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Estado de Minas GELEIA URBANA

Pimenta no capital cultural dos outros � refresco

Cidades s�o locais de grande energia e otimismo, onde a maioria escolhe viver, trabalhar e interagir. � onde a inova��o acontece e as ideias s�o formadas


02/10/2023 10:19
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Budapeste, capital da Hungria, exemplo de capital europeia
Budapeste, capital da Hungria, exemplo de capital europeia (foto: Benny Cohen/EM/DA Press)

Se tem algu�m que tem o que dizer sobre vitalidade e requalifica��o das cidades, s�o os europeus. 

Eles n�o inventaram as cidades, mas tiveram enorme sucesso na transforma��o de vilas em burgos, burgos em cidades, cidades em favelas (revolu��o industrial), e favelas em cidades. Sucesso na reconstru��o das cidades destru�das pelas guerras e na requalifica��o de seus centros urbanos e distritos portu�rios.

O soci�logo franc�s Pierre Bourdieu descreveu tr�s tipos de capital pessoal: o capital econ�mico, o capital social e o capital cultural. O mais importante deles, o capital cultural, trata da educa��o e outras formas de conhecimento, e � aquele que proporciona vantagens por meio das quais � poss�vel adquirir capital econ�mico e capital social.

Cr�tico do sistema educacional, Pierre Bourdieu acreditava que as pr�ticas escolares reproduzem as desigualdades sociais, ao valorizar aspectos de erudi��o �s quais somente pessoas de maior renda teriam acesso.

N�o discordo, mas contextualizo: Pierre Bourdieu descreveu o que viu mas, tivesse nascido 40 ou 50 anos depois, teria se dedicado a algum outro assunto, tal o acesso ao capital cultural para qualquer habitante de uma cidade (m�dia ou grande) europeia.

Sistema educacional moderno, museus, teatros e eventos culturais com entrada gratuita, centenas de exposi��es, feiras, simp�sios e semin�rios a cada ano. 
Com o sistema de transporte urbano e ciclovias dispon�veis, nem o deslocamento e a mobilidade chegam a ser uma quest�o. Para qualquer cidad�o da comunidade europeia, hoje, basta dedica��o.
A realidade europeia n�o �, por certo, a brasileira. Ainda fazemos pouco caso da coleta e tratamento de esgoto (como se fosse sequer uma op��o), e o metr� varia entre uma miragem ou uma piada, a depender da cidade analisada.

Ainda assim, Belo Horizonte possui, em seu munic�pio, 332 escolas municipais, 255 estaduais e 5 federais. Tem tamb�m 1.477 escolas privadas, a maior parte com oferta de bolsas integrais ou parciais, ampliando o acesso � boa educa��o.

Al�m das escolas, Belo Horizonte concentra, ainda, a maior parte das atividades culturais, servi�os, com�rcio, tecnologia e, como consequ�ncia, os empregos e oportunidades de neg�cio da regi�o metropolitana. 
A Comiss�o Europeia concluiu, em 2017, no painel Cidades Como Centros de Inova��o, que "as cidades s�o, frequentemente, locais de grande energia e otimismo. � onde a maioria de n�s escolhe viver, trabalhar e interagir com outras pessoas. Como resultado, as cidades s�o o local onde a inova��o acontece, onde as ideias s�o formadas, das quais o crescimento econ�mico decorre em grande parte.” Nada faz mais sentido do que concentrar o m�ximo de pessoas morando num mesmo munic�pio.

A concentra��o (mesmo quando de baixa qualidade) permite que as pessoas tenham acesso � melhor educa��o, e concentra investimentos em infraestrutura, transporte e seguran�a p�blica, zeladoria e equipamentos de lazer. Torna a educa��o e as atividades culturais acess�veis a mais pessoas, e incrementa todos os neg�cios, servi�os e com�rcio locais.
Voltando a Pierre Bourdieu, uma cidade densa e compacta disponibiliza a chance de que todos os seus cidad�os adquiram um capital cultural que, no decorrer de suas vidas, lhes propiciar� os capitais social e econ�mico, estejam onde estiverem. 

Quem j� desvendou o segredo de alguma m�gica, conhece aquela surpresa, quase decepcionante, do qu�o �bvio e simples era o truque. E o truque, aqui, � igualmente simples de entender: o bem estar europeu n�o vem do petr�leo ou de de riquezas minerais; vem da cidadania e da disposi��o para enfrentar desafios, qualquer que seja ele, com altivez, com urbanidade, sem retrocessos. Esse � o capital cultural.
Cidades s�o, em �ltima inst�ncia, n�o apenas o motor da inova��o e da vitalidade mas tamb�m da oportunidade, do crescimento pessoal e do desenvolvimento social.

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