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�micron: por que � importante descobrir origem da variante

Uma �nica pessoa, uma comunidade, ou mesmo uma popula��o animal. H� algumas hip�teses para o surgimento da �micron, mas independente desse passado, cientistas dizem que a variante exige uma medida urgente: a acelera��o da vacina��o na �frica.


15/12/2021 07:51 - atualizado 15/12/2021 09:51


Ilustração do coronavírus
A variante �micron j� foi detectada em dezenas de pa�ses, mas pode ter evolu�do inicialmente em uma �nica pessoa (foto: Getty Images)

Quando cientistas trabalhando na �frica do Sul descobriram a �micron, algumas caracter�sticas dessa variante do coronav�rus logo chamaram a aten��o.

A primeira e mais importante foi o grande n�mero de muta��es que essa vers�o do v�rus carregava — uma combina��o de muta��es que ainda n�o havia sido detectada por uma rede global de pesquisadores que faz o monitoramento de altera��es gen�ticas do pat�geno.

"A �micron veio com algo completamente diferente", aponta Richard Lessells, especialista em doen�as infecciosas da Universidade de KwaZulu-Natal, na �frica do Sul, e parte da equipe que detectou a variante pela primeira vez no final de novembro.

Os cientistas acreditam que a �micron pode ter evolu�do a partir de uma �nica pessoa com sistema imunol�gico enfraquecido na �frica Subsaariana — possivelmente algu�m com HIV n�o tratado —, espalhando-se depois para mais de 40 pa�ses.

Embora existam pelo menos duas outras explica��es poss�veis para o surgimento desta variante, a hip�tese de ter partido de "um �nico indiv�duo" � sustentada por parte significativa da comunidade cient�fica.

Por que descobrir origem da variante � importante


Mão de profissional segura tubo com amostra em ambiente de laboratório
Quanto mais cedo uma nova variante for detectada, mais tempo teremos para determinar sua gravidade (foto: Getty Images)

Embora ainda n�o saibamos ao certo de onde a �micron veio, sua exist�ncia foi reportada pela primeira vez � Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) em 24 de novembro.

Mas saber onde e quando uma variante aparece � importante para cientistas e gestores de sa�de, uma vez que estas informa��es podem definir �reas de isolamento social e restri��es a viagens (que, por�m, s�o em algumas circunst�ncias avaliadas como ineficazes por especialistas).

Quanto mais cedo uma nova variante for detectada, mais tempo teremos para determinar sua gravidade: ela � mais transmiss�vel? Replica-se mais rapidamente no corpo de uma pessoa infectada? Leva � gravidade mais frequentemente?

O "como" � igualmente crucial: se a �micron realmente evoluiu em um �nico paciente com o sistema imunol�gico comprometido, monitorar indiv�duos como este se tornaria extremamente importante no combate � Covid-19.

"Hoje, temos mais dados sugerindo a liga��o entre variantes e pessoas imunocomprometidas com infec��es cr�nicas pelo coronav�rus", diz Larry Corey, virologista do centro de pesquisa Fred Hutchinson Cancer Research Center, nos Estados Unidos.

"Mas essas pessoas (ainda) n�o foram colocadas como um componente importante das estrat�gias de preven��o da covid."

Como a variante pode ter evolu�do em uma �nica pessoa?

Os cientistas dizem ter algumas pistas para fazer "suposi��es fundamentadas" sobre como a �micron surgiu.

Lessells destaca que a �micron difere substancialmente das variantes existentes at� ent�o.

"A an�lise gen�tica mostrou que ela est� em um ramo totalmente diferente da �rvore geneal�gica."

N�o havia registros das muta��es intermedi�rias mais recentes encontradas na �micron — a vers�o mais pr�xima, diz Lessells, data de meados de 2020.


Placa da OMS
OMS classificou a �micron como uma 'variante de preocupa��o' (foto: Getty Images)

Essa lacuna sugere que esta variante repleta de muta��es evoluiu fora dos radares, segundo Fran�ois Balloux, professor de sistemas de biologia computacional da universidade College London, na Inglaterra.

"Ela surgiu do nada", diz Balloux.

E a variante � muito, muito diferente. An�lises j� mostraram que ela tem 50 muta��es, mais de 30 delas na prote�na spike, uma parte do v�rus que define como ele interage com as ferramentas de defesa do corpo.

Como compara��o, a variante delta tinha apenas sete muta��es na prote�na spike.

Enquanto a maioria das pessoas consegue eliminar o v�rus Sars-Cov-2 de seus corpos em um curto per�odo de tempo, em pessoas com o sistema imunol�gico enfraquecido — como aquelas com HIV ou c�ncer, ou receptores de �rg�os transplantados — a infec��o pode ser muito mais longa, segundo j� mostraram diversos estudos pelo mundo.

Ao encontrar menor resist�ncia no hospedeiro, o v�rus acaba incorporando muta��es que, em outras situa��es, s� apareceriam com uma ampla circula��o na popula��o. A infec��o cr�nica possibilitada por um sistema imunol�gico enfraquecido d� ao v�rus mais espa�o de manobra.

Em dezembro de 2020, pesquisadores da Universidade de Cambridge, Inglaterra, alertaram que encontraram, nas amostras de um paciente com c�ncer do Reino Unido que havia morrido de Covid-19 em agosto, o surgimento de uma muta��o importante tamb�m observada na alfa, a primeira "variante de preocupa��o" reconhecida pela OMS.

Essa classifica��o � adotada para descrever as varia��es do coronav�rus que oferecem mais risco � sa�de p�blica.

O paciente morreu 101 dias ap�s o diagn�stico de Covid-19.

"Uma infec��o t�pica de coronav�rus dura apenas sete dias, e isso n�o � tempo suficiente para o v�rus se adaptar e evoluir, j� que o sistema imunol�gico est� lutando contra ele", explica � BBC o professor Ravi Gupta, do Instituto de Imunologia Terap�utica e Doen�as Infecciosas de Cambridge, l�der do estudo sobre o paciente imunocomprometido.

Em junho, Lessells e seus colegas anunciaram os resultados da an�lise do caso de uma mulher da �frica do Sul que tinha uma infec��o pelo HIV n�o tratada.

Ap�s v�rias etapas de an�lise gen�tica, os pesquisadores encontraram "mudan�as significativas" nas fases de evolu��o do v�rus.

E isso pode indicar o in�cio de uma crise de sa�de p�blica: em um artigo publicado no in�cio de dezembro na revista cient�fica Nature, Lessells e outros autores estimaram que cerca de 8 milh�es de pessoas com HIV na �frica subsaariana n�o est�o recebendo tratamentos eficazes com antirretrovirais — um n�mero que inclui pessoas que nunca fizeram o teste para a doen�a.

Este cen�rio � um terreno f�rtil para novas variantes.


Dezenas de pessoas com colete dizendo 'Hiv positive' sob céu azul
Protesto de pessoas vivendo com HIV na �frica do Sul (foto: Getty Images)

Outras explica��es

Os cientistas dizem que existem duas outras hip�teses plaus�veis para o surgimento da �micron.

Um seria a origem animal, em que o v�rus teria infectado uma popula��o animal desconhecida e sofrido muta��es antes de voltar a infectar humanos — como aconteceu com o v�rus Sars-CoV-2 original, de acordo com um relat�rio da OMS divulgado em mar�o.

No entanto, Larry Corey aponta que as an�lises gen�ticas da �micron at� agora sugerem que ela evoluiu em um ser humano.

Balloux diz que sua equipe n�o encontrou nenhuma "bala de prata" que sustente a hip�tese da transmiss�o de animais.

Uma segunda possibilidade para a origem da �micron � que a variante evoluiu n�o dentro de um indiv�duo, mas de uma popula��o da qual n�o h� muito monitoramento gen�tico, como � o caso de muitos pa�ses africanos, antes de chegar � �frica do Sul.

O bi�logo e pesquisador independente brasileiro Atila Iamarino acredita que este pode ser o caso da �micron.

Iamarino v� paralelos com o surgimento de outra variante de preocupa��o, a gama, que causou uma explos�o de infec��es em Manaus no in�cio de 2021.

"A mesma hip�tese de o v�rus ter evolu�do em uma �nica pessoa com sistema imunol�gico enfraquecido foi levantada quando a gama foi detectada", lembra o bi�logo.

"Mais tarde, ficou provado que linhagens intermedi�rias estavam em circula��o sem serem detectadas e acumularam muta��es � medida que se espalharam pela popula��o local."


Duas pessoas paramentadas carregam paciente em maca em parte externa de hospital
A variante gama levou a explos�o de infec��es em Manaus (foto: Getty Images)

O bi�logo acredita que novas pesquisas podem revelar um roteiro parecido no caso da �micron.

"As pe�as se encaixam. A �micron foi detectada em um continente com menos testes e monitoramento do que o resto do mundo."

"A �micron pode estar circulando na �frica h� muito mais tempo do que acreditamos hoje."

Algum dia encontraremos o paciente zero?

Os defensores da hip�tese da "uma pessoa" t�m tido o cuidado de n�o desconsiderar totalmente essas alternativas, mas acreditam que o peso das evid�ncias est� a seu favor.

Caso esta hip�tese se confirme, seria poss�vel encontrarmos um dia a primeira pessoa a ter sofrido uma infec��o pela variante �micron?

"Paciente zero" � um termo usado para se referir ao primeiro ser humano infectado por uma doen�a viral ou bacteriana.

Para a Covid-19, at� agora os cientistas n�o conseguiram identificar este indiv�duo nem para a �micron e nem para outras variantes.

Richard Lessells acredita que � muito improv�vel que o paciente zero da �micron algum dia seja encontrado — e avalia que este desconhecimento pode ser bom.

"N�o queremos aumentar o estigma e a discrimina��o a que as pessoas que vivem com HIV est�o expostas", diz o cientista.

Em vez disso, Lessells defende que a hip�tese da "uma pessoa" deveria ser mais um motivo para acelerar a vacina��o contra a Covid-19 na �frica.

A plataforma Our World in Data, uma colabora��o entre a Universidade de Oxford e uma organiza��o educacional, estimou em meados de novembro que menos de 7% dos africanos foram totalmente vacinados, enquanto globalmente o n�mero � de 40%.

Michael Head, pesquisador s�nior em sa�de global da Universidade de Southampton, no Reino Unido, acredita que devemos prestar mais aten��o a essa distribui��o desigual de vacinas se quisermos evitar o surgimento de variantes

"Como qualquer coisa com a covid, haver� uma s�rie de fatores que contribuem para o surgimento de novas variantes, mas a desigualdade na vacina��o � definitivamente um dos principais motivos. Acredito que a �micron � uma consequ�ncia dessa desigualdade na �frica."

"Se uma pessoa n�o for vacinada, ter� maior probabilidade de ficar doente mais gravemente e por um longo per�odo de tempo", explica Head.

"Isso tamb�m significa que o v�rus tem mais chances de desenvolver novas muta��es, o que aumenta o risco de uma nova variante de preocupa��o e a necessidade de aprendermos outra letra do alfabeto grego."

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