
“Menina de 6 anos, em Santiago na Argentina morreu depois que tomou a vacina” e “Primeira vitima das crian�as vacinadas na Argentina. 6 anos” , foram algumas das legendas das postagens compartilhadas no Facebook ( 1 , 2 ) e no Twitter ( 1 , 2 , 3 ).
No aplicativo de envio de mensagens Telegram ( 1 ) o conte�do foi visualizado por mais de 3,4 mil usu�rios.
Junto com as postagens h� a foto de uma menina e o seguinte texto, escrito em espanhol: “Ela era Valen. Tinha 6 anos e era SAUD�VEL ontem de manh� quando foi inoculada com o imunizante transg�nico experimental mortal. Na escola Thelma Roca. De La Banda. Santiago del Estero. Chegou em casa se sentindo mal e deitou. Sua m�e saiu para comprar ibupirac [um analg�sico] . Quando voltou Valen j� havia falecido ”.
Em espanhol o mesmo conte�do viralizou em diferentes formatos ( 1 , 2 ), inclusive sem a fotografia da crian�a ( 1 ).
Vacina��o em Santiago del Estero
N�o h� nenhuma escola cujo nome seja “Thelma Roca” nessa localidade. Existe o col�gio Telma Reca que, por meio de sua p�gina no Facebook, desmentiu na manh� de 14 de outubro que uma crian�a vacinada ali tivesse falecido.De fato, a campanha de vacina��o contra a covid-19 nessa escola come�ou em 15 de outubro, como apontou o Minist�rio da Sa�de da prov�ncia em sua conta no Twitter, ao desmentir a vers�o da crian�a falecida:
Advertencia sobre #InformacionFALSA acerca del supuesto fallecimiento de una ni�a de ciudad de La Banda, luego de recibir la vacuna contra COVID-19 en la escuela especial Thelma Reca. La vacunaci�n en �sta escuela est� programada para el d�a de ma�ana 15/10. pic.twitter.com/JG0jfvoc7X
— Ministerio de Salud de Santiago del Estero (@MSaludSantiago) October 14, 2021
O meio de comunica��o local Nuevo Diario noticiou o primeiro dia de vacina��o das crian�as menores de 12 anos na escola Telma Reca. No artigo, a diretora da institui��o fez refer�ncia � informa��o falsa que circula nas redes sociais, descrevendo a situa��o como “desagrad�vel” .
“A �nica coisa que conseguiram foi gerar medo e incerteza nas fam�lias. Esse caso foi produzido por pessoas muito mal intencionadas e n�o se sabe os motivos pelos quais come�aram” , disse. “Por sorte os pais nos acompanharam e souberam entender que essa not�cia era totalmente falsa” , destacou.
Assim como para outras faixas et�rias da Argentina, a vacina��o contra a covid-19 n�o � obrigat�ria para as crian�as. Para poderem imuniz�-las, os pais ou respons�veis devem assinar um termo de consentimento como esse , da prov�ncia de Santiago del Estero.
Al�m disso, o certificado emitido pelas autoridades de sa�de dessa prov�ncia � diferente do que � visto na imagem viralizada, como se pode constatar nessa galeria de fotos do Minist�rio da Sa�de local. O certificado de vacina��o segurado pela crian�a na fotografia compartilhada nas redes corresponde ao que � distribu�do na prov�ncia de Buenos Aires.
A menina da fotografia
Por meio de buscas nos coment�rios das postagens nas redes, a equipe de checagem da AFP encontrou Vanesa, a m�e da menina da fotografia, que, em sua conta no Facebook,
pediu
que denunciassem as publica��es que afirmavam que a sua filha havia morrido depois de ser vacinada.
A mulher explicou que soube que a imagem de sua filha circulava no Facebook atrav�s de sua irm�, que, por sua vez, havia sido alertada por outro familiar.
“
A foto foi tirada por mim quando sa�mos ap�s ela ser vacinada”
, assinalou Vanesa � AFP.
“Publiquei no meu status do WhatsApp e no meu Facebook, mas a minha conta no Facebook � privada”
, assinalou.
A AFP teve acesso � conta, na qual est� a fotografia original que circulou nas redes, assim como outras imagens da crian�a.
A m�e de Vanesa tamb�m publicou a foto de sua neta em seu status no WhatsApp, e em v�rias das postagens virais � poss�vel ver, ao fundo, o seu nome de usu�rio, o que leva � conclus�o de que a imagem foi capturada do aplicativo por algum contato de seu telefone e depois viralizada.
A filha de Vanesa n�o tem seis anos, como indicam as publica��es, mas sim nove. Ela tampouco foi vacinada em La Banda, Santiago del Estero, mas na localidade de Rafael Calzada, distrito de Almirante Brown, Buenos Aires, em 13 de outubro.
Ela
“n�o teve nenhuma rea��o adversa. Est� perfeita”
, disse a m�e.
A m�e acrescentou que sua filha mais nova, que tamb�m foi imunizada, igualmente n�o teve efeitos colaterais.
As duas crian�as receberam o imunizante de v�rus inativado
Sinopharm
, fabricado pelo Sinopharm/China National Pharmaceutical Group. Essa � a �nica vacina
aprovada
para pessoas de tr�s a 11 anos na Argentina.
Vanesa se manifestou a favor das vacinas:
“Sou 100% pr�-vacina”
, declarou.
“Para mim, as vacinas em geral s�o a base da erradica��o de toda doen�a
[viral]
”
.
No entanto, indicou ter tido d�vidas antes de vacinar suas filhas contra a covid-19.
“Sou sincera: tinha medo de vacin�-las. Mas li muito, e o que iam inocul�-las, em termos de composi��o, era o v�rus morto, como outras vacinas que j� tomaram. Isso me convenceu”
, disse � AFP.
De fato,
diferentes vacinas
que comp�em o calend�rio s�o feitas � base de v�rus inativado, como a da
poliomielite
e a da
hepatite A
.
Vanesa lamentou ver
uma m�dica
compartilhando a desinforma��o sobre a sua filha. Karina Sarno, que j� publicou alega��es falsas sobre a covid-19 e as vacinas e que foram verificadas pela AFP em espanhol (
1
,
2
), divulgou o rosto da menina em sua conta no Facebook. Mais tarde apagou a publica��o.
De acordo com o
plano de vacina��o
estabelecido no pa�s, espera-se que cerca de
5,5 milh�es de crian�as
sejam vacinadas com o imunizante Sinopharm.
Outros pa�ses da regi�o que aprovaram a imuniza��o de crian�as contra a covid-19 s�o
Chile
e
Equador
, com a vacina Sinovac.
No
Brasil
, o Minist�rio da Sa�de autorizou que adolescentes de 12 a 17 anos fossem imunizados com a vacina da Pfizer/BioNTech e estuda a
inclus�o de crian�as
no Plano Nacional de Imuniza��o em 2022 caso a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) aprove.
Leia mais sobre a COVID-19
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferen�as
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
- Os protocolos para a volta �s aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferen�a
-
Quais os sintomas do coronav�rus?