
Mais que uma simples infec��o respirat�ria, a covid pode ter uma s�rie de repercuss�es no resto do corpo — e algumas dessas complica��es, que afetam o cora��o, os pulm�es e at� o c�rebro, podem acontecer mesmo depois de os primeiros sintomas da infec��o melhorarem.
Diante desse risco, em quais situa��es � indicado fazer o popular check-up, aquele conjunto de exames que avalia diversos par�metros e sinaliza uma doen�a nos seus est�gios iniciais?
M�dicos ouvidos pela BBC News Brasil indicam que, em linhas gerais, passar por essa bateria de testes laboratoriais n�o � algo recomendado para todo mundo que teve covid. Nesse sentido, n�o existe uma "receita de bolo", ou uma recomenda��o geral que sirva para a enorme quantidade de pessoas que teve diagn�stico positivo para a doen�a nos �ltimos meses.
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No entanto, existem ao menos tr�s grupos de pacientes que podem necessitar de uma avalia��o mais aprofundada p�s-covid: primeiro, aqueles que tiveram quadros graves da infec��o; segundo, portadores de doen�as cr�nicas, como hipertens�o ou diabetes; terceiro, indiv�duos que est�o sentindo algum inc�modo at�pico por um tempo prolongado.
Entenda a seguir por que esses grupos precisam de uma aten��o especial e quais exames s�o mais indicados nessas situa��es.
Uma doen�a, v�rias repercuss�es
A partir do momento em que o coronav�rus entra no nosso corpo e come�a a usar as c�lulas para criar novas c�pias de si mesmo, ele dispara uma s�rie de rea��es do sistema imunol�gico.Por�m, na tentativa de conter a infec��o, as c�lulas de defesa podem acabar lesando os pr�prios �rg�os.
Isso acontece em grande parte porque o sistema imune libera uma s�rie de subst�ncias que, em alguns pacientes, gera uma inflama��o descontrolada, como detalha um artigo publicado em abril de 2021 no peri�dico cient�fico Nature Reviews Rheumatology.

Essa inflama��o, por sua vez, chega a provocar les�es e atrapalhar o funcionamento de diversas estruturas do organismo.
Em veias e art�rias, por exemplo, esse estado de crise inflamat�ria pode desestabilizar placas de gordura, que se soltam e podem bloquear a passagem do sangue.
Isso leva a quadros de trombose venosa, embolia pulmonar e at� infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
Embora todos os mecanismos por tr�s dessa rela��o n�o sejam completamente conhecidos, os efeitos da covid tamb�m podem se estender por p�ncreas, rins, bexiga, tireoide e c�rebro.
Vale lembrar que, felizmente, quadros como esses s�o raros — e se tornaram ainda menos comuns a partir da chegada da vacina��o.
Eles costumam acontecer com uma frequ�ncia relativamente maior em indiv�duos que j� reuniam algumas condi��es, como doen�as cr�nicas ou idade avan�ada.
Mas ser� que � poss�vel detectar essas complica��es logo de cara, antes que elas evoluam para desfechos mais complicados?
A resposta � sim, por meio dos exames.
Para quem � o check-up p�s-covid
O primeiro grupo que se beneficiaria de uma bateria de testes, como exames de sangue ou de imagem, s�o justamente aqueles que tiveram covid grave.
Muitas vezes, no pr�prio hospital, durante a interna��o, a equipe de profissionais de sa�de j� realiza algumas an�lises cl�nicas para detectar altera��es precoces e evitar as complica��es mais temidas, como um quadro de trombose ou AVC.
Nesse contexto, tamb�m s�o prescritos medicamentos espec�ficos, que ajudam a controlar a inflama��o.
"Os exames devem ser indicados de acordo com o risco individual", esclarece o infectologista Evaldo Stanislau de Ara�jo, do Hospital das Cl�nicas de S�o Paulo.
"Num paciente que teve insufici�ncia respirat�ria, � idoso, sofre de problemas imunes ou j� foi diagnosticado com doen�as cr�nicas, como hipertens�o e diabetes, faz mais sentido fazer um acompanhamento", complementa o m�dico, que tamb�m integra a Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).
Agora, numa pessoa jovem e saud�vel que teve diagn�stico positivo para o v�rus, s� teve sintomas leves e est� se sentindo bem depois de alguns dias, passar por um check-up t�o intenso n�o faz tanto sentido assim.

Mas mesmo a covid leve e moderada pode exigir uma avalia��o mais aprofundada em pessoas que j� tinham enfermidades cr�nicas, como hipertens�o e diabetes.
"Muitas vezes, a infec��o pelo coronav�rus pode descompensar as demais doen�as", explica a infectologista Val�ria Paes, do Hospital S�rio-Liban�s em Bras�lia.
"Nesses casos, pode ser necess�rio fazer alguns exames e at� ajustar temporariamente a medica��o para controlar novamente �ndices como a press�o arterial e a glicemia", complementa.
Uma consulta com o cl�nico geral, o m�dico de fam�lia, o cardiologista ou o endocrinologista ajudam a fazer esse acompanhamento.
Al�m de pacientes com covid grave e portadores de doen�as cr�nicas, o terceiro grupo que pode precisar de exames complementares s�o aqueles que est�o sentindo algum inc�modo at�pico depois de se recuperarem da infec��o inicial.
"H� gente que chega aos nossos consult�rios com queixas de cansa�o, como se n�o conseguissem mais fazer as coisas como antes da covid", conta o m�dico Agnaldo Piscopo, diretor do Centro de Treinamento em Emerg�ncias Cardiovasculares da Sociedade de Cardiologia do Estado de S�o Paulo.
"Outro dia, um paciente reclamou dizendo que antes corria 6 km numa boa e atualmente j� se sente cansado depois de 3 km de caminhada", exemplifica.
Nessas situa��es, exames de imagem (como a resson�ncia magn�tica ou a tomografia) e de sangue, al�m de testes de esfor�o, ajudam a detectar eventuais problemas no cora��o ou nos vasos sangu�neos
Al�m da fadiga, o Sistema Nacional de Sa�de do Reino Unido aponta que no p�s-covid algumas pessoas tamb�m sentem dificuldades para respirar, dor no peito, problemas de mem�ria e concentra��o, dificuldade para dormir, palpita��es, n�usea, dor nas articula��es, depress�o, ansiedade, dor de ouvido, perda de apetite, perda de olfato ou paladar e vermelhid�o na pele.
Essa longa lista pode estar relacionada (ou n�o) com o coronav�rus e a inflama��o exacerbada.
Se algum desses sintomas persistir por algumas semanas, � importante buscar ajuda de um profissional de sa�de que, com base no relato e na avalia��o no consult�rio, vai indicar a realiza��o de exames espec�ficos para cada situa��o e prescrever o melhor tratamento dispon�vel.
- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62169054
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