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Estado de Minas NA FALTA DE...

Se n�o tem arroz, que comam macarr�o? 4 fatos sobre a substitui��o proposta por supermercados

Ao menos no munic�pio de S�o Paulo, o macarr�o continua sendo mais caro que o arroz


10/09/2020 15:37 - atualizado 11/09/2020 07:36

(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

Depois de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras), Jo�o Sanzovo Neto, defendeu a substitui��o do consumo de arroz por macarr�o.

"Vamos estar promovendo o consumo de massa, macarr�o, que � o substituto do arroz. E vamos orientar o consumidor que n�o estoque", disse.

Em meio ao aumento no pre�o de alimentos, a sugest�o levou logo a compara��es com a frase "N�o tem p�o? Que comam brioches!", que virou lenda ao ser atribu�da a Maria Antonieta, embora n�o haja registro de que tenha sido de fato dita por ela. A express�o virou s�mbolo da falta de entendimento da nobreza em rela��o �s necessidades da popula��o.

De tempos em tempos, o brasileiro ouve uma sugest�o de produto a ser substitu�do na mesa. Em setembro de 2014, diante de uma alta da infla��o de alimentos, o ent�o secret�rio de Pol�tica Econ�mica do Minist�rio da Fazenda, M�rcio Holland, sugeriu que a popula��o brasileira ficasse atenta para a possibilidade de substituir carne por aves e ovos.

Agora, a discuss�o est� nos carboidratos. Embora outros alimentos tenham tido uma alta de pre�o ainda maior neste ano, � o arroz que vem dominando o debate — ele ficou quase 20% mais caro desde o in�cio do ano, enquanto o pre�o do feij�o mulatinho subiu 32,6%, da abobrinha, 46,8%, e da cebola, 50,4%, segundo dados divulgados na quarta (09/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

A BBC News Brasil ouviu especialistas nas �reas de nutri��o, sociologia e economia sobre quais fatores devem ser levados em conta ao se falar em substitui��o do arroz pelo macarr�o. Um spoiler: ao menos no munic�pio de S�o Paulo, o macarr�o continua saindo mais caro que o arroz.

1.Infla��o

A sugest�o da substitui��o veio diante da alta de pre�o do arroz: enquanto ele subiu 19,25% neste ano at� agosto, o pre�o do macarr�o ficou est�vel, segundo os dados do IBGE.

O arroz subiu em todas as regi�es pesquisadas, chegando a uma alta de 27,8% em Salvador. J� o pre�o do macarr�o cresceu um pouco em algumas regi�es e caiu em outras, resultando em uma varia��o igual a zero quando pensamos no pa�s todo.

Professor de economia da Universidade Federal do ABC, o economista F�bio Terra explica que a l�gica por tr�s da sugest�o na troca dos produtos � o chamado efeito substitui��o, que, nesse caso, consiste em substituir a demanda do arroz pela demanda do macarr�o. No entanto, ele pondera que, na pr�tica, a mudan�a n�o � simples como quer a teoria econ�mica.

"A racionalidade que colocamos na teoria da economia n�o considera cultura, gosto, rotina, h�bito. Ent�o � muito f�cil falar pra substituir arroz por macarr�o, mas 95% dos brasileiros comem arroz. N�o � uma mudan�a t�o simples de ser feita."


Quase 95% dos brasileiros consomem arroz e mais da metade o fazem no mínimo uma vez por dia, aponta Conab(foto: Getty Images)
Quase 95% dos brasileiros consomem arroz e mais da metade o fazem no m�nimo uma vez por dia, aponta Conab (foto: Getty Images)

Um estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicado em 2015, menciona que "quase 95% dos brasileiros consomem arroz e mais da metade o fazem no m�nimo uma vez por dia". O mesmo documento aponta que a prefer�ncia nacional de consumo � pelo arroz da classe longo fino, comercialmente conhecido como "arroz-agulhinha".

Terra lembra que o aumento do pre�o do arroz � uma combina��o de fatores, e muitos est�o fora do Brasil. "Est� acontecendo um choque que se d�, em parte, porque pode ter ocorrido aumento de demanda (pelo fato de as pessoas estarem mais em casa, e n�o pelo aux�lio emergencial), e isso est� combinado com a colheita de produtores internacionais ainda n�o ter come�ado e com exporta��es do Brasil terem aumentado significativamente."

2. Pre�o na prateleira e rendimento

O ritmo de aumento do pre�o do arroz n�o significa, no entanto, que o quilo do arroz tenha necessariamente ficado mais caro que o macarr�o, especialmente considerando as diferen�as regionais.

Dados do levantamento do Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese) em 17 capitais aponta uma m�dia de pre�o do quilo do arroz que vai de R$ 3,20 em Curitiba a R$ 4,54 no Rio de Janeiro em agosto. Em S�o Paulo, a m�dia � de R$ 3,37.

O pre�o m�dio do pacote de 500g de macarr�o em agosto ficou em R$ 2,64 no munic�pio de S�o Paulo. Isso significa que a m�dia do quilo do macarr�o (R$ 5,28) ainda � mais cara que a m�dia do quilo de arroz. (N�o h� dados do pre�o de macarr�o em outras capitais pois o item n�o integra a cesta b�sica do Dieese.)

A coordenadora da pesquisa da cesta b�sica do Dieese, Patr�cia Costa, lembra que o macarr�o � feito de farinha de trigo, e grande parte do trigo consumido do Brasil � importado. "Importar alimentos com o real desvalorizado significa pagar mais pelo gr�o em real e encarece o valor m�dio dos derivados — como se observa no pre�o do macarr�o e do p�o franc�s."

Ela destaca, ainda, que "� muito complicado para as fam�lias brasileiras pagarem pelo aumento de produtos t�o b�sicos e t�o importantes como arroz, macarr�o, carne bovina, leite, p�o franc�s".

A professora de Nutri��o da UnB Raquel Botelho lembra que, para n�o cair em armadilha, � importante comparar os pre�os levando em conta o valor do quilo, e n�o do pacote de macarr�o (que, em geral, cont�m 500g do produto).

Especialista na �rea de t�cnica diet�tica, que contempla cozinha e prepara��es, ela tamb�m destaca que o arroz rende mais que o macarr�o. Segundo ela, um saco de um quilo de arroz, bem preparado, rende na panela pelo menos 2kg. Se for um arroz do tipo 1, chega a virar 2,5kg ap�s o preparo. J� o macarr�o, segundo ela, a tend�ncia � n�o passar de 2kg.


Arroz ficou quase 20% mais caro desde o início do ano no Brasil - e deve continuar subindo no curto prazo(foto: Thinkstock)
Arroz ficou quase 20% mais caro desde o in�cio do ano no Brasil - e deve continuar subindo no curto prazo (foto: Thinkstock)

3.Caracter�sticas nutritivas

O soci�logo Carlos Alberto D�ria, autor do livro A culin�ria caipira da Paulist�nia, diz que h� uma "perspectiva colonialista" na fala do representante dos supermercados, que aponta apenas o macarr�o como substituto do arroz. Ele lembra que o Brasil tem alternativas de qualidade nutricional e sabor.

"Ao arroz n�o se contrap�e apenas o macarr�o, mas tamb�m a outros carboidratos, como farinha de milho, farinha de mandioca, o cuscuz — importante na alimenta��o brasileira de norte a sul."

O Guia alimentar para a popula��o brasileira, do Minist�rio da Sa�de, aponta que o arroz � o principal representante do grupo dos cereais no Brasil e que o consumo mais frequente � na mistura com o feij�o. No grupo dos cereais, tamb�m est�o milho (incluindo gr�os e farinha) e trigo (incluindo gr�os, farinha, macarr�o e p�es), al�m de aveia e centeio.

Por que, ent�o, mencionar apenas o macarr�o? D�ria diz que � a "l�gica do supermercado": o macarr�o � mais padronizado e tem v�rias faixas de pre�os, enquanto solu��es mais regionais est�o ligadas principalmente � agricultura familiar ou pequenas ind�strias locais.

Raquel Botelho diz que, analisando puramente os macronutrientes, o macarr�o �, sim, substituto do arroz, mas desencoraja a substitui��o.

"Em termos de calorias, se for arroz puro e macarr�o puro, n�o faz diferen�a. S�o parecidos. Mas a gente n�o come puro — e sim alho e �leo, molho de tomate, molho branco. Dependendo de como combinar, tem um adicional de calorias."

J� o valor do arroz, ela diz, est� exatamente na popular combina��o com o feij�o. Por isso, ela diz, deve-se encorajar a popula��o a consumir arroz com feij�o, que � "marcador de identidade no Brasil".

"A combina��o arroz com feij�o � muito feliz porque o arroz tem amino�cido que o feij�o n�o tem e vice-versa. Eles se completam. Por isso que, como nutricionistas, encorajamos o consumo, principalmente em popula��es que n�o consomem tanta prote�na animal. � uma forma de garantir minimamente o aporte desses amino�cidos."

Ela destaca que o feij�o � fonte de ferro e de fibra, especialmente importante numa popula��o que come cada vez menos frutas e vegetais.

"Tirando o arroz com feij�o, voc� tira quantidade de fibra da dieta do brasileiro."

Mas n�o pode comer macarr�o com feij�o?

Pode. Raquel Botelho diz, no entanto, que a combina��o s� dos dois n�o � t�o comum no Brasil quanto o arroz com feij�o.

D�ria lembra da popular pasta e fagioli na It�lia, que � uma esp�cie de sopa de feij�o com macarr�o.

"Quando as pessoas falam que n�o combina, h� primeiro um vi�s elitista e segundo um desconhecimento, porque uma das coisas mais populares no Brasil � o arroz, feij�o e macarr�o, juntos no mesmo prato."

4. Sensibilidade ao gl�ten

Outro fator importante apontado pela nutricionista � que o macarr�o cont�m gl�ten.

Como a estimativa � de que 10% da popula��o seja sens�vel ao gl�ten, segundo ela, o macarr�o n�o � uma op��o para essas pessoas. Esse percentual inclui cel�acos, al�rgicos e pessoas com sensibilidade ao gl�ten.

"A alternativa seria o macarr�o de... arroz", diz.


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O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

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Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
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Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

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  • Problemas g�stricos
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Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
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Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

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Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

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