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Estado de Minas PREOCUPA��O

Por que a vacina da Pfizer/BioNTech pode nunca chegar aos brasileiros?

Imunizante contra a covid-19 aprovado hoje no Reino Unido enfrenta uma s�rie de barreiras para sua ado��o pelo Minist�rio da Sa�de. Entenda os argumentos de todos os interessados nesta quest�o.


03/12/2020 07:11 - atualizado 04/12/2020 07:57

Pouco mais de dez meses ap�s a identifica��o do Sars-CoV-2, o coronav�rus causador da pandemia atual, o mundo j� tem a sua primeira vacina testada e aprovada.

O Reino Unido anunciou na quarta-feira (02/11) que o imunizante BNT162b2, desenvolvido pelas farmac�uticas Pfizer e BioNtech, est� liberado para uso no pa�s e come�ar� a ser aplicado nos cidad�os de l� a partir da semana que vem.

E o Brasil? Ser� que temos alguma perspectiva do uso deste produto em nosso pa�s? Pelas informa��es divulgadas at� o momento, n�o existe nenhuma defini��o e h� o risco de ficarmos sem acesso a ele.

As declara��es dadas nos �ltimos dias por representantes do governo colocam um grande ponto de interroga��o sobre a disponibilidade dessas doses aos brasileiros.

Desafio log�stico

Sem citar nenhuma farmac�utica em especial, o ministro da Sa�de, general Eduardo Pazuello, criticou as promessas feitas por algumas produtoras de vacinas hoje pela manh�, durante uma entrevista coletiva.

"S�o muito poucas as fabricantes que t�m quantidade e um cronograma de entrega efetivo para o nosso pa�s. Quando chega no final das negocia��es e vai para a entrega e as fabrica��es, os n�meros s�o p�fios. � um n�mero de grande quantidade que reduz a uma, duas, tr�s companhias. A maioria fica com n�meros muito pequenos para nosso pa�s".

A fala est� em conson�ncia com outra manifesta��o feita na ter�a-feira por Arnaldo Medeiros, secret�rio de Vigil�ncia em Sa�de do minist�rio. O representante disse que o Brasil priorizaria os imunizantes que se adequassem � infraestrutura das salas de vacina��o espalhadas pelo pa�s.

"Fundamentalmente que ela [a vacina] seja termoest�vel por longos per�odos, em temperaturas de dois a oito graus. Por qu�? Porque nossa rede de frios, nas 34 mil salas, � montada e estabelecida com aproximadamente 2° C a 8° C."

Mais tarde, num v�deo publicado no canal de YouTube do Minist�rio da Sa�de, Medeiros destacou que nenhuma das concorrentes mais avan�adas est� eliminada da lista de op��es do governo.

"� extremamente importante avisarmos a popula��o brasileira que o Minist�rio da Sa�de, atrav�s do Programa Nacional de Imuniza��es, n�o descarta nenhuma vacina. O que n�s queremos � uma vacina que seja registrada na Anvisa e que mostre efic�cia e seguran�a necess�rias."

Mas o que isso tem a ver com o produto de Pfizer/BioNTech rec�m-aprovado no Reino Unido? A grande controv�rsia � que suas doses precisam ser armazenadas a -75 °C, uma temperatura que demanda equipamentos especiais. Essa exig�ncia pode dificultar o transporte e a chegada das doses a regi�es mais afastadas e com pouca infraestrutura.

Outras candidatas, como a Sputnik V, a CoronaVac e os produtos desenvolvidos por AstraZeneca/Universidade de Oxford ou Johnson & Johnson requerem uma refrigera��o que varia entre 2° C e 8° C, valor facilmente obtido pelas geladeiras convencionais.

O que dizem os fabricantes

Por meio de nota enviada � imprensa, a Pfizer deu a sua vers�o sobre os fatos e as alega��es. A empresa diz que possui um plano log�stico detalhado e ferramentas para o transporte, o armazenamento e o monitoramento das doses na temperatura preconizada.

"Entendendo os desafios que alguns programas de vacina��o poderiam enfrentar, a Pfizer desenvolveu uma embalagem inovadora em caixas nas quais o armazenamento da vacina a -75 °C pode se dar por 15 dias, em gelo seco."

A companhia ainda argumenta que sua vacina, cujos resultados j� foram enviados para an�lise da Anvisa, a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria, pode ficar num refrigerador comum por at� cinco dias. "Isso viabiliza a vacina��o, principalmente na situa��o atual em que se pretende vacinar o maior n�mero de pessoas em curto espa�o de tempo."

Por fim, a nota destaca que outros pa�ses da Am�rica Latina com uma condi��o parecida a do Brasil, como Chile, Peru, M�xico, Panam� e Costa Rica, j� assinaram acordos de compra e t�m condi��es de operacionalizar a aplica��o das doses a partir do in�cio de 2021.

Em entrevistas recentes, o CEO da farmac�utica no Brasil, Carlos Murillo, disse que tentou conversar com o Minist�rio da Sa�de em diversas ocasi�es ao longo do segundo semestre de 2020 para negociar a venda antecipada de doses dessa vacina contra a covid-19. De acordo com o executivo, o governo n�o respondeu aos contatos.

Mais recentemente, algumas reuni�es entre o governo e empresa aconteceram, mas n�o houve nenhuma defini��o at� o momento sobre compra de unidades do imunizante ou uma eventual transfer�ncia de tecnologia.

Portanto, mesmo se o Brasil fizer um acordo com Pfizer e BioNTech nos pr�ximos dias ou semanas, estar� bem atr�s na fila de espera. A prioridade de entrega dos primeiros lotes ser� para as na��es que anteciparam os seus pedidos.

A disponibilidade desse imunizante em cl�nicas privadas ao longo de 2021 tamb�m � remota. Afinal, a fabrica��o estar� 100% voltada para suprir a necessidade dos governos mundo afora.

Falta de estrutura?

Outro lado a se manifestar nas �ltimas horas foi o Conselho Nacional de Climatiza��o e Refrigera��o, que re�ne as 15 maiores entidades do setor no Brasil.

Por meio de um comunicado, o �rg�o assegura que o pa�s tem capacidade de fornecer a tecnologia necess�ria para o armazenamento das doses de quaisquer vacinas, mesmo que elas precisem ficar a -75 °C:

"Se faz necess�rio esclarecer que o Brasil disp�e de uma forte cadeia de frio, com in�meros fabricantes no territ�rio nacional, com tecnologia dispon�vel. Al�m disso, o setor de servi�os possui profissionais com conhecimento robusto para instala��es de baix�ssima temperatura, tanto que instala��es de criogenia encontram-se presentes operando h� muitos anos no Brasil. Portanto, o setor de frio nacional pode adequar a infraestrutura e disponibilizar solu��es para qualquer temperatura, inclusive -70 °C, com planejamento e investimento."

O que resta ao Brasil?

Desde que as primeiras candidatas evolu�ram para a fase 3 de pesquisas, a �ltima etapa antes da aprova��o, o mundo passou por uma verdadeira disputa, em que cada pa�s se planejou para garantir as doses de uma ou de diversas farmac�uticas.

Algumas na��es preferiram diversificar suas apostas — afinal, caso um imunizante se sa�sse mal nos testes cl�nicos, haveria outras op��es de reserva.

O Canad� � o melhor exemplo disso: o acordo que os governantes deste pa�s fizeram garantiram uma m�dia de 9 doses de vacina para cada habitante, de acordo com informa��es compiladas pela revista The Economist. Logo atr�s, aparecem Austr�lia e Reino Unido, com cinco doses por pessoa.

O Brasil, pelo contr�rio, lan�ou todas as suas fichas numa parceria para compra e transfer�ncia de tecnologia da formula��o desenvolvida por AstraZeneca e Universidade Oxford.

Outra fonte importante de imunizantes ao pa�s � a Covax Facility, uma iniciativa da Organiza��o Mundial da Sa�de para distribui��o de algumas das vacinas �s na��es menos desenvolvidas.

H� ainda alguns acordos feitos pelos Estados. � o que acontece com Paran� e Bahia, que t�m contrato assinado para receber futuramente a Sputnik V, do Instituto Gamaleya de Pesquisa, da R�ssia.

O cen�rio � parecido com a CoronaVac, do laborat�rio chin�s Sinovac, que firmou um conv�nio com o Instituto Butantan, em S�o Paulo.


O governador de São Paulo, João Doria, apresenta a embalagem da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e testada no Brasil pelo Instituto Butantan. A taxa de eficácia dessa candidata ainda não é conhecida(foto: Rodrigo Paiva/Getty Images)
O governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, apresenta a embalagem da CoronaVac, desenvolvida pelo laborat�rio chin�s Sinovac e testada no Brasil pelo Instituto Butantan. A taxa de efic�cia dessa candidata ainda n�o � conhecida (foto: Rodrigo Paiva/Getty Images)

Passos finais da corrida

Antes de aplicar qualquer vacina, � necess�rio que os estudos preliminares de fase 3, que testam a efic�cia e a seguran�a do produto, sejam divulgados. Essa etapa j� foi cumprida por quatro concorrentes: Pfizer/BioNTech, Moderna, Instituto Gamaleya de Pesquisa e AstraZeneca/Universidade Oxford.

Os tr�s primeiros tiveram uma taxa de efic�cia superior a 90%, que foi considerada �tima. J� no caso de AstraZeneca/Universidade Oxford, justamente a aposta do Minist�rio da Sa�de, houve um erro na condu��o dos testes cl�nicos. Isso levantou algumas d�vidas sobre os resultados e pode atrasar um pouco a sua chegada.


Armazenamento das doses numa temperatura muito baixa é o principal entrave do uso da vacina de Pfizer/BioNTech no Brasil(foto: FrankyDeMeyer/Getty Images)
Armazenamento das doses numa temperatura muito baixa � o principal entrave do uso da vacina de Pfizer/BioNTech no Brasil (foto: FrankyDeMeyer/Getty Images)

Quando esse trabalho cient�fico est� conclu�do e atingiu seus objetivos, os documentos e relat�rios s�o enviados �s ag�ncias regulat�rias, que avaliam a solidez daquelas informa��es e decidem se a vacina poder� ser usada ou n�o em determinado local. Foi o que aconteceu hoje no Reino Unido, o primeiro pa�s a dar sinal verde a uma vacina contra a covid-19 no mundo. No Brasil, o �rg�o respons�vel por esse processo � a Anvisa.

Feita a libera��o, o imunizante pode finalmente ser importado ou fabricado e distribu�do para finalmente ser aplicado nas pessoas.

Diante das �ltimas informa��es, o clima por enquanto � de indefini��o: ainda n�o sabemos quais das vacinas ser�o realmente utilizadas no pa�s. Isso vai depender do avan�ar das pesquisas e, claro, da negocia��o que ser� conduzida a partir de agora pelo Minist�rio da Sa�de.


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O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

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