No posto de sa�de, Marquezzi foi informado que a vacina que estava dispon�vel e sendo aplicada naquele momento era a Astrazeneca. Depois de ouvir de algumas pessoas que escolher o imunizante era imposs�vel e, mais do que isso, uma atitude prejudicial no combate � pandemia, ele at� pareceu disposto a rever seus conceitos. Mas...
Morador de Barueri, Marquezzi n�o pode se vacinar em uma UBS da capital. Se tivesse encontrado algum documento que provasse trabalhar em S�o Paulo, ele teria sido vacinado. Como n�o conseguiu provar o v�nculo empregat�cio na cidade, acabou sem nada. Marquezzi, ent�o, pegou sua moto e prometeu continuar procurando... a Janssen.
A tentativa de escolher vacinas por parte da popula��o � um fen�meno bastante vis�vel em diversos postos de sa�de. Enfermeiras confirmaram � reportagem que tem sido recorrente flagrar pessoas saindo da fila ao descobrirem n�o se tratar de uma vacina da Pfizer ou, mais recentemente, da Janssen. Os postos de vacina��o n�o divulgam qual vacina est�o aplicando at� o momento da pr�pria vacina��o ou quando os funcion�rios das unidades s�o perguntados sobre o assunto.
A aposentada Neizinha Magalh�es, de 73 anos, por exemplo, chegou no port�o do posto de sa�de e questionou sobre qual vacina estaria sendo aplicada naquele instante. Ao saber se tratar da Astrazeneca virou as costas e foi embora.
"S� vou vacinar com Pfizer, meu filho. Por seguran�a. Tenho um enfisema e n�o quero arriscar. Veja o que aconteceu com o Agnaldo Tim�teo (cantor e pol�tico morto em abril, v�tima da COVID). Ele tomou duas doses de uma vacina e aconteceu o que aconteceu", falou Neizinha, que aos 73 anos j� poderia ter se vacinado h� muito tempo. Os profissionais ouvidos nas unidades s�o un�nimes em dizer que aqueles que escolhem vacina est�o se colocando em risco e, pior, colocando em risco todo o cronograma de vacina��o determinado.
Mas engana-se quem acha que essa procura pela vacina certa est� restrita apenas a quem deseja tomar as doses da Pfizer ou da Janssen. Um posto de sa�de do Pari teve um s�bado de tranquilidade. Enquanto a reportagem esteve por l�, apenas tr�s pessoas apareceram para se vacinar. A enfermeira Ana Caroline Ven�ncio, 29 anos, explicou que a unidade costuma receber muitas pessoas quando a vacina que est� sendo aplicada � a Coronavac.
"Na regi�o, moram e trabalham muitos chineses. O que a gente nota por aqui � que eles, em sua maioria, s� querem tomar Coronavac. Aparentemente, eles se sentem mais seguros e confiantes com uma vacina que tem essa liga��o com uma empresa chinesa", comentou Ana. Como � imposs�vel saber com anteced�ncia se as doses da Coronavac estar�o dispon�veis naquele ponto, a enfermeira contou que o mais comum � a pessoa ir embora t�o logo descubra n�o se tratar da "vacina chinesa".
Apesar de um s�bado sem filas e com vacina, muita gente perdia a chance de se imunizar. Foi o caso do advogado Jos� Ant�nio Pedreira, 53 anos, que foi at� a UBS, mas preferiu n�o se vacinar. "Eu j� consumi �lcool hoje. Ent�o, achei perigoso e deselegante", disse. Pessoas com 53 anos j� podem se vacinar h� algum tempo.
J� o motorista de aplicativo Andr�s F�lix, 49 anos, saiu bravo de um posto de vacina��o. "Moro em Itanha�m, mas minha vida � no carro, dirigindo. Estou sempre em S�o Paulo. Acho um absurdo n�o conseguir vacinar aqui porque n�o tenho comprovante de resid�ncia", reclamou.
Tamb�m foi muito comum encontrar pessoas de 45 e 46 anos que estavam confusas em rela��o ao calend�rio. "Eu estava acompanhando o calend�rio. Achei que no final de semana j� era poss�vel vacinar com 46 anos", afirmou o lojista Jos� de Oliveira.
Mesmo quem procurou se inscrever na xepa acabou com alguma decep��o. "Eu fui informado que s�o 7 mil pessoas na fila da xepa s� aqui no posto de Santa Cec�lia. Desisti. Vou esperar mais algumas semanas", disse o professor Jackson Gir�o, 39 anos.
Apesar de tudo isso, n�o faltou quem entregasse o bra�o para a vacina dispon�vel e se emocionasse com a conquista. "Eu nem dormi. N�o dormi de tanta ansiedade. Mas valeu a pena", disse a diarista Glaucia Moraes de Ara�jo. Ela se vacinou em um posto do Carr�o, na zona leste.
Mesmo para quem ainda estava mais tranquila, como Rejane Alves de Macedo, 59 anos, que ainda n�o tinha se vacinado antes por pura pregui�a, o momento foi considerado muito importante. "Trouxe minha netinha para fazer as fotos da vacina��o. Ela est� adorando", contou - enquanto era clicada pela neta Karolina, 8 anos.
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