
"O exame recebe esse nome para se diferenciar da bi�psia s�lida, na qual voc� tira um fragmento do tumor e analisa no microsc�pio, uma t�cnica mais invasiva", explica H�ber Salvador, cirurgi�o oncol�gico e presidente da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncol�gica).
Atualmente, o teste � usado em alguns pa�ses, o Brasil entre eles, apesar de a t�cnica ainda ser pouco difundida aqui, principalmente para acompanhar pacientes que j� s�o diagnosticados com c�ncer.
� poss�vel avaliar, por exemplo, a efic�cia de um tratamento (como a quimioterapia), e a possibilidade de recidiva (volta do c�ncer) em um paciente j� em remiss�o pela an�lise de presen�a de celular tumorais ap�s o fim de um tratamento.
Apesar de j� ser utilizada para outros tipos de c�ncer, seu maior uso � em pacientes com c�ncer colorretal e c�ncer de pulm�o, j� que s�o essas as doen�as com mais pesquisas que refor�am benef�cios da t�cnica.
Mas de acordo com os especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, a t�cnica pode oferecer muito mais no futuro.
Por meio da bi�psia l�quida, o mesmo sangue que tiramos para checar doses de glicemia e colesterol, de acordo com os m�dicos, deve nos indicar, nos pr�ximos anos, se estamos com c�lulas cancerosas muito antes de um tumor aparecer — al�m de oferecer informa��es bem espec�ficas sobre o tipo do c�ncer.
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Isso possibilitaria uma interven��o precoce, o que para muitos c�nceres � o principal fator determinante no sucesso do tratamento.
Com a ajuda de especialistas no tema, listamos abaixo os principais pontos negativos da bi�psia l�quida, o que o exame j� oferece em termos de vantagens para os pacientes e o que podemos esperar do futuro.
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Pontos negativos
- Falta de confiabilidade
Pelo exame ser relativamente novo e ainda n�o ter atingido todo o seu potencial tecnol�gico, ele acaba sendo usado como uma forma de rastreio complementar.
"N�o h� ainda uma seguran�a completa de que a interpreta��o da bi�psia l�quida corresponde exatamente ao que est� acontecendo nos tumores e no organismo da pessoa", explica H�ber Salvador.
"J� temos boas evid�ncias e as pesquisas est�o crescendo, mas eu diria que, no momento, a bi�psia l�quida n�o nos d� a palavra final de se um tumor existe ou n�o, ou que aquele paciente tem mais chance de met�stase. Outros exames precisam ser solicitados."
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Pre�o e falta de acessibilidade
A depender da indica��o do exame, o custo nos poucos laborat�rios onde o exame est� dispon�vel no Brasil varia de seis a quinze mil reais, de acordo com a m�dica Gabriela F�lix, geneticista molecular e gerente do Laborat�rio de Oncologia de Precis�o da Igenomix Brasil. Os conv�nios n�o cobrem o teste.
"Comparado h� 10 ou at� cinco anos atr�s, o pre�o j� diminuiu, embora ainda seja alto. � um impeditivo para muitos, mas com passar do tempo, a tend�ncia � que a t�cnica se torne melhor e mais barata", completa Thiago Bueno de Oliveira, oncologista cl�nico, presidente do GBCP (Grupo Brasileiro de C�ncer de Cabe�a e Pesco�o) e titular do A.C.Camargo Cancer Center.
Pontos positivos
- Simplifica��o do rastreamento
Em vez de precisar submeter um paciente oncol�gico — que muitas vezes j� apresenta imunidade prejudicada — � bi�psia s�lida, um procedimento cir�rgico que retira uma amostra do tumor, o acompanhamento para avaliar se a doen�a est� regredindo ou n�o pode ser feito por meio da bi�psia l�quida.
A t�cnica � muito menos invasiva e traz benef�cios em situa��es como a pandemia da COVID-19, j� que o paciente n�o precisa ser exposto ao ambiente hospitalar.
- Tempo de resultado
A depender da regi�o do paciente, dos servi�os laboratoriais utilizados, assim como do tipo do tumor, o resultado de uma bi�psia s�lida, explica a geneticista Gabriela F�lix, pode demorar at� tr�s meses. "J� a bi�psia l�quida fica pronta de dez dias, o que facilita o in�cio do tratamento r�pido, especialmente para tumores agressivos."
- Direcionamento de escolha para tratamento
"Quando queremos identificar uma muta��o espec�fica [que sabemos que responde melhor a determinados tratamentos], algumas delas aparecem na corrente sangu�nea, e o exame permite essa identifica��o, evitando procedimentos cir�rgicos", aponta o oncologista cl�nico Thiago Bueno de Oliveira.

Para o futuro
"As c�lulas malignas t�m uma caracter�stica que � cair na corrente sangu�nea, o que faz com que elas possam se instalar em outro lugar. E �s vezes isso acontece muito precocemente, antes de o tumor dar sinais ou da massa aparecer em um exame de imagem. Ent�o a possibilidade de detec��o precoce est� aberta", aponta o cirurgi�o oncol�gico H�ber Salvador.
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O diagn�stico precoce aumenta as chances de sobrevida para pacientes com diferentes tipos de c�nceres. No caso do c�ncer de mama, por exemplo, estima-se que a descoberta quando a doen�a ainda est� em fase inicial representa uma chance de 90% de remiss�o.
Nos Estados Unidos, dois testes com o objetivo de diagn�stico est�o em fase de teste e podem chegar ao mercado nos pr�ximos dois anos. N�o h�, no entanto, expectativa de que o exame seja coberto por planos de sa�de t�o cedo.
Al�m disso, espera-se que com o avan�o do uso da t�cnica, surjam tamb�m aprimoramentos na leitura dos exames, que possibilitem uma leitura mais simples at� para m�dicos que n�o s�o especialistas.
- Texto originalmente publicado https://www.bbc.com/portuguese/geral-62088413
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