
� medida que se aproximava da praia, cada barra se erguia, se avolumava, quebrava e estendia um t�nue v�u de �gua branca ao longo da areia. A onda fazia uma pausa, e ent�o de novo se elevava, como algu�m que dorme e cuja respira��o vai e vem, inconscientemente.
Gradualmente, a barra negra do horizonte tornava-se clara como se o sedimento numa garrafa velha de vinho tivesse se depositado no fundo e deixado o vidro verde. Atr�s dela o c�u tamb�m clareava como se o sedimento branco tivesse se depositado ali, ou como se o bra�o de uma mulher reclinada sob o horizonte tivesse erguido uma lamparina e barras planas de branco, verde e amarelo tivessem se espalhado pelo c�u como as folhas de um leque. Ent�o ela ergueu mais a lamparina e o ar parecia ter se tornado fibroso e se desprendido da superf�cie verde, tremeluzindo e flamejando em fibras rubras e amarelas, como a chama fumegante que estala de uma fogueira.
Gradualmente, as fibras da fogueira ardente se fundiam numa bruma, numa incandesc�ncia que levantava a carga do c�u cinza e lanoso de cima dela e o transformava num milh�o de �tomos de um azul suave. A superf�cie do mar devagarinho se tornava transparente e continuou se encrespando e espumando at� as listras escuras terem quase se apagado. Devagarinho o bra�o que segurava a lamparina ergueu-a mais e depois mais ainda at� que uma chama larga se tornou vis�vel; um arco de fogo ardia na linha do horizonte, e por toda parte o mar resplandecia dourado.
A luz ca�a sobre as �rvores do jardim, tornando uma folha transparente e depois mais outra. Um p�ssaro chilreou l� no alto; houve uma pausa; um outro chilreou mais abaixo. O sol avivava as paredes da casa, e repousava, como a ponta de um leque, sobre uma cortina branca, e deixava a marca de um dedo azul de sombra sob a folha ao lado da janela do quarto. A cortina se agitava levemente, mas tudo, dentro, estava escuro e insubstancial. L� fora os p�ssaros entoavam suas p�lidas melodias.