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Estado de Minas ALIMENTA��O

Na terceira idade, carne vermelha � perigo para o cora��o

O risco do surgimento de complica��es cardiovasculares � 22% maior entre idosos que ingerem a prote�na diariamente; peixe, aves e ovos n�o t�m o mesmo efeito


02/08/2022 10:23

Carne vermelha
Eliminar a carne do card�pio n�o � a salva��o para evitar doen�as cardiovasculares, esse � apenas um caminho para a preven��o em determinados grupos (foto: Pixabay/Reprodu��o)

Costumamos ouvir que uma dieta balanceada deve conter a ingest�o de prote�nas - incluindo as presentes nas carnes vermelhas. Por�m, discuss�es e pesquisas mostram que esse nutriente pode, tamb�m, trazer malef�cios � sa�de. Um estudo conduzido pela Universidade de Tufts e pelo Instituto Lerner, ambos nos Estados Unidos, mostra que o consumo da carne vermelha e carne processada pode aumentar em 22% o risco de ocorr�ncia de doen�as cardiovasculares em idosos.


Ao longo dos anos, cientistas investigaram a rela��o entre doen�as card�acas e gordura saturada, colesterol diet�tico, s�dio, nitritos e at� cozimento em alta temperatura, mas as evid�ncias que apoiam muitos desses mecanismos n�o s�o robustas. O novo estudo, publicado na revista Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, sugere que os culpados subjacentes podem incluir metab�litos criados pelas bact�rias intestinais quando comemos carne.

Com quase 4 mil participantes acima de 65 anos, a pesquisa mostra que h� um risco 22% maior para cada 1,1 por��o de prote�na ingerida por dia - e cerca de 10% desse risco elevado � explicado pelo aumento dos n�veis de tr�s metab�litos produzidos por bact�rias intestinais a partir de nutrientes abundantes nas carnes vermelha e processada: o N-�xido de trimetilamina (TMAO), a gama-butirobeta�na e a crotonobeta�na. A vulnerabilidade n�o foi constatada com o consumo de aves, ovos ou peixes, e os volunt�rios foram acompanhados por, em m�dia, 12 anos e meio.
 

Outros fatores, como o aumento do n�vel de a��car no sangue e a ativa��o de inflama��es no corpo a partir da carne, se mostram mais nocivos que o colesterol ou a press�o arterial. "Curiosamente, identificamos tr�s caminhos principais que ajudam a explicar as liga��es entre carne vermelha e processada e doen�as cardiovasculares - metab�litos relacionados ao microbioma, n�veis de glicose no sangue e inflama��o geral -, e cada um deles parecia mais importante do que os caminhos relacionados ao colesterol no sangue ou a press�o arterial", analisa, em nota, o coautor s�nior, Dariush Mozaffarian.

Segundo a equipe de cientistas, esse � o primeiro estudo a investigar as interrela��es entre alimentos de origem animal e o risco de doen�as cardiovasculares. Na avalia��o de Meng Wang, coprimeira autora do artigo e p�s-doutoranda na Friedman School, ligada � Universidade de Tufts, a pesquisa responde a perguntas de longa data sobre a liga��o entre a prote�na e esse tipo de complica��o. "As intera��es entre a carne vermelha, o nosso microbioma intestinal e os metab�litos bioativos que eles geram parecem ser um caminho importante para o risco, o que cria um alvo para poss�veis interven��es para reduzir doen�as card�acas", avalia.

Melhores escolhas

Para os autores, compreender os impactos do consumo de carne � particularmente importante em idosos porque, apesar de serem mais suscet�veis � ocorr�ncia de complica��es card�acas, essas pessoas podem se beneficiar da ingest�o de prote�nas - o nutriente compensa a perda de massa e for�a muscular relacionadas � idade. Os resultados, avaliam, indicam que melhores escolhas alimentares podem funcionar como um fator protetivo para o cora��o. "O estudo tamb�m defende os esfor�os diet�ticos como meio de reduzir esse risco, uma vez que as interven��es diet�ticas podem reduzir significativamente o TMAO", afirma Stanley L. Haze, chefe da se��o de cardiologia preventiva e reabilita��o na Cleveland Clinic e coprimeiro autor.

Ahmed Hasan, do Instituto Nacional de Sa�de, cujos dados baseiam a an�lise, pontua que � preciso aprofundar o estudo sobre o efeito da carne vermelha na sa�de card�aca de idosos, mas os primeiros resultados indicam que, ao escolher alimentos de origem animal, pode ser menos importante o foco nas gorduras totais e saturadas, por exemplo, do que entender os efeitos sobre a sa�de de outros componentes do alimento. "Embora sejam necess�rias mais pesquisas, os relat�rios atuais fornecem um novo alvo potencial para prevenir ou tratar doen�as card�acas em um subgrupo de pessoas que consome quantidades excessivas de carne vermelha", diz.

Apesar da descoberta, eliminar a carne do card�pio n�o � a salva��o para evitar doen�as cardiovasculares, esse � apenas um caminho para a preven��o em determinados grupos. Hasan ressalta que, independentemente da idade, para um estilo de vida que seja saud�vel para o cora��o, � preciso a ado��o de uma dieta rica em vegetais, frutas e gr�os integrais, al�m de controlar o estresse, ter qualidade de sono e praticar exerc�cios f�sicos.

Risco maior de morte

Parte do grupo de pesquisadores que relaciona a ingest�o de carne vermelha e processada � sa�de cardiovascular publicou, em maio, na revista Jama Network Open, um estudo que associa o TMAO e outros metab�litos ao risco de morte em pessoas mais velhas. A vulnerabilidade foi de 20% a 30% maior entre idosos com n�veis mais altos desses compostos no plasma e em seus biomarcadores do que os com taxas mais baixas.

Os resultados foram obtidos na an�lise de dados de mais de 5 mil pessoas. Para os autores, as informa��es podem ajudar na cria��o de estrat�gias para reverter os n�veis do metab�lito. "Agora que sabemos mais sobre a gravidade dos riscos associados ao TMAO, podemos explorar abordagens eficazes para alterar esses n�veis no corpo", afirmou, � �poca, em nota, a coprimeira autora do artigo, Amanda Fretts, do Departamento de Epidemiologia da Universidade de Washington.

Rem�dios s�o ligados a infartos

Pense na seguinte hip�tese: voc� tem uma doen�a cardiovascular e se trata com rem�dios espec�ficos, como betabloqueadores e antiplaquet�rios. Mas, como em um efeito rebote, o que deveria impedir uma piora cl�nica causa ainda mais problemas de sa�de. Essa possibilidade foi levantada em uma pesquisa que identificou uma rela��o entre o uso desses dois medicamentos e o aumento de ataques card�acos em per�odos de calor extremo.

O estudo utilizou como base o registro de 2.494 casos de pessoas que sofreram ataque card�aco n�o fatal em Augsburg, na Alemanha, durante os meses de clima quente (de maio a setembro), entre 2001 e 2014. Os autores analisaram a utiliza��o das duas classes medicamentosas antes do infarto, comparando os dados da exposi��o ao calor no dia do problema com os dos mesmos dias da semana no mesmo m�s.

A an�lise n�o estabeleceu uma rela��o de causa e efeito. Mostrou que o uso de medicamentos antiplaquet�rios foi associado a um aumento de 63% no risco de ataques card�acos, e o de betabloqueadores, de 65%. No caso de ingest�o dos dois rem�dios, a taxa subiu para 75%. "Os pacientes que tomam esses dois medicamentos t�m maior risco. Durante as ondas de calor, eles devem realmente tomar precau��es", enfatiza, em nota, Kai Chen, professor-assistente do Departamento de Epidemiologia da Escola de Sa�de P�blica de Yale e primeiro autor do estudo, publicado na revista Nature Cardiovascular Research.

Os cientistas consideram que o risco de sofrer um infarto pode ter aumentado em decorr�ncia do aumento da temperatura e tamb�m pela ocorr�ncia de doen�a card�aca subjacente. H� pistas, por�m, da for�a da primeira hip�tese. Uma delas � que, na maioria das vezes, outros rem�dios para o cora��o n�o mostraram uma conex�o entre ataques card�acos relacionados e calor.

A �nica exce��o foram as estatinas, Quando tomadas por pessoas mais jovens, elas foram associadas a um risco tr�s vezes maior de ataque card�aco em dias quentes. "N�s levantamos a hip�tese de que alguns dos medicamentos podem dificultar a regula��o da temperatura corporal", enfatiza Chen. A equipe planeja tentar desembara�ar essas rela��es em novos estudos.


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