pepinos e pimentões

pepinos e piment�es

Valter Campanato/Ag�ncia Brasil

O Brasil tem 20% da biodiversidade do mundo. No entanto, isso n�o se reflete nos alimentos que est�o na mesa da popula��o. De acordo com estudo do N�cleo de Pesquisas Epidemiol�gicas em Nutri��o e Sa�de, da Universidade de S�o Paulo (USP), a quantidade de alimentos com origem na biodiversidade local adquirida pelos brasileiros foi considerada baixa.

 

A valoriza��o e a expans�o da monocultura em detrimento de pequenos agricultores � um dos elementos que explicam esse resultado. O artigo que traz os resultados aponta que eles “s�o insatisfat�rios e abaixo do que se espera de um territ�rio biodiverso e de um sistema alimentar que � destaque mundial. � necess�rio um maior comprometimento para a promo��o de a��es que fortale�am o consumo desses alimentos entre brasileiros”.

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“O estudo tem como objetivo descrever a disponibilidade de alimentos nativos de cada estado do Brasil [para a popula��o]. Consideramos frutas, legumes e verduras da biodiversidade. E o que a gente observou � que a disponibilidade desses alimentos � bem baixa”, disse Anderson Lucas, um dos autores do artigo.

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Baixo consumo

Para ele, o consumo de frutas, legumes e verduras no Brasil j� � baixo, mas, observando pela alimenta��o com itens da biodiversidade local, identificou-se uma quantidade menor ainda. “Isso se d� principalmente pela mudan�a do sistema alimentar global que favorece o cultivo de commodities, como milho e soja, que s�o base de alimentos ultraprocessados,” salientou. 

Lucas afirmou que sempre houve uma baixa aquisi��o de alimentos nativos no Brasil, mas, com a expans�o da monocultura nos �ltimos anos, essa disponibilidade de alimentos da biodiversidade est� caindo ainda mais.

A disponibilidade total (gramas/per capita/dia) de alimentos correspondeu a uma m�dia de 1.092 gramas. A m�dia da disponibilidade de frutas, legumes e verduras no pa�s � de 108,67g/per capita/dia, sendo que apenas 7,09g corresponde � parcela de alimentos de origem da biodiversidade local.
 

Como biodiversidade local, os pesquisadores consideraram alimentos nativos do estado em que vive aquela pessoa. Os dados se referem a 38 alimentos nativos. Foi utilizada uma amostra com dados de aquisi��o de alimentos de 57.920 domic�lios, coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) de 2017 a 2018.

Separadamente, o grupo das frutas corresponde a 56,7gramas/per capita/dia, sendo que apenas 5,89g � a parcela de itens da biodiversidade local. No caso das verduras e legumes, s�o 51,97gramas/per capita/dia, sendo que 1,20g s�o alimentos nativos. 

Por biomas, a caatinga apresentou a maior disponibilidade de frutas nativas na aquisi��o pela popula��o (4,20g/per capita/dia), enquanto para legumes e verduras, a Amaz�nia se destacou (1,52g/per capita/dia).

“Isso faz mal n�o s� para a sa�de do planeta como tamb�m da popula��o, atrav�s de impactos ambientais, al�m de n�o valorizar a agricultura sustent�vel, s� valorizar agricultura por meio mon�tono, que � utilizando muitos agrot�xicos e venenos. E tamb�m como isso prejudica as culturas tradicionais no Brasil, porque esse tipo de alimento que estamos destacando faz parte de algumas comunidades de povos ind�genas, al�m de agregarem tamb�m para agricultura familiar”, explicou. 

O pesquisador sustentou que, sobre o consumo de frutas, legumes e verduras, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) recomenda  quatrocentas gramas di�rias desses alimentos em cinco ou mais dias da semana. 

Solu��es 

Para o pesquisador, o primeiro ponto para uma mudan�a nessa realidade seria considerar a sazonalidade dos alimentos, valorizando aqueles cultivados em ambientes naturais e n�o em ambientes controlados, com uso de agrot�xico e fertilizantes, que, artificialmente, levam ao maior rendimento daquela cultura. Ele acrescentou que � preciso repassar tais alimentos com pre�o justo para a popula��o.

“Para isso, a gente tem que incentivar o cultivo desses alimentos, ent�o � preciso criar feiras, espa�o de troca de conhecimentos e dar apoio t�cnico aos agricultores e �s comunidades que plantam e colhem alimentos da biodiversidade. A gente observou que alguns alimentos precisam de um trabalho muito manual para extra��o, por exemplo, o coco baba�u, que necessita ser quebrado para tirar a castanha que tem dentro dele para fazer leite da castanha de baba�u, al�m de farinhas e outras coisas”, disse.

Em rela��o a introduzir os alimentos nativos na dieta da popula��o, ele citou a possibilidade de inclus�o na alimenta��o escolar, principalmente por meio do Programa Nacional de Alimenta��o Escolar, que adquire alimentos da agricultura familiar.

“Colocar esses alimentos na alimenta��o escolar e [introduzir] o debate sobre alimenta��o nas escolas para ensinar as crian�as desde cedo a escolher e consumir os alimentos nativos, al�m de identificar quais alimentos s�o nativos de cada regi�o e come�ar um questionamento sobre a origem dos alimentos”, sugeriu. 

Origem esquecida

Ele acrescentou que, por conta dos alimentos ultraprocessados, as pessoas acabam esquecendo a origem dos alimentos e que muitos n�o conhecem como � o alimento in natura, s� sabem como � o pacote ap�s ser processado. Nas cidades, h� ainda maior distanciamento entre produ��o e popula��o.

“[� preciso] reaproximar a popula��o atrav�s da produ��o dos alimentos, ent�o a gente observa que a popula��o agora vive em grande maioria na �rea urbana, ent�o incentivar por meio de hortas comunit�rias seria um bom exemplo para aumentar a disponibilidade desses alimentos nas �reas urbanas”, finalizou.