumento espec�fico, � importante ressaltar que a produ��o do arroz � complicada por si s�. Requer muito maquin�rio, muito gasto de �gua. Tanto que, hoje em dia, mal se produz aqui em Minas", contextualiza Caio Coimbra, analista de agroneg�cios da Faemg (Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais). "Vale ressaltar tamb�m que o pre�o do arroz est� estagnado h� muitos anos, ainda com aumentos nos custos de produ��o."
Atualmente, os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul acumulam, juntos, cerca de 80% de toda a produ��o de arroz do pa�s.
Coimbra ressalta tr�s motiva��es centrais para o aumento do arroz: aumento da demanda, alta do d�lar e quest�es clim�ticas.
"O isolamento social fez com que a demanda pelo arroz aumentasse, j� que � um alimento que comemos em casa. Maior demanda, maior o pre�o", explica o analista de agroneg�cios. "Aumento da demanda n�o s� dentro do Brasil, como tamb�m fora".
A alta do d�lar contribui para fomentar a exporta��o, o que tamb�m provoca aumento dos pre�os. "Al�m da demanda aquecida do mercado externo, a alta do d�lar e de todas as moedas fortes durante o momento de inseguran�a em todo o mundo fez com que a exporta��o se tornasse uma op��o mais vantajosa para os produtores", complementa Coimbra.
Entre mar�o e agosto deste ano, o Brasil exportou 1,3 milh�o de toneladas de arroz, segundo pesquisa da Cogo, consultoria especializada em agroneg�cio. Esse total no mesmo per�odo do ano passado foi de 669 mil - um aumento de quase 100%.
"Por fim, o terceiro motivo foram problemas clim�ticos que afetaram regi�es da �sia, que s�o grandes consumidores do arroz e reduziram a produ��o", conclui Coimbra.
O que fazer?
Diante desse contexto, levanta-se a quest�o: o que � poss�vel fazer para frear esse aumento?
Uma das medidas do governo foi retirar o imposto de importa��o do arroz. "Com essa medida, que foi tomada em setembro e � v�lida at� o �ltimo dia deste ano, cria-se uma competitividade entre a produ��o local e os importados e, assim, equilibre os pre�os", comenta Caio Coimbra. At� o momento, a a��o n�o teve efic�cia pr�tica.
Outra medida poss�vel � aumentar a produ��o interna. "� uma maneira de reagir diante de qualquer produto que tiver aumento da demanda. Se conseguirmos aumentar a quantidade produzida de maneira suficiente, conseguimos abaixar o pre�o", esclarece o analista de agroneg�cios.
Em julho, a produ��o de arroz no Brasil aumentou 7,3% quando comparado ao mesmo m�s do ano passado - de 10,1 para 11 milh�es de toneladas, segundo dados do IBGE.
Vale lembrar que o per�odo de entressafras n�o influenciou diretamente no encarecimento do arroz neste ano. "Esse � um tipo de oscila��o normal do pre�o, que acontece sempre e n�o teve interfer�ncia direta nesse encarecimento pontual", ressalta Coimbra.
Pol�ticas econ�micas
As pol�ticas econ�micas do governo tamb�m podem contribuir, ainda que indiretamente, para conter a alta nos pre�os do arroz.
"O governo atualmente mant�m um c�mbio mais elevado para promover a exporta��o. Mas acredito que acabou subindo para al�m do esperado, principalmente pela pandemia", aponta o analista de agroneg�cios.
Outro fator importante para diminuir o pre�o do arroz seria barrar a alta do d�lar. "Para tal, � preciso dar sinais positivos ao mercado, como as propostas de reformas ou uma pol�tica econ�mica com responsabilidade fiscal", completa.
Aumento na Grande BH
O pre�o m�dio do arroz subiu 57,4% entre novembro do ano passado e outubro deste ano, segundo as pesquisas do Mercado Mineiro e do app Com Oferta. O salto foi de R$ 14,25 para R$ 22,43 em apenas doze meses.
Um pacote de 5kg do alimento foi encontrado de R$ 12,57 a R$ 27,99 durante esse per�odo na capital mineira. "O consumidor tem que redobrar a aten��o e n�o comprar muito. N�o estocar achando que vai disparar o pre�o, pois isso � muito ruim", pontua Feliciano Abreu, economista e coordenador do Mercado Mineiro.