Pessoas fazem caminhada e correm em pista ao ar livre

A pr�tica regular de exerc�cios segue indicada: doen�a pode obstruir o fluxo de sangue nas art�rias e levar � morte�

American Heart Association


A doen�a arterial coron�ria cr�nica (DAC) � caracterizada pela obstru��o parcial ou total do fluxo de sangue nas art�rias coron�rias, principalmente pelo surgimento gradativo de placas de gordura. H� um desequil�brio de oxig�nio no m�sculo card�aco, o que faz com que pacientes tenham dores no peito e falta de ar em situa��es de esfor�o f�sico e estresse. A Associa��o Americana do Cora��o e o Col�gio Americano de Cardiologia acabam de divulgar novas diretrizes para enfrentar o problema que pode ser fatal. Novos medicamentos e uma maior aten��o m�dica para diagnosticar, tratar e gerenciar riscos e sintomas da DAC fazem parte da lista de recomenda��es.

 

Salim S. Virani, presidente da Associa��o Americana do Cora��o, avalia que a nova diretriz simboliza um avan�o nas informa��es referentes aos cuidados dos pacientes desde a recomenda��o de 2012 e a atualiza��o subsequente, em 2014. "A boa not�cia � que a doen�a coronariana cr�nica � uma doen�a muito control�vel agora. Com h�bitos de vida saud�veis e terapia m�dica, que avan�ou tremendamente, o progn�stico para pacientes melhorou drasticamente", afirma, em nota.

 

Para chegar �s novas sugest�es, publicadas, nesta semana, nas revistas Circulation e Journal of the American College of Cardiology, as associa��es m�dicas avaliaram estudos cient�ficos publicados entre setembro de 2021 e maio de 2022, como estudos cl�nicos, revis�es sistem�ticas e meta-an�lises. Uma das conclus�es a que chegaram foi a de recomendar o uso de droga como �cido bemped�ico e inclisiran (ambas usadas para reduzir o colesterol), inibidores de SGLT-2 (antidiab�tico) e betabloqueadores agonistas do receptor GLP-1 (para reduzir o estresse card�aco).

 

Carlos Rassi, cardiologista do Hospital S�rio-Liban�s em Bras�lia, explica que o uso dos inibidores SGLT-2 e dos agonistas GLP-1 tem se mostrado positivo para o tratamento do sistema cardiovascular. "Eles t�m efeitos protetor, inclusive aumentando a sobrevida e diminuindo a morte cardiovascular. Logicamente, todo medicamento deve ser prescrito por m�dico, e o paciente nunca deve se automedicar, pois todo rem�dio tem efeitos colaterais", alerta.

 

Dura��o mais curta de tratamentos 

 A diretriz tamb�m recomenda uma dura��o mais curta de tratamentos com medicamentos antiplaquet�rios, que ajudam a evitar a forma��o de trombos nas art�rias, diminuindo o risco de infarto e acidente vascular cerebral isqu�mico. No entanto, o uso prolongado desses medicamentos pode ser prejudicial. Thiago Germano Oliveira de Siqueira, cardiologista do Hospital Anchieta, avalia que a nova sugest�o se deve aos riscos a longo prazo desse tipo de droga. "Voc� tem o benef�cio da medica��o de reduzir um novo evento, mas tamb�m o risco de um sangramento fatal, como um sangramento gastrointestinal", explica.

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O grupo enfatizou, ainda, que o uso de suplementos de �cidos graxos �mega-3, vitaminas C, D ou E, beta-caroteno ou c�lcio n�o s�o indicados, uma vez que n�o foram comprovadas evid�ncias suficientes dos benef�cios em pacientes com DAC.

Multidisciplinar

Frederico Abreu, coordenador da cardiologia do Hospital Santa L�cia, em Bras�lia, lembra que pessoas com DAC precisam de um suporte multidisciplinar. "Envolve n�o s� a terapia medicamentosa, mas tamb�m mudan�as importantes nos h�bitos de vida, como controle do peso, do diabetes, do tabagismo, pr�tica de atividade f�sica e uma dieta saud�vel", lista.

Para Rassi, as novas recomenda��es consideram esse aspecto global do enfrentamento � doen�a. "A nova diretriz representa uma sedimenta��o de conhecimentos adquiridos em d�cadas de pesquisas de grandes centros e grandes pesquisadores, onde vemos que, para um bom desfecho, todos os atores precisam estar envolvidos", afirma o cardiologista.

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Em nota, L. Kristin Newby, copresidente do comit� de diretrizes e professor de medicina da Duke University School of Medicine em Durham, nos Estados Unidos, pontua que as discuss�es s�o necess�rias para garantir que os pacientes sigam as recomenda��es mais recentes de h�bitos protetivos e recebam todas as terapias apropriadas baseadas em evid�ncias. "Isso ajuda a equilibrar uma boa qualidade de vida, com a redu��o do risco de um futuro evento cardiovascular", enfatiza.

 

*Estagi�ria sob a supervis�o de Carmen Souza