
“Enquanto isso, no metr� de Paris... o novo normal! Advert�ncia no metr� de Paris sobre AVC em crian�as. Uma novidade da Era P�s Vcinas Covi d : ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL”, dizem as publica��es, compartilhadas no Facebook (1, 2, 3) e no Twitter (1, 2). Sobre a imagem, � poss�vel ler o nome de um canal no Telegram, onde tamb�m circulou a mensagem.
Um conte�do similar, mostrando um ou mais cartazes da campanha, circulou em franc�s.
As postagens come�aram a viralizar dias antes do in�cio da vacina��o das crian�as contra a covid-19 em v�rios pa�ses da Europa, em 15 de dezembro. Na Fran�a, a imuniza��o foi liberada para crian�as de 5 a 11 anos “com risco” de desenvolver formas graves da doen�a ou de ter parentes vulner�veis. No Brasil, a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) autorizou a aplica��o da vacina Pfizer contra a covid-19 em crian�as com mais de 12 desde 11 de julho de 2021.
Em 16 de dezembro de 2021, a Anvisa liberou a utiliza��o de vacinas da Pfizer contra a covid-19 em crian�as a partir de 5 anos no Brasil, mas ainda n�o h� previs�o para o in�cio da aplica��o nessa faixa-et�ria. At� o momento, o imunizante era aplicado em pessoas de at� 12 anos.
De onde veio o p�ster?
Os p�steres s�o aut�nticos. A AFP entrou em contato com as tr�s organiza��es cujos logotipos aparecem na parte inferior do p�ster. A France AVC disse estar por tr�s dos quatro cartazes compartilhados nas redes sociais, e informou que eles fazem parte de uma campanha recente com o objetivo de alertar para o risco de acidente vascular cerebral.Um AVC ocorre quando o fluxo sangu�neo para ou atrav�s do c�rebro � interrompido por um vaso sangu�neo bloqueado (AVC isqu�mico, mais comum) ou por um vaso sangu�neo rompido (AVC hemorr�gico).

� poss�vel prevenir e reduzir os riscos de AVC. No entanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Doen�as Cardiovasculares, se ele ocorrer, o diagn�stico precoce e o tratamento r�pido podem reduzir ou at� evitar esses sintomas.
“� importante informar a popula��o regularmente, a fim de reconhecer os sinais de alerta do AVC”, disse a France AVC � AFP em 9 de dezembro.
Por esse motivo, o France AVC Endowment Fund realiza campanhas de preven��o para alertar sobre os sinais de alerta de AVC “h� anos”.
Os cartazes que circularam nas redes sociais foram colocados nas esta��es de v�rias grandes cidades francesas: de 24 a 30 de novembro em Ile-de-France (a regi�o onde fica Paris), de 22 de novembro a 1º de dezembro em Marselha, de 6 a 12 de dezembro em Lyon, e em breve, de 20 de dezembro a 26 de dezembro, em Lille. “Esperamos que em 2022 possamos acrescentar em outras esta��es”, detalhou a associa��o.
Os AVCs em crian�as
Embora os cartazes sejam recentes, eles “n�o t�m rela��o com a vacina��o contra a covid-19, nem com a vacina��o de crian�as. S�o completamente independentes da atual condi��o da covid-19 e da vacina”, indicou a France AVC.A organiza��o explicou ainda que mudou o estilo de seus p�steres este ano e incluiu a foto de uma crian�a.
Un doute ? Une urgence ? Composez le 1%uFE0F%u20E35%uFE0F%u20E3
Chaque minute compte.#AVC#countdown#react@francepic.twitter.com/Q9lwDyVzBi
— Samu-Urgences France (@SUdF_Officiel) December 11, 2021
“At� recentemente e h� muitos anos, nossos cartazes eram sempre os mesmos: os do ‘boneco branco’ com a liga��o para o [n�mero de emerg�ncia] 15”, diz a entidade.
“Quer�amos renovar nossa identidade visual, para gerar um ‘choque’ no p�blico, que j� poderia estar acostumado a ver sempre a imagem antiga. A ideia foi, tamb�m, a de mostrar que o AVC n�o atinge apenas as pessoas mais velhas. Embora sejam a maioria, n�s temos cada vez mais jovens ativos, mulheres, homens, adolescentes e crian�as, at� mesmo beb�s antes de seu nascimento”, acrescentou.
O Minist�rio da Sa�de franc�s estima que entre 500 e 1.000 beb�s, crian�as e adolescentes s�o v�timas de AVC no pa�s a cada ano, com sinais de alerta semelhantes aos de adultos: paralisia de um lado do corpo, convuls�es, deforma��o do rosto ou problemas na fala.
Ao contr�rio do risco de acidente vascular cerebral em adultos, favorecido pelo tabagismo, hipertens�o, colesterol, consumo excessivo de �lcool ou obesidade, a maioria dos AVCs pedi�tricos ocorre repentinamente em crian�as saud�veis e apenas metade deles tem uma causa identificada (malforma��o cong�nita, patologia card�aca etc.).
Um em cada dez adultos que vivem com os efeitos do AVC o teve quando crian�a.
St�phane Chabrier, coordenador de pesquisa do Centro Nacional de Refer�ncia para o AVC infantil, que n�o participou da campanha de p�steres veiculadas nas redes sociais, insistiu � AFP em 13 de dezembro sobre o fato de que “o AVC em crian�as existia antes da pandemia”.
Mas “os AVCs em crian�as muitas vezes s�o negligenciados, justamente porque s�o muito poucos”, lamentou � AFP Fran�ois Braun, presidente do Samu urgences de France (SUdF), parceira da France AVC na campanha de preven��o.
“Quando pensamos em v�timas de AVC, sempre imaginamos pessoas idosas. � por isso que, pela primeira vez, quer�amos destacar uma crian�a em um p�ster para que as pessoas entendessem que devemos ligar imediatamente para o [n�mero de emerg�ncia] 15 quando virem um desses sinais em uma crian�a, porque assim como os adultos, temos apenas quatro horas para tentar desobstruir a art�ria respons�vel pelo AVC”, disse.
V�rios cartazes para alertar sobre o risco de acidente vascular cerebral em crian�as j� haviam circulado nos �ltimos anos, como o da Sociedade Neurovascular Francesa, em 2018, ou o do Minist�rio da Sa�de, em 2019.
Quase 70% das crian�as guardam sequelas, como defici�ncia f�sica ou deteriora��o das capacidades intelectuais ap�s um AVC, assinalado em 2019 por Adrien Taquet, por ocasi�o do dia mundial dedicado a esta doen�a.
“N�o vimos aumento no n�mero de AVCs”
Por unanimidade, os especialistas ouvidos pela AFP asseguram que ainda n�o observaram aumento do n�mero de AVCs desde o lan�amento da campanha de vacina��o contra a covid-19, em adultos, que estavam sendo vacinados na Fran�a desde dezembro de 2020, e em adolescentes de 12 a 17 anos, que tiveram a oportunidade desde junho de 2021.
Embora mais de 106 milh�es de doses de vacinas contra covid-19 tenham sido administradas na Fran�a a 52 milh�es de pessoas, "n�o vimos um aumento no n�mero de AVCs desde o lan�amento da campanha de vacina��o", disse o presidente do SUdF.
No Brasil, at� 14 de dezembro de 2021, foram aplicadas mais de 320 milh�es de doses de vacinas contra a covid-19 de acordo com dados do Our World in Data, da Universidade de Oxford e baseada em dados oficiais, e pouco mais de 164 milh�es de pessoas haviam sido vacinadas. Ao todo, foram notificados 231 casos suspeitos de AVC ap�s a vacina��o no pa�s, de acordo com os dados do dia 16 de dezembro de 2021 do painel de farmacovigil�ncia da Anvisa.
Na Fran�a, “houve de fato um efeito de notifica��o exagerada de AVC, mas no momento do primeiro confinamento [antes do lan�amento da vacina��o], porque muitas patologias cr�nicas foram supercompensadas, pois os pacientes estavam atrasando seus cuidados”, afirmou a SUdF.
A Ag�ncia Nacional de Seguran�a de Medicamentos francesa (ANSM) estimou em maio de 2021 que “os dados coletados desde o in�cio da campanha de vacina��o n�o fornecem, pelas caracter�sticas dos casos analisados e do conhecimento atual, qualquer elemento que sugira um papel da vacina na ocorr�ncia de AVC isqu�mico”, ecoando as conclus�es de um relat�rio publicado em mar�o.
Procurada em 10 de dezembro sobre o assunto, a ANSM n�o respondeu at� o momento da publica��o desta verifica��o.
“N�o observamos efeitos adversos como o AVC em adolescentes vacinados contra a covid-19”, pontua Chabrier, do Centro Nacional de Refer�ncia para o AVC na inf�ncia.
De acordo com o neuropediatra, nenhum dado at� agora apoia a tese de que a vacina��o contra covid-19 ou a pr�pria doen�a da covid-19 aumentaria o risco de AVC em crian�as. “Embora os neurologistas de adultos tenham reconhecido derrames p�s-covid com bastante rapidez e os pediatras tamb�m tenham visto certas patologias p�s-covid surgirem, [como a] SIM-P [s�ndrome inflamat�ria multissist�mica pedi�trica], por exemplo, falamos com nossos colegas internacionais e eles t�m a mesma experi�ncia: n�s n�o vimos um aumento incomum na incid�ncia que poderia estar relacionado ao SARS-CoV-2”.
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