
"Estamos dormindo aqui h� quatro noites e continuaremos at� que o presidente retorne ao Pal�cio presidencial", afirma.
Uma centena de simpatizantes do ex-presidente protesta em frente � sede da divis�o de opera��es especiais da pol�cia, Marco Puente Llanos, em Ate, no leste de Lima.
Em frente ao port�o, policiais de choque formam um cord�o isolando a entrada.
Em 7 de dezembro, Castillo, de 53 anos, ordenou a dissolu��o do Parlamento horas antes de o Legislativo se reunir para discutir seu impeachment, a terceira tentativa de afastamento do esquerdista desde que chegou ao poder em julho de 2021.
Mas o Parlamento o ignorou e votou, por ampla maioria, sua destitui��o por "incapacidade moral". Castillo, professor rural e l�der sindical, foi preso poucas horas depois quando se dirigia � embaixada mexicana para pedir asilo pol�tico.
Agora, o Minist�rio P�blico, que o investiga por suposta corrup��o, o processa por "rebeli�o" e "conspira��o". Castillo, por�m, tem o apoio das regi�es andinas e muitos simpatizantes presentes no protesto s�o destas �reas. "Pedro, amigo! O povo est� contigo!" ou "Insurrei��o!", clamam em coro.
Ana Karina Ramos aponta o local onde dorme na cal�ada com seus "companheiros de luta".
H� colch�es sujos e almofadas empilhadas. Tamb�m uma pequena tenda com um cartaz escrito: "Se n�o houver liberdade, haver� revolu��o! For�a, presidente Castillo".
Ramos acusa as atuais autoridades e afirma que prenderam o ex-presidente sem raz�o, porque ele � "um homem do campo, um agricultor, um professor, um homem honesto".
Em sua opini�o, Castillo foi sequestrado e humilhado. "Nunca o deixaram governar. Desde o primeiro dia, a direita nunca aceitou sua vit�ria", observa.
Mesmas ra�zes
Diante do pres�dio, advogados chegam um ap�s o outro para visitar o ex-presidente. "Imprensa lixo! Mentirosos!", gritam os manifestantes. Um deles joga uma laranja, sem acertar ningu�m.
Outro arremessa len�os umedecidos como sinal de desprezo � imprensa, que acusam de estar a servi�o da "direita", dos "ricos" e do poder.
Os manifestantes, por�m, s�o mais indulgentes com a imprensa estrangeira. Uma jovem, Mayra Llantoy, mant�m um discurso duro: "� hora de lutar! Por nossos filhos, por nosso netos, porque se nos rendermos agora, sempre seremos esmagados".
Ela acredita que o ex-presidente � v�tima de um compl� e defende a tese de que foi drogado quando pronunciou a mensagem ao pa�s anunciando o golpe de Estado."Durante o an�ncio ele estava tremendo. Percebi que ele estava com medo. Estava revirando os olhos", diz a vendedora ambulante, m�e de um menino de 7 anos.
"Ele estava drogado", acredita Miriam Castro, 52 anos. Cozinheira, ela prepara uma sopa de milho que distribui gratuitamente gra�as a doa��es.
E afirma que est� disposta a ficar muito tempo em frente ao pres�dio."Aqui estamos, queremos a liberdade do presidente Castillo", declara.
Regularmente, os partid�rios mudam as palavras de ordem. Depois de gritos a favor de Castillo, lan�am "Fujimori nunca mais!".
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Ironicamente, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), condenado a 25 anos de pris�o pela Justi�a, est� no mesmo quartel que Castillo.
"N�o � a mesma coisa. O 'japon�s' fez muito mal ao Peru. Ele n�o � peruano como Castillo, que tem nossas ra�zes. Fomos governados pelos japoneses, por outros governos, mas Castillo nos representa", exclama Castro, esperando que atr�s dos muros o ex-presidente "ou�a" o apoio dos manifestantes.