caixa de fentanil importada

caixa de fentanil importada

Crohnie/Wikimedia Commons
Um artigo publicado pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para o uso de fentanil no pa�s. Utilizado como analg�sico e anest�sico para fins m�dicos, o fentanil passou a ser consumido de forma indevida e indiscriminada em muitos pa�ses, como nos Estados Unidos, causando depend�ncia qu�mica e v�cio, por ser 100 vezes mais potente que a morfina e 50 vezes mais que a hero�na.

No Brasil, a primeira apreens�o de fentanil il�cito ocorreu em mar�o, no Esp�rito Santo, e acendeu o alerta para import�ncia para ado��o de estrat�gias de controle e preven��o da circula��o e do uso da droga no pa�s. Al�m disso, uma s�rie de casos de intoxica��o pelo opioide foi relatada na regi�o metropolitana de Campinas (SP), nos primeiros meses deste ano.

No artigo publicado na vers�o on-line da revista The Lancet Regional Health – Americas, Francisco In�cio Bastos, pesquisador titular do Instituto de Comunica��o e Informa��o em Sa�de da Fiocruz (Icict/Fiocruz) e Noa Krawczyk, professora-assistente do Centro de Epidemiologia e Pol�tica de Opioides da NYU Grossman School of Medicine, destacam medidas que o Brasil deve adotar para evitar uma crise grave, como a enfrentada atualmente nos Estados Unidos, onde mais de 70 mil pessoas morrem por ano pelo uso n�o m�dico da droga.
 
Eles garantem que o momento n�o � para p�nico no Brasil. "At� agora, a amea�a emergente de uma potencial crise de sa�de p�blica impulsionada pela dissemina��o do fentanil foi basicamente tratada por uma m�dia proativa, poucos grupos de pesquisa e as respostas imediatas da Anvisa. Um compromisso da sociedade civil, da comunidade cient�fica e do governo em todos os n�veis � extremamente necess�rio. Olhar para as li��es aprendidas em outros pa�ses � fundamental, mas todos os grandes problemas que afetam as sociedades t�m dimens�es globais e locais. N�o h� tempo para ficar parado olhando", destacam Francisco In�cio Bastos e Noa Krawczyk, no artigo. 

O que pode ser feito

Os pesquisadores esclarecem que a crise de fentanil nos Estados Unidos traz li��es importantes para o Brasil e tamb�m apresentam diferen�as em rela��o ao consumo nos dois pa�ses.

De acordo com Bastos e Krawczyk, a epidemia entre os norte-americanos t�m dois fatores: prescri��o excessiva de opioides e desvio da finalidade m�dica e o crescimento do uso de hero�na, e depois do fentanil, em raz�o das altas taxas de depend�ncia e demanda da popula��o.

Outra observa��o � que nos Estados Unidos o fentanil � ofertado misturado a outras drogas, como coca�na, o que n�o se reflete no Brasil, inclusive pelo opioide ser considerado uma subst�ncia cara em compara��o a outras. “O mais prov�vel � que seria uma mistura de algumas apreens�es de fentanil puro. N�o acredito que aconte�a o que est� havendo nos Estados Unidos, outras subst�ncias com propriedades diferentes [misturadas] com fentanil”, disse Bastos em entrevista � Ag�ncia Brasil.
 
Na semana passada, o assunto foi discutido durante semin�rio da Secretaria Nacional de Pol�ticas sobre Drogas (Senad), do Minist�rio da Justi�a, em parceria com a Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), do qual participaram tamb�m representantes da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). O minist�rio ressaltou que as apreens�es realizadas no pa�s foram epis�dicas, e n�o representam uma epidemia.

No artigo, os pesquisadores sugerem as seguintes frentes de atua��o: investimento em vigil�ncia e pesquisa cont�nuas para entender os padr�es de mudan�a de uso e abuso de subst�ncias na popula��o brasileira; integra��o das apreens�es com an�lises toxicol�gicas criteriosas; melhorar a vigil�ncia do fentanil m�dico e de outros opioides, evitando potencial desvio e uso indevido, especialmente em unidades hospitalares; ado��o de protocolos de tratamento e conscientiza��o dos profissionais de sa�de que atendem na porta de entrada (emerg�ncias) dos setores p�blico e privado.

“Na �poca que eu clinicava, internei v�rios colegas, alguns deles faziam s� uso e outros acabavam se envolvendo em desviar ampolas, porque eram as pessoas que tinham acesso”, revelou o pesquisador da Fiocruz.

O pesquisador cita ainda a necessidade de controle da oferta da subst�ncia pela internet e redes sociais. “O pessoal est� fazendo fentanil na cozinha. Embora n�o tenha a pureza do fentanil industrial, o tr�fico est� se lixando se � puro ou sujo”.