
De acordo com o secret�rio de sa�de de Campos dos Goytacazes, Paulo Hirano, ele tomou conhecimento do suposto fraude ainda no ano passado e determinou que os dados n�o fossem registrados. Conforme informou ao UOL, a prefeitura da cidade n�o foi procurada pela Pol�cia Federal (PF), nem abriu apura��o interna.
Conforme a reportagem, foram registrados sete doses de vacina nas tr�s filhas de Cid.
O UOL identificou os registros de vacinas em Campos de Goytacazes na base de dados de vacina��o do Minist�rio da Sa�de.
Segundo os registros, as doses teriam sido aplicadas na Secretaria Municipal de Sa�de de Campos dos Goytacazes, em datas muito anteriores ao dia do registro: 06/08/2021, 06/12/2021, 12/07/2022 e 06/12/2022.

Al�m disso, na hora de registrar os dados no sistema, houve alguns erros no procedimento. A filha do meio de Cid teria recebido duas vezes a primeira dose, em 06/12/2021 e 06/12/2022. Enquanto a filha mais velha teria recebido s� a segunda dose e a dose de refor�o, sem ter recebido a primeira dose.
Conforme a apura��o, no dia seguinte do registro das doses aplicadas - 15 de dezembro de 2022 -, todas as setes doses foram deletadas dos sistemas do Minist�rio da Sa�de. No entanto, o banco de dados de vacina��o n�o apaga os dados totalmente, apenas inclui uma marca��o para informar que aqueles registros devem ser desconsiderados.
Essa marca��o que permitiu a Pol�cia Federal identificar os registros do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua filha Laura que foram deletados.
Registros em Duque de Caxias
J� no dia 17 de dezembro, as filhas de Cid tiveram registro de vacina��o cadastradas em Duque de Caxias - dados estes que n�o foram apagados. Quatro dias depois, duas delas embarcaram para os Estados Unidos.
Foi no dia 21 de dezembro que os dados falsos do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua filha Laura foram inclu�dos em Duque de Caxias. Estes foram apagados no dia 28, dois dias antes de eles partirem para os Estados Unidos.
Mauro Cid � apontado como o respons�vel pela inser��o de dados falsos nos sistemas do Minist�rio da Sa�de. Nessa sexta-feira (19/5), em depoimento � PF, a mulher de Mauro Cid, Gabriela Cid, admitiu o uso dos cart�es de vacina falsa, mas afirmou que a responsabilidade pela falsifica��o � de Mauro Cid.
Ela contou a corpora��o que Cid fraudou os cart�es de imuniza��o contra a COVID-19 para ele e familiares, al�m do ex-presidente Jair Bolsonaro e a filha. O objetivo era ingressar nos Estados Unidos com os documentos falsos.
Secret�rio de Campos sabia dos registros falsos, mas n�o sabia de quem era
Paulo Hirano disse ao UOL que houve tentativa de registrar as vacinas, mas houve "inconsist�ncias nos lotes". Com isso, o caso foi levado ao seu gabinete.
Ele afirmou que determinou que os dados n�o fossem registrados, no entanto, os registros foram detectados pela reportagem. O secret�rio municipal de sa�de nega conhecer a situa��o.
"Quando chegou ao nosso conhecimento no gabinete, mandamos suspender. [Eu disse:] n�o lan�a nada disso, t� inconsistente, ent�o n�o lan�a. N�o lembro qual era a inconsist�ncia. Acho que foi com o lote [da vacina]", afirmou o secret�rio municipal de sa�de de Campos dos Goytacazes, Paulo Hirano.
Outra inconsist�ncia nos dados
De acordo com os registros, a filha mais nova de Cid teria recebido a dose pedi�trica da Pfizer para COVID-19 com 4 anos, em dezembro de 2021. O imunizante da Pfizer para crian�as nessa faixa et�ria foi autorizado pelo Minist�rio da Sa�de em setembro de 2022.
Conforme o secret�rio de sa�de, na �poca n�o se sabia de quem eram os cart�es de vacinas. Apenas esse ano, diante da opera��o em Duque de Caxias, a secretaria da sa�de teria consultado o caso novamente e verificado que se tratava da fam�lia Cid, conforme ele.
Procurado pela reportagem, o advogado de Cid, Bernardo Fenalon, disse que somente se manifestar� nos autos em respeito ao Supremo Tribunal Federal.
Dados falsos de vacina��o
O esquema de inser��o de dados falsos no sistema do Minist�rio da Sa�de para emiss�o de certificados de vacina��o contra a COVID-19 foi revelado pela Opera��o Venire, que teve como desdobramento a pris�o de Cid em 3 de maio, por meio de determina��o do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na �ltima ter�a-feira (16/5), em depoimento � PF, Bolsonaro disse n�o saber do suposto esquema de fraude e afirmou que Cid era o �nico respons�vel pela gest�o de seu aplicativo ConectSUS.
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, tamb�m na quinta-feira, que “pede a Deus” que Cid “n�o tenha errado” e que n�o tem conversado com o ex-ajudante de ordens.