
A Comunidade de Intelig�ncia dos EUA (CI), federa��o de 17 ag�ncias governamentais independentes que realizam atividades de intelig�ncia, divulgou uma pesquisa sobre o estado do mundo em 2040.
E o futuro � sombrio: o estudo alerta para uma volatilidade pol�tica e crescente competi��o internacional ou mesmo conflito.
O relat�rio intitulado "Globo Trends 2040 - A More Contested World" ("Tend�ncias Globais 2040 - Um Mundo Mais Disputado", em portugu�s) � uma tentativa de analisar as principais tend�ncias, descrevendo uma s�rie de cen�rios poss�veis.
� o s�timo relat�rio desse tipo, publicado a cada quatro anos pelo Conselho Nacional de Intelig�ncia desde 1997.N�o se trata de uma leitura relaxante para quem � um l�der pol�tico ou diplomata internacional - ou espera ser um nos pr�ximos anos.
Em primeiro lugar, o relat�rio foca nos fatores-chave que v�o impulsionar a mudan�a.
Um deles � a volatilidade pol�tica.
"Em muitos pa�ses, as pessoas est�o pessimistas sobre o futuro e est�o cada vez mais desconfiadas de l�deres e institui��es que consideram incapazes ou relutantes em lidar com tend�ncias econ�micas, tecnol�gicas e demogr�ficas disruptivas", adverte o relat�rio.

Democracias vulner�veis
O estudo argumenta que as pessoas est�o gravitando em torno de grupos com ideias semelhantes e fazendo demandas maiores e mais variadas aos governos em um momento em que esses mesmos governos est�o cada vez mais limitados no que podem fazer.
"Essa incompatibilidade entre as habilidades dos governos e as expectativas do p�blico tende a se expandir e levar a mais volatilidade pol�tica, incluindo crescente polariza��o e populismo dentro dos sistemas pol�ticos, ondas de ativismo e movimentos de protesto e, nos casos mais extremos, viol�ncia, conflito interno, ou mesmo colapso do estado", diz o relat�rio.
Expectativas n�o atendidas, alimentadas por redes sociais e tecnologia, podem criar riscos para a democracia.
"Olhando para o futuro, muitas democracias provavelmente ser�o vulner�veis a uma eros�o e at� mesmo ao colapso", adverte o texto, acrescentando que essas press�es tamb�m afetar�o os regimes autorit�rios.
Pandemia, uma 'grande ruptura global'
O relat�rio afirma que a atual pandemia � a "ruptura global mais significativa e singular desde a 2ª Guerra Mundial", que alimentou divis�es, acelerou as mudan�as existentes e desafiou suposi��es, inclusive sobre como os governos podem lidar com isso.

O �ltimo relat�rio, de 2017, previu a possibilidade de uma "pandemia global em 2023" reduzir drasticamente as viagens globais para conter sua propaga��o.
Os autores reconhecem, no entanto, que n�o esperavam o surgimento da covid-19, que dizem ter "abalado suposi��es antigas sobre resili�ncia e adapta��o e criado novas incertezas sobre a economia, governan�a, geopol�tica e tecnologia".
As mudan�as clim�ticas e demogr�ficas tamb�m v�o exercer um impacto primordial sobre o futuro do mundo, assim como a tecnologia, que pode ser prejudicial, mas tamb�m trazer oportunidades para aqueles que a utilizarem de maneira eficaz e primeiro.
Competi��o geopol�tica
Internacionalmente, os analistas esperam que a intensidade da competi��o pela influ�ncia global alcance seu n�vel mais alto desde a Guerra Fria nas pr�ximas duas d�cadas em meio ao enfraquecimento cont�nuo da velha ordem, enquanto institui��es como as Na��es Unidas enfrentam dificuldades.

Organiza��es n�o-governamentais, incluindo grupos religiosos e as chamadas "empresas superestrelas da tecnologia" tamb�m podem ter a capacidade de construir redes que competem com - ou at� mesmo - driblam os Estados.
O risco de conflito pode aumentar, tornando-se mais dif�cil impedir o uso de novas armas.
O terrorismo jihadista provavelmente continuar�, mas h� um alerta de que terroristas de extrema direita e esquerda que promovem quest�es como racismo, ambientalismo e extremismo antigovernamental possam ressurgir na Europa, Am�rica Latina e Am�rica do Norte.
Os grupos podem usar intelig�ncia artificial para se tornarem mais perigosos ou usar realidade aumentada para criar "campos de treinamento de terroristas virtuais".
A competi��o entre os EUA e a China est� no centro de muitas das diferen�as nos cen�rios - se um deles se torna mais bem-sucedido ou se os dois competem igualmente ou dividem o mundo em esferas de influ�ncia separadas.
Um relat�rio de 2004 tamb�m previu um califado emergindo do Oriente M�dio, como o que o autodenominado Estado Isl�mico tentou criar na �ltima d�cada, embora o mesmo estudo - olhando para 2020 - n�o tenha capturado a competi��o com a China, que agora domina as preocupa��es de seguran�a dos EUA.
O objetivo geral � analisar futuros poss�veis, em vez de acertar previs�es.
Democracias mais fortes ou 'mundo � deriva'?
Existem alguns cen�rios otimistas para 2040 - um deles foi chamado de "o renascimento das democracias".
Isso envolve os EUA e seus aliados aproveitando a tecnologia e o crescimento econ�mico para lidar com os desafios dom�sticos e internacionais, enquanto as repress�es da China e da R�ssia (inclusive em Hong Kong) sufocam a inova��o e fortalecem o apelo da democracia.
Mas outros s�o mais desanimadores.
"O cen�rio do mundo � deriva" imagina as economias de mercado nunca se recuperando da pandemia de Covid, tornando-se profundamente divididas internamente e vivendo em um sistema internacional "sem dire��o, ca�tico e vol�til", j� que as regras e institui��es internacionais s�o ignoradas por pa�ses, empresas e outros grupos.
Um cen�rio, por�m, consegue combinar pessimismo com otimismo.
"Trag�dia e mobiliza��o" prev� um mundo em meio a uma cat�strofe global no in�cio de 2030, gra�as �s mudan�as clim�ticas, fome e agita��o - mas isso, por sua vez, leva a uma nova coaliz�o global, impulsionada em parte por movimentos sociais, para resolver esses problemas.
Claro, nenhum dos cen�rios pode acontecer ou - mais provavelmente - uma combina��o deles ou algo totalmente novo pode surgir. O objetivo, dizem os autores, � se preparar para uma s�rie de futuros poss�veis - mesmo que muitos deles pare�am longe de ser otimistas.
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