M�s da tireoide: m�dico alerta para doen�a rara que pode ser confundida

H� mais de uma d�cada maio � marcado pelo m�s de conscientiza��o da tireoide, a��o que tem como objetivo de promover a conhecimento sobre as doen�as relacionadas � gl�ndula e seus sintomas. Localizada no pesco�o e com um formato semelhante ao de uma borboleta, a tireoide � essencial para a regula��o do metabolismo de todos os sistemas do corpo humano.

A tireoide � respons�vel pela produ��o dos horm�nios T3 e T4 (triiodotironina e tiroxina, respectivamente), e tem influ�ncia em diversos momentos, como no crescimento e desenvolvimento das crian�as e adolescentes, na regula��o dos ciclos menstruais, no controle do peso, da mem�ria e no equil�brio emocional, por exemplo. "Quando a tireoide est� desregulada, ela pode liberar horm�nios em excesso, provocando o hipertireoidismo, ou em quantidade insuficiente causando o hipotireoidismo. J� a doen�a ocular da tireoide (DOT), doen�a inflamat�ria nos olhos, � uma condi��o rara e o quadro pode ser progressivo, com riscos � vis�o", explica Helton Estrela Ramos, m�dico endocrinologista chefe do Laborat�rio de Estudo da Tireoide e Professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A DOT � uma patologia extremamente heterog�nea, na qual os sintomas podem variar de pessoa para pessoa de maneira leve, moderada ou grave. Al�m das manifesta��es mais comuns, os indiv�duos com esta doen�a podem apresentar irrita��o nos olhos, lacrimejamento, fotofobia (intoler�ncia a luz) e incha�o nas p�lpebras.

Foram esses os primeiros sinais sentidos por Carloneide Souza, de 68 anos, residente de Santo Ant�nio de Jesus, na Bahia. "Comecei a sentir os olhos inchados e estufados, mas, como moro em uma cidade pequena, tinha acesso apenas ao cl�nico geral. Depois de alguns meses sentindo esses inc�modos, fui encaminhado para um end�crino em Salvador para confirmar a suspeita de algum desequil�brio na tireoide. Ap�s dois anos, veio o diagn�stico de DOT."

O endocrinologista explica que a causa da DOT � autoimune, estando mais comumente associada � Doen�a de Graves - causa mais comum do hipertireoidismo. "Na DOT, os anticorpos que reconhecem a tireoide atacam estruturas presentes na �rbita (olhos), causando as manifesta��es cl�nicas de inflama��o e acometimento dos m�sculos das p�lpebras (retra��o das p�lpebras) e gl�ndulas lacrimais (olho seco). A proje��o do globo ocular para fora do olho (exoftalmia) ocorre quando existe grande ac�mulo de gordura nas por��es posteriores do olho, pois, na doen�a, c�lulas conhecidas como fibroblastos transformam-se em c�lulas gordurosas (adip�citos)."

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Quanto ao tratamento, a DOT associada � Doen�a de Graves s�o doen�as diferentes, mas que devem ser tratadas ao mesmo tempo. "O diagn�stico precisa ser precoce, antes que ocorra danos � c�rnea, perda da vis�o e vis�o dupla - sintomas muitas vezes n�o revers�veis. � comum, como no caso relatado, que muitos pacientes sejam tratados como portadores de alergia, conjuntivite e outras altera��es oculares, ficando sem o diagn�stico preciso por meses e anos", complementa o m�dico.

Embora 90% dos pacientes com a DOT tenham hipertireoidismo concomitante, a doen�a tamb�m pode ocorrer em pacientes com a tireoide normal ou com hipotireoidismo. A DOT pode levar a significativas complica��es oculares, podendo causar altera��o significativa da apar�ncia e forte impacto na autoestima e capacidade de socializa��o, com queda progressiva na qualidade de vida.

Portanto, estar atento aos sinais � muito importante. Na presen�a de sintomas de doen�a da tireoide (tremores, ins�nia, palpita��es, irritabilidade e perda de peso) um m�dico endocrinologista deve ser procurado. � fundamental relatar se h�, concomitantemente, inc�modos oculares como sensa��o de ciscos nos olhos, vermelhid�o e borramento visual. Reconhecer a doen�a precocemente pode aumentar as chances de boa resposta ao tratamento e evitar sequelas.