
A express�o procedimento card�aco pode ser assustadora num primeiro momento, mas, diferentemente do que as pessoas imaginam, essa �rea m�dica evoluiu a passos acelerados e muitos deles utilizados hoje s�o minimamente invasivos. As temidas cirurgias de peito aberto v�m sendo, em grande n�mero, substitu�das pelas minimamente invasivas, sem a necessidade de grandes incis�es que exigiam longa fase de recupera��o e com alta incid�ncia de complica��es.
No Brasil, as doen�as cardiovasculares ainda s�o as principais causas de mortes. De acordo com o Minist�rio da Sa�de, cerca de 300 mil indiv�duos por ano sofrem Infarto Agudo do Mioc�rdio (IAM), ocorrendo �bito em 30% desses casos. Estima-se que at� o ano de 2040 haver� aumento de at� 250% dessas ocorr�ncias no pa�s.
“As doen�as card�acas continuam sendo a principal causa de morte no mundo, por isso a revolu��o na �rea significa ampliar o n�mero de pacientes beneficiados e envolve valor incalcul�vel”, comenta o cardiologista Carlos Eduardo Duarte, especialista em estimula��o card�aca da BP, que recentemente realizou uma das primeiras cirurgias de implante do menor marca-passo do mundo no Brasil na BP – A Benefic�ncia Portuguesa de S�o Paulo.
Uma das tecnologias mais disruptivas, que recentemente chegou no Brasil, e que � implantada no paciente de forma minimamente invasiva � o Micra, menor marca-passo do mundo. Ele possui o tamanho de um comprimido de vitamina, n�o exige mais cabos-eletrodos e � indicado para tratar a bradicardia. A doen�a ocorre quando o ritmo card�aco � irregular ou lento, com menos de 60 batimentos por minuto. O considerado normal para um paciente adulto varia entre 60 e 100 batimentos por minuto.
Outro tipo de enfermidade que pode ser tratada atrav�s de procedimentos minimamente invasivos � arritmia card�aca. Uma de suas modalidades � a fibrila��o atrial, quando as irregularidades na transmiss�o de impulsos el�tricos que coordenam os batimentos card�acos disparam. Apesar de existirem medicamentos para controlar a condi��o, muitos pacientes precisam se submeter a um procedimento de crioabla��o, que cauteriza ou congela a parte do cora��o respons�vel pela arritmia. Na t�cnica, que dura de 2 a 3 horas, a ponta do cateter bal�o � congelado, - 80°C, cauterizando o foco do problema.
Assim como a criobla��o para tratar a fibrila��o atrial, que passou a fazer parte do rol da ANS (Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar) em 2021, outro procedimento que tamb�m merece reconhecimento � o implante percut�neo de v�lvula a�rtica ou TAVI (da sigla em ingl�s, Transcatheter Aortic Valve implantation). Ele � indicado para casos de estenose a�rtica, quando a valva a�rtica sofre obstru��o ou estreitamento em pacientes idosos ou de maior risco para a cirurgia convencional.
Na cirurgia convencional, a troca da valva a�rtica � feita com o peito aberto, com incis�es de grandes propor��es, recupera��o lenta e com risco elevado para o paciente idoso, mais suscet�vel a complica��es. No TAVI, essa mesma valva � corrigida por meio da introdu��o de um cateter na regi�o da virilha, que segue at� o cora��o, implantando assim uma nova valva e restabelecendo a passagem adequada do fluxo sangu�neo. O procedimento � feito sem cortes, com uso de anestesia local e seda��o leve. Muitos pacientes, inclusive, recebem alta em at� dois dias, enquanto os que fazem a “cirurgia aberta” t�m um tempo m�dio de interna��o de uma semana.
A estenose a�rtica � uma doen�a que acomete 5% da popula��o com idade acima de 75 anos e sua preval�ncia aumenta com a idade. “Sem d�vida, os pacientes mais idosos apresentam um risco mais elevado para a cirurgia convencional, ou de peito aberto, sendo este procedimento muitas vezes at� contraindicado”, explica Fernanda Marinho Mangione, diretora de Avalia��o de Tecnologia em Sa�de da Sociedade Brasileira de Hemodin�mica e Cardiologia Intervencionista e m�dica do Hospital Benefic�ncia Portuguesa de S�o Paulo e Hospital Alem�o Oswaldo Cruz. Sem o devido tratamento, 50% dos pacientes que apresentam sintomas como cansa�o, desmaios ou dor no peito morrem em cerca de um ano.
De acordo com Fernanda, o TAVI surgiu como uma excelente op��o de tratamento e mudou paradigmas da estenose a�rtica, tendo resultados equivalentes ou at� superiores � cirurgia tradicional e podendo ser realizado mesmo nestes pacientes muito idosos e com risco cir�rgico proibitivo.
Como prevenir doen�as card�acas
� fato que a medicina tem feito o seu papel com a ajuda de pesquisas cient�ficas, tecnologia, conhecimento e expertise dos profissionais de sa�de. Ao mesmo tempo, o paciente precisa entender a import�ncia de cuidar do cora��o por toda a vida.
“Investir em preven��o, seguindo uma alimenta��o equilibrada, rica em vegetais e pobre em gordura, sal e a��car, recorrendo � pr�tica regular de atividade f�sica e consultas peri�dicas ao cl�nico ou ao cardiologista s�o pr�ticas essenciais para a vida saud�vel”, afirma Dr. Marcelo Cantarelli, coordenador do Cath Lab do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz e do Grupo de Hospitais DASA-Leforte.
O cora��o nem sempre d� sinais de que h� algo errado.” A m�xima ‘quem v� cara, n�o v� cora��o’ faz todo sentido, conclui Cantarelli. Por isso, acompanhar o �rg�o, de perto, � primordial para a sa�de, independentemente da idade.