
A depend�ncia do Brasil de tecnologia externa para a produ��o de vacinas contra a COVID-19 deixou evidente um gargalo na inova��o cient�fica do pa�s. Embora tenha centros de pesquisas de ponta em universidades e institutos p�blicos, o pa�s ainda depende de parceria com laborat�rios estrangeiros para a produ��o do insumo farmac�utico ativo (IFA).
Essa defici�ncia ficou evidente quando houve risco de atraso na produ��o da CoronaVac, no Instituto Butantan, e da Astazeneca/Oxford pela Funda��o Oswaldo Cruz (FioCruz) devido �s dificuldades de importa��o dos insumos da China e da �ndia. No entanto, esse gargalo tamb�m � o entrave para a produ��o de uma vacina com tecnologia totalmente nacional.
No entanto, a boa not�cia � que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) avan�a nas negocia��es para a constru��o de estrutura laboratorial em que poder�o ser produzidas as doses piloto de acordo com as exig�ncias da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). As tratativas seguem entre a universidade, governo de Minas e Minist�rio da Ci�ncia e Tecnologia. Em dois anos, a universidade mineira poder� contar com essa estrutura o que permitir� acelerar de produ��o de vacina para a COVID-19 e outras doen�as.
Na sexta-feira (26/3), o Instituto Butantan anunciou pedido de autoriza��o para apara os ensaios cl�nicos da ButanVac, apresentada como vacina com tecnologia 100% nacional, mas, logo depois, a informa��o foi contestada, uma vez que usava tecnologia de uma universidade americana no desenvolvimento.
No mesmo dia foi anunciada pelo Minist�rio da Ci�ncia e da Tecnologia anunciou a Versanume, desenvolvida pela faculdade de medicina de Ribeir�o Preto, da USP, em parceria com a Farmacore e a PDS Biotechnology, dos Estados Unidos.
No entanto, apesar dos an�ncios, o Brasil est� atr�s, no cen�rio mundial, na produ��o de vacinas. Isso se deve n�o � capacita��o de nossos cientistas, mas � falta de ofertar a eles infraestrutura. Carecem laborat�rios constru�dos com material e infraestrutura de equipamento espec�fica para essa produ��o. As estruturas mais avan�adas est�o no Butantan e a FioCruz BioManguinhos, que ainda precisam de parcerias com laborat�rios estrangeiros para produzir a vacina para a COVID-19.
"A UFMG n�o tem essa estrutura para preparar a formula��o com as condi��es exigidas pela Anvisa para se fazer testes em humanos e nem o pessoal de Ribeir�o Preto me parece que a formula��o foi feita no exterior", diz a professora Santuza Teixeira, uma das pesquisadoras do CTVacinas.
GARGALO DE LABORAT�RIOS ATRASA PESQUISAS

O gargalo atrasa a pesquisa de vacinas no Brasil, neste momento de luta contra o tempo para derrotar o novo coronav�rus. “Fazemos a prova de conceito, mas, na hora de fazer testes cl�nicos, n�o temos estrutura preparada para isso”, revela a pesquisadora. N�o se trata de uma defici�ncia da UFMG, mas um problema dos cientistas em todo o Brasil. “Em larga escala temos as f�bricas de vacinas. O que est� faltando � esse meio do caminho”.
“O gargalo � a produ��o do lote piloto da vacina, que precisa ser feito em condi��es que permitam utilizar em seres humanos. Produzimos em condi��es para fazer ensaios em cobaias. Vamos ter que fazer outra estrutura de laborat�rio certificado para esse tipo de ensaio”, revela a
professora.
Os estudos para o desenvolvimento de uma vacina com tecnologia nacional tiveram in�cio no CTVacina em mar�o do ano passado, quando foram confirmados os primeiros casos de COVID-19 no estado. Na fase atual, os pesquisadores realizam testes pr�-cl�nicos com macacos e preparam a documenta��o para enviar a Anvisa para ter in�cio os testes cl�nicos. Em Minas, h� dez pesquisas em andamento nas universidades.
Se a UFMG dispusesse dessa estrutura, os pesquisadores poderiam realizar os testes pr�-clinicos nessas condi��es. “Produzimos esses materiais para fazer os testes pr�-cl�nicos em condi��es que n�o s�o exigidas pela Anvisa. Se a gente tivesse feito esses testes com material produzido em boas pr�ticas de fabrica��o a gente j� poderia submeter para a Anvisa os resultados de testes em animais”, diz.
Os pesquisadores devem enviar os resultados obtidos nos pr�ximos dias, mas poder�o ter que refazer nas condi��es para testes em humanos. "A estrutura para produ��o de vacina no Brasil ficou, cada vez mais, limitada. Agora as pessoas perceberam que foi deixada de lado essa demanda. Agora est� claro que o MCT que a gente precisa ter mais estruturas do tipo Bio Manguinhos, Instituto Butantan”, afirma.
N�O H� DISPUTA ENTRE VACINAS, ALERTA PESQUISADORA
A pesquisadora alerta para evitar o que ela chama de "corrida de obst�culos" em rela��o � produ��o de uma vacina com tecnologia nacional. "Cada vacina � feita utilizando uma plataforma diferente, processos diferentes. Elas n�o s�o todas iguais. Ent�o, a gente n�o tem informa��o sobre o est�gio que chegou a vacina de Ribeir�o Preto e a vacina do Butantan", afirma.
A pesquisadora diz que o melhor � evitar compara��es e a politiza��o dos estudos. "A vacina da UFMG continua no processo dentro do que a gente vinha planejado". Os pesquisadores pretendem encaminhar esse pedido junto � Anvisa o mais r�pido poss�vel. "Isso n�o vai acontecer na semana que vem", completa.
A pesquisadora esclarece que o desenvolvimento da vacina no CTVacinas est� andando no tempo poss�vel para manter a seguran�a e todas as etapas com muito cuidado. "Existe uma quest�o pol�tica por tr�s. � uma de S�o Paulo, do Butantan, a outra � de uma universidade federal e a outra de uma universidade estadual. A gente n�o quer entrar nesta discuss�o", diz.
A efic�cia de cada uma das vacinas nacionais s� ser� conhecida ao fim do ensaio cl�nico, que � dividido em tr�s fases. "Ainda n�o temos resultados com os primatas n�o humanos, que s�o os macacos que a gente est� testando"
Ela esclarece que o mais importante � obter a formula��o que vai ser usada nos testes cl�nicos. "O que est� sendo utilizado com os primatas n�o humanos � uma formula��o que ainda n�o � aprovada para ser utilizada em humano. Estamos em processo porque exige estrutura de laborat�rio que � muito mais sofisticada que a estrutura que se tem hoje dentro da UFMG.
A reportagem entrou em contato com a Anvisa, Instituto Butantan e FioCruz e aguarda o retorno.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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