
Investigado por: Folha de S.Paulo, Jornal do Commercio e Estad�o.
� falsa a afirma��o de que as vacinas de mRNA deixam part�culas no organismo dos imunizados e que causam problemas de infertilidade, como afirma site. A p�gina tira de contexto um estudo que, segundo a Ag�ncia Europeia de Medicamentos, � da Pfizer. A farmac�utica afirmou que se trata de desinforma��o e que n�o h� evid�ncias de tais afirma��es.
Conte�do verificado: Texto de um site de internet afirma que um estudo realizado no Jap�o levantou preocupa��es sobre eventuais riscos reprodutivos que podem ser provocados pelas vacinas de mRNA, como as da Pfizer e Moderna.
� falso que um estudo da Pfizer aponte para risco de infertilidade em pessoas vacinadas. Essa alega��o foi feita pelo site Estudos Nacionais e tira de contexto um dos estudos conduzidos pela farmac�utica para averiguar a seguran�a dos imunizantes.
O conte�do publica um link para um estudo com a inscri��o “Pfizer confidencial”. Apesar de ter respondido ao Comprova, a farmac�utica n�o comentou sobre a autenticidade do documento presente na p�gina Estudos Nacionais, mas a reportagem encontrou os mesmos dados dele em relat�rio da Ag�ncia Europeia de Medicamentos (EMA) como sendo realmente da Pfizer. Entretanto, a publica��o do Estudos Nacionais omite que o estudo citado foi feito em ratos, n�o em humanos.
Ao Comprova, a Pfizer, que classificou o conte�do verificado como desinforma��o, afirmou que “nenhuma evidencia de achados macroscopicos ou microscopicos relacionados a vacina foi encontrada nos ovarios nos estudos de toxicidade de dose repetida e nenhum efeito sobre a fertilidade foi identificado nas fases pre-clinicas do desenvolvimento do produto, que foram avaliadas pelas diferentes agencias regulatorias no mundo”.
Al�m disso, �rg�os como a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), a Food and Drug Administration (FDA), autoridade sanit�ria dos Estados Unidos, e o CDC (Centro de Controle e Preven��o de Doen�as) do mesmo pa�s, atestam a seguran�a dos imunizantes.
O site Estudos Nacionais foi procurado, mas n�o respondeu.
Como verificamos?
Buscamos os documentos dispon�veis no site das principais ag�ncias reguladoras que j� deram aprova��o para uso emergencial das vacinas de mRNA. Consultamos o relat�rio de avalia��o para uso da vacina Pfizer junto � Ag�ncia Europeia de Medicamentos e a an�lise para uso emergencial do imunizante da Moderna junto � Food and Drugs Administration (FDA), autoridade sanit�ria dos Estados Unidos.
Por e-mail, entramos em contato com a Pfizer, Anvisa e Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas) para saber sobre a seguran�a e efic�cia dos imunizantes.
Tamb�m entrevistamos Celso Amadeo, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, para averiguar a validade cient�fica de alguns coment�rios sobre coagula��o e a covid-19.
Tentamos contato por e-mail com o m�dico canadense Byram W. Bridle, citado no texto dos Estudos Nacionais – ele enviou apenas uma resposta autom�tica –, e Cristian Derosa, autor do conte�do –, que n�o respondeu.
O Comprova fez esta verifica��o baseado em informa��es cient�ficas e dados oficiais sobre o novo coronav�rus e a covid-19 dispon�veis no dia 11 de junho de 2021.
Verifica��o
Vacinas de mRNA
� a primeira vez que vacinas g�nicas, como a da Pfizer, s�o distribu�das � popula��o. No entanto, elas eram estudadas h� anos. As vacinas de mRNA j� eram avaliadas no combate � Zika, raiva e influenza. Atualmente, os imunizantes da Pfizer e da Moderna utilizam essa t�cnica no combate � covid-19.
O DNA � a mol�cula que cont�m toda a informa��o gen�tica das pessoas e fica protegido no n�cleo da c�lula. Para que haja a produ��o de prote�nas fundamentais para a c�lula, o DNA � transcrito em RNA, que funciona como uma esp�cie de mensagem que vai dizer o que deve ser produzido. Essa mensagem vai at� as estruturas da c�lula respons�veis por essa produ��o.
Quando o coronav�rus infecta uma c�lula, ele sequestra as estruturas celulares para produzirem suas prote�nas a partir do seu pr�prio RNA. As vacinas da Pfizer e da Moderna imitam esse processo, por�m determinando exclusivamente a produ��o da prote�na Spike, aquela que o SARS-CoV-2 usa para se conectar �s c�lulas humanas. O sistema imunol�gico identifica essa estrutura estranha e a combate.
Assim, quando o corpo for invadido pelo coronav�rus inteiro em uma eventual infec��o, ele ser� rapidamente identificado e eliminado. As vacinas de mRNA possuem a mol�cula de RNA viral transportada dentro de nanopart�culas de gordura (lip�dios).
O Comprova j� mostrou que vacinas de mRNA n�o possuem a capacidade de interagir com o DNA humano. Isso porque ele fica no n�cleo, onde a mol�cula de RNA da vacina n�o consegue entrar.
O estudo
O texto do site Estudos Nacionais afirma se basear em uma “nova pesquisa conduzida no Jap�o” que teria mostrado que “nanopart�culas lip�dicas (LNPs), contendo o c�digo do mRNA, foram encontradas amplamente pelo corpo ap�s a vacina��o”. Afirma ainda que ela “assusta por incluir ov�rios e test�culos, com capacidade para altera��es reprodutivas”.
O estudo lincado no texto foi feito para avaliar a biodistribui��o dos componentes da Pfizer. Em outras palavras, foi analisado o comportamento dos componentes da vacina em c�lulas de laborat�rio e no organismo de ratos e camundongos. Portanto, � falso que o estudo se refira a humanos vacinados. Este estudo tamb�m n�o faz nenhum alerta sobre riscos � sa�de quanto ao uso dessa vacina, ao contr�rio do que diz o blog.
O texto checado afirma que o estudo teria sido feito por japoneses. O Comprova encontrou o mesmo documento, em japon�s, dispon�vel no site da ag�ncia regulat�ria japonesa Pharmaceuticals and Medical Devices Agency. Perguntamos � ag�ncia a origem do documento, mas n�o obtivemos resposta at� a publica��o deste texto.
Continuamos buscando a origem do estudo e chegamos ao relat�rio de avalia��o da EMA para comercializa��o da vacina da Pfizer. Na p�gina 45, os t�cnicos discutem a farmacocin�tica do imunizante. Eles citam o mesmo estudo com ratos e afirmam que foi conduzido pela Pfizer em julho de 2020. Os t�cnicos ressaltam que n�o foram detectados impactos na fertilidade.
Perguntamos � Pfizer sobre a autenticidade do documento publicado no Estudos Nacionais, mas a empresa n�o respondeu essa quest�o. Afirmou que “nenhum efeito sobre a fertilidade foi identificado nas fases pre-clinicas do desenvolvimento do produto, que foram avaliadas pelas diferentes agencias regulatorias no mundo”.
Ag�ncias aprovam seguran�a das vacinas
De fato, nenhuma das principais ag�ncias regulat�rias do mundo levantou suspeitas sobre a seguran�a da vacina.
Procurada pelo Comprova, a Anvisa afirmou n�o haver indicativo de que as vacinas contra a covid-19 autorizadas no Brasil apresentem risco � fertilidade ou toxicidade. “Todas as vacinas avaliadas pela Anvisa apresentaram dados de seguran�a de pesquisa cl�nica que permitem o seu uso pela popula��o dentro dos limites e indica��es definidos para cada produto”, explica ainda o �rg�o brasileiro.
A Opas tamb�m afirmou ao Comprova que n�o h� evid�ncias que sugiram que as vacinas contra o SARS-CoV-2 provoquem infertilidade. Segundo a entidade, esse boato j� circulou no mundo todo sobre muitas vacinas diferentes, mas n�o existem vacinas licenciadas de qualquer tipo que causem infertilidade.
“Quando qualquer vacina � autorizada, a evid�ncia vem principalmente de ensaios cl�nicos controlados e randomizados em dezenas de milhares de participantes. Ap�s a introdu��o de uma vacina, um monitoramento pr�ximo continua a ocorrer para detectar quaisquer efeitos colaterais adversos inesperados e avaliar a efic�cia entre um n�mero ainda maior de pessoas”, explica a Opas.
A entidade tamb�m destaca que nenhuma vacina pr�-qualificada ou aprovada para a lista de uso emergencial pela OMS possui componentes t�xicos para o ser humano.
A FDA diz, em seu site, que “n�o h� evid�ncia cient�fica de que a vacina da Pfizer cause infertilidade em mulheres”. Na �poca, circulava uma desinforma��o pelas redes sociais afirmando que a prote�na Spike era similar a uma prote�na encontrada na placenta.
Segundo a FDA, essa informa��o � falsa. O �rg�o americano tamb�m lembra que, at� onde se sabe, a infertilidade n�o � um resultado da infec��o � covid-19. Logo, “a resposta imune ao v�rus, seja causado por uma infec��o natural ou pela vacina, n�o � uma causa de infertilidade”.
O CDC, centro de controle de doen�as dos EUA, tamb�m diz que a vacina da Pfizer � segura e recomendada para pessoas a partir dos 12 anos.
A Therapeutic Goods Administration (TGA), equivalente da Anvisa no governo da Austr�lia, afirma que nenhuma das vacinas contra o novo coronav�rus em uso no pa�s causa esteriliza��o ou infertilidade. Atualmente, os australianos utilizam os imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca. Segundo a TGA, n�o h� evid�ncia cient�fica que indique esse efeito ap�s o uso das vacinas avalizadas pelo pa�s. O �rg�o tamb�m reitera que a prote�na Spike n�o � igual a nenhuma prote�na encontrada na placenta.
“N�o h� evid�ncias de que os anticorpos formados na vacina��o contra a covid-19 causem qualquer problema com gravidez, inclusive no desenvolvimento da placenta. Al�m disso, n�o h� evid�ncias sugerindo que problemas de fertilidade sejam um efeito colateral de nenhuma vacina”, afirma a TGA.
A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) diz que a vacina da Pfizer � segura e eficaz e recomenda o seu uso para pessoas acima de 16 anos.
Segundo a entidade, existem poucos dados sobre a seguran�a do uso do imunizante em mulheres que j� estejam gr�vidas. No entanto, elas podem ser vacinadas se o benef�cio da vacina��o superar eventuais riscos. Por isso, gr�vidas com alto risco de exposi��o ao SARS-CoV-2, como profissionais de sa�de, ou que tenham comorbidades que aumentem os riscos de um quadro grave de covid-19, podem se vacinar, seguindo a orienta��o do seu m�dico.
A OMS tamb�m diz que, embora a vacina n�o tenha sido estudada ainda em mulheres lactantes, ela n�o � feita a partir do v�rus e o mRNA n�o entra no n�cleo das c�lulas, sendo destru�do rapidamente, portanto, ele n�o interfere no funcionamento das c�lulas humanas. O grupo de especialistas em imuniza��o que assessorou a OMS n�o recomenda a suspens�o da amamenta��o ap�s a vacina��o.
Sobre as vacinas de mRNA de modo geral, a OMS informa que essa tecnologia foi “rigorosamente avaliada quanto � seguran�a” e que os ensaios cl�nicos demonstram que ela promove uma resposta imune de longa dura��o. “As vacinas de mRNA t�m sido estudadas por v�rias d�cadas, incluindo no contexto da gripe, raiva e Zika v�rus. Elas n�o s�o produzidas a partir do v�rus vivo e n�o interferem no DNA humano”, explica a entidade.
O site
Segundo a aba “Quem somos”, o Estudos Nacionais � um site que “busca aprofundar as reflex�es utilizando o jornalismo em sua miss�o informativa e contestadora da atual situa��o, oferecendo um contraponto exigente � situa��o de d�vida e incerteza gerada pelo atual modelo informativo”.
Na reportagem “A rede de fake news que ajudou a derrubar Mandetta“, publicada pela Ag�ncia P�blica em abril de 2020, o site � citado como um dos que “come�aram a p�r em d�vida os dados de mortos por covid-19”, sem nenhuma evid�ncia.
Quem assina o conte�do verificado aqui � Cristian Derosa, editor e colunista do site que se apresenta como mestre em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e escritor. Seus t�tulos s�o “A transforma��o social: como a m�dia de massa se tornou uma m�quina de propaganda” (2016), “Fake news: quando os jornais fingem fazer jornalismo” (2019) e “Fan�ticos por poder: esquerda, globalistas, China e as reais amea�as al�m da pandemia” (2020).
De acordo com sua apresenta��o no site, ele tamb�m � aluno do Semin�rio de Filosofia de Olavo de Carvalho, guru do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O site Estudos Nacionais j� foi alvo de outras verifica��es sobre vacina feitas pelo Comprova, sempre classificadas como enganosas. Em novembro do ano passado, a p�gina desinformou ao escrever que morte de volunt�rio estava relacionada a altera��es neurol�gicas causadas por vacina e, antes, em abril, afirmou erroneamente que as vacinas contra a covid-19 usam c�lulas de fetos abortados.
O texto sobre a vacina de mRNA checado aqui � baseado em uma publica��o do site americano Natural News, que, em sua descri��o, diz que “critica fortemente” alguns temas como “medicamentos, cirurgia e vacinas”. A plataforma tamb�m j� apareceu no Comprova. Em novembro de 2020, ao afirmar que a CoronaVac matou volunt�rios e que vacinas causaram danos neurol�gicos ou de DNA, e, em abril, dizendo que a vacina teria microchip para rastrear a popula��o – os dois conte�dos s�o falsos.
Quem � Byram W. Bridle
O texto do Estudos Nacionais ainda traz a transcri��o em portugu�s de uma entrevista do m�dico canadense Byram W. Bridle. Dando o alerta de que “a hist�ria que estou prestes a contar � assustadora”, ele relaciona a prote�na Spike a uma s�rie de problemas de sa�de, como sangramentos e co�gulos sangu�neos. Tamb�m questiona se elas n�o estariam tornando os vacinados inf�rteis.
Byram W. Bridle � um doutor em imunologia viral e professor associado da University of Guelph, em Ont�rio, no Canad�. Seu trabalho de pesquisa tem dois focos: bioterapia contra o c�ncer, buscando uma forma do sistema imunol�gico atacar as c�lulas cancer�genas, e a resposta do hospedeiro a v�rus e outros est�mulos inflamat�rios.
Ap�s o lan�amento das vacinas, Bridle levantou d�vidas sobre elas, questionando o tempo recorde em que foram desenvolvidas, o que segundo ele impediu o estudo de impactos de longo prazo. Tamb�m questionou o tempo de intervalo entre as aplica��es de doses das vacinas da Pfizer e da Moderna.
Enviamos perguntas para Bridle por e-mail, e na sequ�ncia chegou uma resposta autom�tica. Nela, o pesquisador afirma que mesmo em seu local de trabalho est� sendo alvo de ataques ap�s a entrevista para o podcast On Point, e indica um relat�rio curto escrito por ele mesmo para a Canadian Covid Care Alliance, entidade que diz ser “uma alian�a de m�dicos canadenses independentes tentando reduzir hospitaliza��es e salvar vidas atrav�s da ci�ncia baseada em evid�ncias”. Apesar disso, a CCCA publicou um v�deo de um m�dico defendendo o uso da ivermectina como tratamento contra a covid-19 e diz estar filiada a duas outras organiza��es que pedem o uso do medicamento, ineficaz contra o coronav�rus.
No relat�rio escrito por Bridle, o pesquisador cita estudos que apontariam a presen�a da prote�na spike no sangue e riscos trazidos por ela e pede mais pesquisas. Tamb�m apela para que crian�as e adolescentes n�o sejam vacinados com os produtos da Pfizer/Biontech e da Moderna.
Bridle afirma que um estudo mostrou que a prote�na Spike, aplicada pela vacina da Moderna, foi encontrada no corpo de jovens at� 28 dias ap�s a vacina��o. A pesquisa, que � um manuscrito e ainda n�o foi revisada por pares, identifica que a presen�a de ant�genos (como a prote�na Spike) cai conforme aumenta a presen�a de anticorpos. Ou seja, que a vacina � eficaz ao gerar resposta imunol�gica.
Al�m disso, � falso que a prote�na Spike tenha sido encontrada 28 dias ap�s a vacina��o. Na verdade, dos 13 participantes, 12 n�o tinham nenhum ant�geno no corpo mesmo ap�s a segunda dose. Apenas um deles apresentou a prote�na Spike no dia 29 – isto �, no dia seguinte � segunda dose – que foi eliminada dois dias depois.
A outra pesquisa citada por Bridle � uma revis�o liter�ria que relaciona a prote�na Spike com quadro de hipertens�o arterial pulmonar. Ela foi publicada no MDPI, peri�dico que recebe cr�ticas pela baixa qualidade da revis�o de seus artigos.
Co�gulos no sangue
Depois que um imunizante come�a a ser aplicado na popula��o, permanece sob observa��o dos �rg�os reguladores para detectar eventos adversos muito raros que n�o seria poss�vel de serem observados em estudos cl�nicos. Alguns casos de co�gulos p�s-vacina��o com as vacinas da Astrazeneca, na Europa, e da Johnson & Johnson, nos Estados Unidos, levaram � suspens�o tempor�ria de sua aplica��o at� que os casos fossem averiguados.
Em mar�o, alguns pa�ses europeus suspenderam temporariamente a aplica��o da vacina da Astrazeneca ap�s dezenas de relatos de co�gulos no sangue p�s-vacina��o. A suspens�o foi feita enquanto se averiguava a poss�vel rela��o com o imunizante. Ap�s investiga��o, a Ag�ncia Europeia de Medicamentos concluiu que os co�gulos deveriam ser considerados “efeitos colaterais muito raros da vacina”. Mesmo assim, a EMA disse que os benef�cios conhecidos da vacina superam os riscos conhecidos, por isso manteve a recomenda��o de aplica��o do imunizante. At� abril, 19 pessoas haviam morrido por essa causa dentre os 20 milh�es de vacinados. Ou seja, a ocorr�ncia desse evento adverso grave era de 1 a cada 1 milh�o de vacinados.
Situa��o parecida ocorreu nos Estados Unidos. Ap�s a apari��o de seis casos de co�gulos, a ag�ncia regulat�ria FDA determinou a suspens�o tempor�ria da aplica��o do imunizante da Johnson & Johnson. Ap�s a an�lise caso a caso, concluiu-se que os co�gulos tamb�m s�o um efeito adverso “extremamente raro” desta vacina. At� 13 de abril, 6 casos foram observados dentre os mais de 6,8 milh�es de doses aplicadas – ocorr�ncia de menos de 1 a cada 1 milh�o. A FDA manteve a considera��o de que a vacina � segura e protege contra o coronav�rus, por isso determinou a retomada de seu uso.
Tanto as vacinas da Astrazeneca/Oxford quanto a da Johnson & Johnson possuem tecnologia de adenov�rus. Elas utilizam um v�rus incapaz de infectar os seres humanos (chamado adenov�rus), modificado geneticamente para conter a prote�na Spike, caracter�stica do SARS-CoV-2. Assim, quando o corpo for infectado pelo coronav�rus, ele ser� identificado e combatido por causa dessa prote�na.
At� o momento, n�o houve casos de co�gulos envolvendo vacinas de mRNA, caso da Pfizer e da Moderna.
Problemas cardiovasculares na covid-19
Como vimos acima, problemas de co�gulos e trombose em vacinados s�o extremamente raros e foram observados em 1 a cada 1 milh�o de vacinados (0,0001%). Por isso, as ag�ncias regulat�rias consideraram que os benef�cios conhecidos da vacina superam os seus riscos conhecidos.
Para se fazer uma compara��o, um estudo pequeno publicado no jornal cient�fico Jama Cardiology monitorou os efeitos da covid-19 em cem pacientes dois meses ap�s a cura. 78% deles ainda tinham anomalias card�acas e 60% foram diagnosticados com inflama��o do m�sculo card�aco. Ou seja, a possibilidade de desenvolver problemas cardiovasculares � muito maior sendo infectado pelo coronav�rus do que tomando as vacinas atualmente aprovadas.
Isso ocorre porque a covid-19 causa uma intensa atividade inflamat�ria em todo o organismo, o que est� intimamente ligado ao surgimento de doen�as do cora��o, explica Celso Amadeo, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “A covid-19 pode provocar efeitos imediatos sobre o cora��o, como a miocardite, ou efeitos mais tardios como atividade tromb�tica, levando ao desenvolvimento de quadros de arritmia, insufici�ncia card�aca e doen�a arterial coronariana.”
O m�dico canadense Byram W. Bridle cita uma pesquisa, de setembro de 2020, que relaciona os problemas cardiovasculares especificamente com a prote�na Spike. O estudo, no entanto, traz a observa��o de que ainda era preciso mais pesquisas e investiga��es para se comprovar esta teoria.
Amadeo diz que essa hip�tese � discutida, mas que ainda n�o foi bem esclarecida. “O que est� bem esclarecido � o ‘estrago’ que esse v�rus faz no sistema cardiovascular”, falou. Por isso, ele refor�a a recomenda��o para que todas as pessoas eleg�veis se vacinem.
“Mesmo quando questionamos as vacinas mais modernas, como a da Pfizer, temos que olhar os dados. Ela tem 98% de prote��o contra a infec��o. Ent�o, n�o h� argumento. Independentemente da prote�na Spike, eu olho as evid�ncias. E elas mostram que as vacinas s�o bastante efetivas na prote��o”, aconselha.
Por que investigamos?
Em sua quarta fase, o Comprova verifica conte�dos suspeitos sobre pol�ticas p�blicas do governo federal e a pandemia de covid-19 que se tornaram virais nas redes e aplicativos de mensagens. O texto do blog Estudos Nacionais recebeu 3,3 mil compartilhamentos e 3,3 mil rea��es no Facebook. Um tu�te com link para o texto recebeu 7,5 mil intera��es.
A pandemia de coronav�rus traz muitas d�vidas para a popula��o e isso facilita a dissemina��o de conte�dos falsos ou imprecisos sobre o novo coronav�rus. Al�m disso, a covid-19 tamb�m trouxe muito medo, sentimento que pode ser instrumentalizado no ambiente politizado em que vivemos.
As vacinas s�o a principal estrat�gia atualmente dispon�vel para controle da pandemia e a desinforma��o sobre os imunizantes enfraquece os esfor�os de autoridades de sa�de. O Comprova j� mostrou ser falso que vacinas causariam c�ncer, danos gen�ticos e at� ‘homossexualismo’.
O Boatos.org tamb�m checou a desinforma��o verificada neste texto.
Falso, para o Comprova, � conte�do inventado ou que tenha sofrido edi��es para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
Verificado por: A Gazeta, Correio de Caraj�s, R�dio Band News, Portal UOL e Correio 24 Horas.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo brit�nico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). No pa�s ela � produzida pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a libera��o de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidi�ria da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do �nico no mercado que garante a prote��o em uma s� dose, o que pode acelerar a imuniza��o. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Minist�rio da Sa�de em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autoriza��o para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
Os chamados passaportes de vacina��o contra COVID-19 j� est�o em funcionamento em algumas regi�es do mundo e em estudo em v�rios pa�ses. Sistema de controel tem como objetivo garantir tr�nsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacina��o imp�em desafios �ticos e cient�ficos.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
[VIDEO4]
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
- Veja onde est�o concentrados os casos em BH
Coronav�rus: o que fazer com roupas, acess�rios e sapatos ao voltar para casa
Animais de estima��o no ambiente dom�stico precisam de aten��o especial
Coronav�rus x gripe espanhola em BH: erros (e solu��es) s�o os mesmos de 100 anos atr�s