
Ap�s um curto per�odo de estabilidade, o sistema de sa�de brasileiro caminha para o temido colapso de inverno. Anunciada desde o in�cio de abril deste ano, ainda durante o segundo pico da pandemia, a nova crise agora grita nos n�meros.
As mazelas a que assistiremos desta vez, alertam especialistas, podem ser ainda piores do que aquelas enfrentadas em mar�o, j� que o perfil dos pacientes internados mudou: eles, agora, s�o mais jovens e permanecem mais tempo no hospital. A circula��o de novas variantes do v�rus � outro agravante do cen�rio pand�mico.
Estudiosos da Sa�de P�blica acreditam que o controle da situa��o est� ao alcance das autoridades, mas se mostram pouco otimistas quanto � atua��o assertiva do poder p�blico nas pr�ximas semanas. A melhor expectativa � de que o curso natural da vacina��o ponha freio � sequ�ncia de colapsos.
Sinal vermelho
Elaborado a partir de dados compilados entre 23 e 29 de maio, o mapa de ocupa��o das UTIs COVID montado pela Fiocruz estampa uma grande mancha vermelha. Onze estados brasileiros apresentam lota��o em n�vel considerado extremamente cr�tico, ou seja, superior a 90%.Com 106% de vagas ocupadas, o Mato Grosso do Sul tem o quadro mais delicado. A lista segue com Pernambuco (98%), Rio Grande do Norte (99%), Sergipe (96%), Paran� (95%), Mato Grosso (95%), Distrito Federal (95%), Cear� (92%), Alagoas (92%), Santa Catarina (92%), e Tocantins (91%).
Em outros nove estados, o cen�rio � tido como cr�tico, com lota��o que oscila entre 80% e 89%. S�o eles: Piau� (89%), Goi�s (89%), Bahia (86%), Rio de Janeiro (85%), Rio Grande do Sul (83%), Maranh�o (83%), S�o Paulo (82%), Minas Gerais (81%) e Para�ba (81%). Seis unidades da federa��o est�o na zona de alerta intermedi�rio (entre 60% e 80% de ocupa��o). Apenas o Acre est� fora da zona de alerta.
Doze estados e o Distrito Federal j� acumulam lista de espera por leitos, j� que v�rios munic�pios tiveram a capacidade de atendimento estrangulada. O Paran� lidera o ranking, com 647 pacientes na fila. O Mato Grosso do Sul, com 291 pessoas, ocupa o segundo lugar. Pernambuco (269) � o terceiro, seguido por Minas, com 264 doentes na espera. As informa��es s�o das secretarias estaduais de sa�de, divulgadas na sexta-feira (4/6).
"J� circulam por aqui as variantes Alfa (do Reino Unido), Beta (�frica do Sul), Gama (brasileira) e Delta (�ndia), todas com maior potencial de transmiss�o"
Una� Tupinamb�s, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG
Outro patamar
O infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Una� Tupinamb�s, projeta que o gargalo das redes de sa�de nas pr�ximas semanas pode ser elevado a um outro patamar, significativamente mais grave. Ele explica que isso se deve, em parte, � mudan�a do perfil demogr�fico do p�blico hospitalizado.Segundo Una�, durante grande parte da pandemia, os internados eram sobretudo idosos. Mas este grupo j� sente os efeitos da vacina��o e, assim, desenvolve menos a forma grave da doen�a. As hospitaliza��es, agora, contemplam majoritariamente adultos jovens, que permanecem mais tempo na UTI.
De acordo com o professor, pessoas de at� 50 anos saem mais, se exp�em mais – consequentemente, se infectam mais. E, como acreditam ter um corpo mais forte que o dos idosos, resistem a procurar assist�ncia. Quando o fazem, j� est�o em estado muito grave e exigem cuidados mais demorados.
De acordo com o professor, pessoas de at� 50 anos saem mais, se exp�em mais – consequentemente, se infectam mais. E, como acreditam ter um corpo mais forte que o dos idosos, resistem a procurar assist�ncia. Quando o fazem, j� est�o em estado muito grave e exigem cuidados mais demorados.
“Esse tempo extra no hospital � complicado de administrar. Fora que esses jovens tamb�m desenvolvem sequelas da COVID-19 e, da�, precisam sair dos leitos de UTI para ocupar os de enfermaria, onde se submeter�o a outros tratamentos. Com isso, a gente perde a capacidade de remanejamento dos leitos. Atualmente, nossa margem de manobra � de 13% do total. Mas se fica tudo ocupado – UTI e enfermaria – n�o sobra muita coisa para remanejar”, ressalta o m�dico.
A prolifera��o de variantes do Sars-Cov-2 seria outro potencial agravante da crise. “J� circulam por aqui as variantes Alfa (do Reino Unido), Beta (�frica do Sul), Gama (brasileira) e Delta (�ndia), todas com maior potencial de transmiss�o”, diz o especialista.
Estabiliza��o na gravidade
A presidente do Comit� Permanente de Enfrentamento do Novo Coronav�rus da UFMG, Cristina Alvim, avalia que o sistema de sa�de brasileiro n�o chegou a experimentar um al�vio desde a �ltima crise, em mar�o. “Para usar a linguagem dos intensivistas, o que tivemos foi uma estabiliza��o dentro da gravidade”, compara a m�dica.
Para a profissional de sa�de, a sucess�o de colapsos reflete o descontrole da pandemia. “H� mais de um jeito de promover esse controle. Como fizeram os japoneses ainda sem vacina, com uma pol�tica clara voltada � ades�o �s medidas de higiene e isolamento, testagem ampla, rastreio e suporte financeiro � popula��o. Ou como fizeram os Estados Unidos e a Inglaterra, cuja principal aposta � a vacina��o r�pida. No Brasil, n�o temos nem uma coisa, nem outra. Aqui, � quase como se estiv�ssemos em 1918 (quando ocorreu a gripe espanhola), observando a hist�ria natural da doen�a”, diz Cristina.
A professora acredita que seria poss�vel evitar a repeti��o do caos instalado no Brasil h� cerca de tr�s meses, com falta de oxig�nio em hospitais, pacientes amarrados � cama por falta de medicamentos para entuba��o, entre outras cenas de horror. Para tanto, detalha a pesquisadora, a primeira provid�ncia seria frear a propaga��o do v�rus.
“E j� sabemos como fazer isso: com vacina��o r�pida, testagem, rastreio, a��es coordenadas em �mbito racional, ades�o ao isolamento e aposta na ci�ncia”, detalha.
“E j� sabemos como fazer isso: com vacina��o r�pida, testagem, rastreio, a��es coordenadas em �mbito racional, ades�o ao isolamento e aposta na ci�ncia”, detalha.
“Ocorre que, ao menos a curto prazo, n�o h� sinais de que daremos uma guinada nesse sentido. Nossos l�deres, atualmente, n�o nos d�o esses sinais. O ponto positivo � que a vacina��o vem caminhando, embora a passos lentos. A vacina, neste momento, � nossa melhor esperan�a para nos livrar de novos colapsos”, complementa Alvim.
Pa�s contabiliza 473.404 mortes
O Brasil registrou 873 novas mortes causadas pela COVID-19, nas �ltimas 24 horas, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de (Conass) divulgados ontem. Com os registros, o pa�s contabiliza 473.404 �bitos desde o in�cio da pandemia. O levantamento do Conass, que compila dados de secretarias de Sa�de dos 26 estados e do Distrito Federal, apontou ainda 39.637 novos casos de COVID-19 em 24 horas, com 16.947.062 registros da doen�a no Brasil.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo brit�nico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). No pa�s ela � produzida pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a libera��o de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidi�ria da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do �nico no mercado que garante a prote��o em uma s� dose, o que pode acelerar a imuniza��o. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Minist�rio da Sa�de em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autoriza��o para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
Os chamados passaportes de vacina��o contra COVID-19 j� est�o em funcionamento em algumas regi�es do mundo e em estudo em v�rios pa�ses. Sistema de controel tem como objetivo garantir tr�nsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacina��o imp�em desafios �ticos e cient�ficos.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
[VIDEO4]
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
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