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Estado de Minas PANDEMIA

Como � ter COVID-19 em pa�s onde n�o existe caso oficial da doen�a

Turcomenist�o � uma das poucas na��es, al�m da Coreia do Norte, que afirma n�o ter casos de coronav�rus, mas dados compilados por fontes independentes mostram o contr�rio.


22/09/2021 07:04 - atualizado 22/09/2021 08:21


Sob governo de Berdymukhammedov, visto aqui em passeio de bicicleta no ano passado, imagem de nação saudável é peça central da propaganda estatal
Sob governo de Berdymukhammedov, visto aqui em passeio de bicicleta no ano passado, imagem de na��o saud�vel � pe�a central da propaganda estatal (foto: Getty Images)

O Turcomenist�o � um dos poucos pa�ses, incluindo a Coreia do Norte, que afirma n�o ter casos de coronav�rus. Mas dados compilados por fontes independentes sugerem que a na��o da �sia Central est� experimentando sua terceira e possivelmente mais forte onda de covid-19.

Sayahat Kurbanov (nome fict�cio) n�o conseguia respirar. Seu f�lego havia desaparecido: era como se ele tivesse corrido uma maratona, a dor no peito era insuport�vel.

Kurbanov apresentava todos os sintomas do novo coronav�rus. Mas havia um problema: no Turcomenist�o n�o existem oficialmente pacientes como ele.

Quando Kurbanov ligou para uma ambul�ncia no m�s passado, o m�dico disse que ele estava com pneumonia e deveria ir ao hospital com urg�ncia. Kurbanov sabia que os m�dicos do pa�s se referiam a casos de covid como pneumonia.

No caminho para o hospital, ele conseguiu ligar para a cl�nica onde havia feito um teste de covid alguns dias antes. "Positivo", ouviu uma voz baixa dizer. "O que � positivo?", gritou Kurbanov, acrescentando: "� covid?". "Sim", foi a resposta.

S� mais tarde, Kurbanov descobriu que nunca receberia uma comprova��o impressa desse diagn�stico. Testes com resultado positivo n�o s�o notificados oficialmente no pa�s.

O primeiro hospital ao qual se dirigiu se recusou a receb�-lo porque estava lotado.

"Quase morri no caminho", lembra Kurbanov. "A falta de ar... o v�rus progrediu t�o r�pido. Comecei a bater na janela e gritei 'Por favor, pare, n�o consigo respirar'. Eles me deram oxig�nio, mas n�o ajudou muito."

O hospital seguinte tamb�m se recusou a intern�-lo, desta vez porque estava proibido de receber pacientes n�o registrados na capital, Ashgabat.

"Comecei a entrar em p�nico. Perguntei ao m�dico: 'O que devo fazer? Morrer aqui?'"


Médicos e enfermeiras no Turcomenistão não fazem menção a covid ou a coronavírus (imagem de arquivo)
M�dicos e enfermeiras no Turcomenist�o n�o fazem men��o a covid ou a coronav�rus (imagem de arquivo) (foto: Getty Images)

Kurbanov chamou um m�dico que conhecia e implorou por ajuda. Depois de v�rios telefonemas e conversas acaloradas, acabou sendo admitido.

Sua condi��o n�o mudou por cinco dias.

"N�o conseguia respirar — era como se tudo dentro de mim estivesse colado. Tive ataques de p�nico porque n�o conseguia respirar. Era como se tivesse mergulhado na �gua e n�o pudesse voltar � superf�cie."

Kurbanov gritou para as enfermeiras lhe darem algo para aliviar a dor. Ir ao hospital nem sempre � suficiente para receber tratamento no Turcomenist�o, diz ele. Os m�dicos ignoram rotineiramente os pacientes e as enfermeiras n�o os examinam, a menos que algu�m de alto escal�o ligue para as pessoas certas.


Morte de diplomata turco quase pôs fim à campanha de acobertamento da covid no Turcomenistão
Morte de diplomata turco quase p�s fim � campanha de acobertamento da covid no Turcomenist�o (foto: Governo da Turquia)

Arma de propaganda

O hospital tamb�m n�o tinha funcion�rios em n�mero suficiente, com algumas enfermeiras cuidando de mais de 60 pessoas. Houve ocasi�es em que at� uma faxineira administrou inje��es, diz ele.

As enfermeiras compartilharam hist�rias sobre pacientes desmaiando e morrendo na frente delas porque n�o havia ventiladores dispon�veis e as m�quinas de oxig�nio n�o funcionavam. Os m�dicos mudaram o tratamento de Kurbanov v�rias vezes.

Ele gastou cerca de US$ 2 mil (R$ 10,6 mil) em rem�dios e subornos, uma grande soma no Turcomenist�o, e recebeu alta ap�s 10 dias.

Ve�culos de comunica��o sediados no exterior e n�o alinhados ao Estado informam agora sobre a terceira onda de infec��es no pa�s, mas quase todo mundo que vive no Turcomenist�o tem medo de falar.

O site de not�cias Turkmen.news identificou mais de 60 pessoas que morreram de covid-19 desde o in�cio da pandemia.

As autoridades n�o divulgam casos de coronav�rus. O presidente Gurbanguly Berdymukhammedov, um ex-dentista, usa a imagem de uma na��o saud�vel como sua principal arma de propaganda estatal. Admitir que o pa�s est� sendo afetado pela pandemia pode minar a legitimidade de seu regime.

No entanto, um caso no ano passado quase p�s fim � campanha de acobertamento. Um diplomata turco em Ashgabat adoeceu. Kemal Uckun tinha sintomas t�picos do coronav�rus: dor no peito, suor, febre. Ele foi diagnosticado com pneumonia.

Sua esposa, Guzide Uckun, enviou suas radiografias de t�rax para hospitais turcos e todos confirmaram que ele tinha covid-19.

Ela tentou desesperadamente levar Uckun de volta � Turquia, mas as autoridades turcomanas se recusaram a permitir o deslocamento em avi�o com infraestrutura m�dica. A permiss�o s� foi concedida v�rias horas ap�s sua morte.

O corpo de Uckun foi embalsamado e os peritos n�o conseguiram encontrar vest�gios do coronav�rus.

As autoridades turcomanas introduziram algumas medidas de quarentena para impedir a propaga��o da doen�a. Mas o governo refor�a que, gra�as �s suas "medidas preventivas", o pa�s continua livre da covid.

Nenhum dos funcion�rios do hospital onde Kurbanov ficou internado usava as palavras covid ou coronav�rus, segundo ele.

"Eles diziam 'este v�rus' ou 'esta doen�a'", lembra. "Eu os pressionava, 'Por que voc� n�o est� dizendo o que �? � covid?' E eles balan�avam a cabe�a silenciosamente."

Enquanto estava no hospital, Kurbanov recebeu uma mensagem de texto do governo com um alerta de sa�de, recomendando as pessoas a usarem m�scaras faciais por causa da poeira no ar.

"Estamos morrendo por causa do p�?", diz. "Eles v�o deixar as pessoas morrerem, mas nunca v�o admitir que t�m covid."

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