(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas EX-VICE PRESIDENTE

Mour�o sobre governo: 'Quer tratar militares como cidad�os de 2� categoria'

Senador acredita que ideia de acabar com opera��es de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) "� s� para tacar fogo no parquinho"


19/03/2023 09:30 - atualizado 19/03/2023 09:53

Senador Hamilton Mourão falando ao microfone. No fundo, uma bandeira do Brasil.
Hamilton Mour�o � ex-vice presidente do governo Bolsonaro e atualmente senador pelo Rio Grande do Sul (foto: Alan Santos/PR)
O senador Hamilton Mour�o (Republicanos-RS) afirma que a proposta do governo Lula de barrar militares da ativa em cargos pol�ticos visa trat�-los como "cidad�os de segunda categoria", e que a ideia de acabar com opera��es de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) "� s� para tacar fogo no parquinho".

 

"Se voc� tem uma pessoa dentro do Ex�rcito, Marinha ou For�a A�rea com compet�ncia espec�fica para um cargo, voc� vai deixar de usar aquele servidor que n�s, a na��o, treinamos, conseguimos os meios para ele estudar e se aperfei�oar? 'N�o, eu vou deixar esse cara aqui, ele s� serve para ir para a guerra'", diz � Folha de S. Paulo.

 

Oposi��o ao governo de Luiz In�cio Lula da Silva (PT), o ex-vice-presidente da Rep�blica afirma que n�o foi eleito para "liberar a gastan�a" e que dos presentes que ganhou quando estava no cargo s� ficou com "bon�" e "sacola".

 

Mour�o diz ainda que foi Jair Bolsonaro (PL) quem o pediu para assinar a promo��o do ex-secret�rio da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes (envolvido no caso das joias sauditas e investigado por suposta press�o para amenizar puni��o a respons�vel por devassa em dados sigilosos de desafetos do ex-presidente) e de Jos� de Assis Ferraz Neto, ex-subsecret�rio-geral.

 

O que o sr. vai priorizar neste come�o de mandato?

Durante a campanha, eu disse que tinha dois grandes eixos onde iria centrar meu trabalho. Um ligado ao desenvolvimento econ�mico, que � a quest�o das grandes reformas que o pa�s precisa - eu estarei trabalhando a reforma tribut�ria, a quest�o da reforma administrativa, o apoio ao agroneg�cio. E tem o eixo social, que � uma trilogia de sa�de, educa��o e seguran�a.

 

O sr. tamb�m apoia um novo marco fiscal?

O qu�o disposto est� de contribuir com as pautas do governo? A realidade � a seguinte: a �ncora fiscal que n�s temos hoje, que � o teto de gastos, na minha opini�o, estava fadada ao insucesso. Mas surtiu o seu efeito, que foi conter a expans�o dos gastos p�blicos depois do, vamos dizer, festival que foi o segundo governo do presidente Lula e o governo Dilma [Rousseff]. Ent�o ela freou essa expans�o, mas [...] o governo ficou sem condi��es de investir. O n�vel de investimento caiu para o ponto mais baixo. Ent�o � necess�ria uma nova �ncora.

 

Ent�o o sr. vai ajudar o governo. Desde que seja algo exequ�vel, n�?

N�o estou aqui para liberar a gastan�a.

 

O sr. afirmou que, no caso das joias, provavelmente a corda vai arrebentar do lado mais fraco. O que o sr. quis dizer?

Eu estou acompanhando esse caso por aquilo que vem sendo publicado na imprensa porque eu jamais tive conhecimento dessa situa��o enquanto era o vice-presidente. Voc� tem em tese o transporte de um material que era um presente para o presidente da Rep�blica e sua esposa que poderia ter sido feito pela mala diplom�tica, de outras formas. Se tem algu�m que transportou isso da forma que n�o era correta, essa pessoa vai terminar pagando.

 

E o ex-ministro Bento Albuquerque? O sr. o v� do lado mais fraco?

Eu n�o sei. O ministro Bento n�o � nenhuma crian�a, n�? Ele j� prestou depoimento � Pol�cia Federal, que eu desconhe�o o teor. Conhe�o o car�ter do ministro Bento e ele n�o ia se propor a fazer nada que fosse ilegal.

 

Ap�s esse esc�ndalo, o sr. passou a se questionar sobre algo que recebeu quando era vice?

N�o, porque tudo que eu recebi foi bon�, sacola. Ent�o foram os presentes que eu recebi. Aqueles que eram presentes, vamos dizer assim, de maior valor, eu deixei no acervo da Vice-Presid�ncia. Tem um dep�sito l� e est�o no dep�sito.

 

 

 

 

Ent�o quando o sr. fala que a corda vai romper do lado mais fraco, o sr. acha que Bolsonaro consegue se explicar?

Eu acho que tranquilamente, p�. Eu acho que � uma coisa simples. O TCU j� deu cinco dias de prazo. Parte delas [das joias] est�o l� na Receita Federal, no aeroporto de Guarulhos. � s� recolher e mandar para o acervo da Presid�ncia. Aquele outro pacote que teria ficado com o presidente, ele entrega e acabou. Morre o assunto.

 

O Senado tem prometido avan�ar sobre o caso das joias e da Abin. Como o sr. pretende se posicionar?

O caso das joias eu n�o tenho nada a ver com isso a�. Eu n�o tenho que me posicionar a respeito.

 

 

 

Pergunto do ponto de vista Legislativo.

Isso � uma perda de tempo e eu n�o estou vendo ningu�m querendo criar CPI para isso. Sei que existe requerimento de informa��es. Sobre essa quest�o do sistema de monitoramento de telefone, para mim tamb�m � rolha, um tro�o bobo isso a�.

 

 

 

No dia 30 de dezembro, o sr. assinou a nomea��o de chefes da Receita para embaixadas. Foi um pedido de Bolsonaro? 

 O presidente me pediu. O presidente, indo para o aeroporto, me mandou uma mensagem dizendo que tinham decretos - al�m desses tiveram outros ligados � �rea econ�mica-, para que eu os assinasse. E eu, por lealdade e dever de of�cio, assim o fiz. Eu era presidente em exerc�cio, competia a mim. Agora, se tinha sido acordado, se n�o tinha, n�o era uma quest�o que eu devia colocar em discuss�o.

 

Dois dos servidores tamb�m s�o investigados por suposta a��o para amenizar puni��o a respons�vel por devassa em informa��es sigilosas de desafetos de Bolsonaro. O sr. v� rela��o entre esse caso e as nomea��es?

N�o... O que eu vejo era como um pr�mio, n�? Quando voc� manda um servidor p�blico para fora do pa�s � um pr�mio. Em primeiro lugar porque voc� ter a felicidade de morar fora do Brasil cumprindo uma miss�o para o pa�s � algo que enaltece o teu papel como servidor. Em segundo lugar porque h� uma diferen�a pecuni�ria boa, n�? Isso � bom para a fam�lia. Ent�o eu vi como pr�mio, nada mais que isso. De algu�m que prestou um servi�o � na��o.

 

Mas o sr. acha que eles foram premiados por essa devassa na Receita?

Eu acho que devem ter sido premiados pelo trabalho que realizaram ao longo do per�odo do governo do presidente Bolsonaro. At� porque essa devassa a gente n�o sabe se realmente ocorreu.

 

O PT quer mudar o artigo 142 da Constitui��o para acabar com a GLO. O que o sr. acha?

 A miss�o constitucional � clara. A Garantia da Lei e da Ordem � por iniciativa de qualquer um dos Poderes constitu�dos. Ent�o retirar n�o vai mudar em nada porque n�o existe outra for�a capacitada. N�o adianta ficar sonhando com guarda nacional, com sei l� o qu�, porque isso n�o vai sair do papel jamais. Como � que eu vou te dizer, � s� para tacar fogo no parquinho. Nada mais al�m disso.

 

O governo prepara uma PEC para proibir militares da ativa em cargos pol�ticos. O que acha da proposta?

Na realidade, ela quer tratar os militares como cidad�os de segunda categoria. A legisla��o � muito clara: se o militar vai concorrer a um cargo eletivo, ele vai ter que se filiar a um partido pol�tico [...] e entrar em licen�a [na For�a].

 

'Ah, o militar da ativa n�o pode ocupar um cargo do governo.' Por que n�o pode? Se voc� tem uma pessoa dentro do Ex�rcito, Marinha ou For�a A�rea com compet�ncia espec�fica para um cargo, voc� vai deixar de usar aquele servidor que n�s, a na��o, treinamos, conseguimos os meios para ele estudar e se aperfei�oar? 'N�o, eu vou deixar esse cara aqui, ele s� serve para ir para a guerra.'

 

Mas � tamb�m uma rea��o interna, das pr�prias For�as.

N�o. As For�as, que eu saiba, n�o est�o preocupadas com isso a�.

 

O Estatuto dos Militares diz que o militar deve 'abster-se, na inatividade, do uso das designa��es hier�rquicas em atividades pol�tico-partid�rias', mas o sr. continua se apresentando como General Mour�o.

N�o. O meu nome no Senado, qual �?

 

Nas suas redes sociais est� 'General Mour�o'.

Meu nome no Senado � Hamilton Mour�o, e foi com esse nome que eu concorri. N�o foi com o nome de General Mour�o.

 

Mas nas redes sociais permanece como 'General Mour�o'.

� aquela hist�ria: general eu sempre serei. E o artigo � muito claro: ele n�o pro�be, ele diz que 'deve abster-se'. Se fosse proibido, ningu�m poderia usar. � uma quest�o de fundo �tico e eu, dentro da minha �tica profissional, quando me tornei candidato, tirei o nome 'general'.

 

Que balan�o o sr. faz da participa��o dos militares no governo Bolsonaro?

Os militares que foram chamados pelo presidente Bolsonaro para compor o governo, na sua imensa maioria, eram da reserva. As coisas caem sempre em cima do pessoal do Ex�rcito. O ministro Bento [Albuquerque] foi ministro de Minas e Energia sendo almirante da ativa e isso nunca foi mencionado porque � da Marinha. Passa despercebido. Agora, o [Luiz Eduardo] Ramos, o [Eduardo] Pazuello, essa turma era citada quase diariamente, e porque � do Ex�rcito.

 

Por que o sr. acha que lembram sempre do Ex�rcito?

O Ex�rcito � o grande irm�o, n�? � o Ex�rcito que acolhe todo mundo, que est� presente em todos os cantos do pa�s. A Marinha � muito concentrada no Rio de Janeiro e em algumas outras capitais. A For�a A�rea est� mais espalhada, mas aparece nas suas miss�es humanit�rias.

 

Ent�o o sr. acha que isso n�o est� ligado a uma crise de imagem do Ex�rcito ou a 1964?

N�o. Eu acho que o Ex�rcito n�o tem que ser amado nem querido. O Ex�rcito tem que ser temido. � para isso que ele existe.

 

Temido internamente?

Interno � respeito; externo, temido.

 

O l�der do PT no Senado, Jaques Wagner (BA), disse � Folha que a resist�ncia dos militares a Lula vem da lavagem cerebral feita pela Lava Jato. O sr. v� algum paralelo?

Eu discordo do meu caro amigo senador Jaques Wagner. A quest�o � muito clara: o presidente Lula foi julgado e condenado por corrup��o em tr�s inst�ncias. Depois, [a condena��o] foi desfeita porque o julgamento n�o deveria ter se iniciado em Curitiba, e sim em Bras�lia. Ele foi julgado e condenado, isso ningu�m pode varrer para debaixo do tapete.

 

Havia tamb�m suspei��o sobre quem o julgou.

O [Sergio] Moro era suspeito? E os tr�s ju�zes do TRF-4? E os cinco ju�zes do STJ? Todos poderiam ter dito 'n�o, esse processo n�o procede'. Ent�o n�o foi um homem s�. A realidade � uma s�.

 

Um dos principais fatos que ligam o lava-jatismo �s For�as Armadas � o tu�te do ex-comandante Villas B�as na v�spera do julgamento de Lula no STF. O sr. acha que foi adequado?

Eu acho que foi. Foi simplesmente um alerta do comandante do Ex�rcito. O STF se sentiu pressionado? Se se sentisse pressionado, sentiria pressionado ad aeternum [para sempre].

 

Um alerta para qu�?

Um alerta para um fato real de uma pessoa que tinha sido efetivamente condenada.

 

Hamlton Mour�o

Hamilton Mour�o, 70, � senador pelo Rio Grande do Sul, general da reserva do Ex�rcito e ex-vice-presidente da Rep�blica do governo Bolsonaro. Cursou a Academia Militar das Agulhas Negras, escola de forma��o de oficiais do Ex�rcito, e foi comandante militar do Sul.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)