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Estado de Minas M�DIA E PODER

Cen�rio de fome favorece Lula e pauta de costumes j� n�o ajuda Bolsonaro

Petista j� percebeu potencial eleitoral de combate � fome e enfatiza foco na desigualdade contra a pauta de costumes com que a esquerda alimenta o presidente


14/12/2021 06:00 - atualizado 14/12/2021 12:06

Lula e Bolsonaro
Lula e Bolsonaro (foto: Evaristo S�/AFP )

H� poucas semanas, li sobre duas estrat�gias petistas para amenizar as principais fragilidades da campanha de Lula, nos meios e no discurso.

Seu instituto come�aria um tipo de curso para forma��o de lideran�as no manejo mais competente das redes sociais e ele teria recomendado � milit�ncia esquecer a pauta de costumes e n�o cair em provoca��es da milit�ncia bolsonarista.

- N�o vamos cair em armadilhas - disse a um grupo de correligion�rios, ao lembrar que os temas s�o caros �s esquerdas, mas que n�o ser�o determinantes nessa campanha como foram em 2018.
Pelo contr�rio. No artigo em que tratei da defasagem da esquerda em rela��o � milit�ncia digital de direita, dias antes, aduzi que ela cavaria sua sepultura eleitoral se insistisse nesse neg�cio de direitos humanos, identidade de g�nero e quest�o racial.

Com os quais ela deu novo colorido ao desgastado discurso da desigualdade, aproveitando a deixa de que mulheres, negros e gays s�o mais discriminados tamb�m financeiramente. Mas para os quais o universo da centro-direita nas redes est� a postos, com sangue nos olhos. 

Como vox lula vox dei, j� se percebe uma baixa de guarda a respeito desses temas no tribunal da internet, ao mesmo tempo em que ele passou a enfatizar em toda oportunidade a quest�o em que � autoridade na nossa hist�ria pol�tica, o combate � fome. 

N�o perde oportunidade de puxar qualquer entrevista ou palestra para o tema, do qual fez piece de resistance no samba que deu nas mais de duas horas da entrevista de alta repercuss�o ao Podpah

Entre dados estat�sticos, met�foras exuberantes e suas experi�ncias de faminto na inf�ncia, voltou a se vender como quem acabou com a fome no pa�s e teria condi��es de elimin�-la de novo. Ainda que n�o tivesse de fato acabado totalmente, quando deixou o governo.
Para al�m da inadequa��o da apologia de costumes que s� a esquerda n�o via, porque � da sua natureza s� falar para si mesma, ele j� deveria estar percebendo com seu faro de �guia o que anda nas bocas, anda nos becos, est�o falando alto pelos botecos.

E voltou �s pesquisas eleitorais como o principal problema para o brasileiro. Muito acima da quest�o da sa�de suscitada pela pandemia e da corrup��o, que foi carro-chefe da campanha de Bolsonaro contra o PT, entendida n�o s� como financeira quanto de costumes.

O diretor do DataFolha, Mauro Paulino, lembrou muito bem a O Globo que quase metade da popula��o, que tem renda de at� dois sal�rios m�nimos, reduziu a compra de frango, legumes, feij�o e latic�nios, enquanto muitos sequer conseguiram substitu�-los por ovo.

- Isso quer dizer que a grande maioria, que decide a elei��o, est� tentando sobreviver. Quanto mais pobre o eleitor, mais pragm�tico � o voto. (...) Esse eleitor vai escolher o candidato que mostrar mais condi��es e vontade pol�tica para resolver isso.

� algo que vai mais fundo do que mostra o notici�rio sobre infla��o com recess�o encomendada pela farra dos gastos p�blicos aprovados pelo Congresso, em parceria com o governo, sobre o pano de fundo de pobres catando comida no lixo. E evoca os bons tempos de Lula.

Bolsonaro, que tem l� seus instintos enviesados mas da mesma cepa de quem fareja voto ou a falta dele, n�o empreendeu � toa a guerra do Aux�lio Brasil que vai piorar as contas p�blicas. 

Precisa dele para tentar ofuscar a fama do Bolsa Fam�lia e equilibrar o jogo com Lula na disputa pelos pobres. Ainda que seja muito dif�cil, mesmo com a mais competente das campanhas de marketing.

Nos �ltimos dias, como quem vem sentindo o tranco, ensaiou justamente uma guerra de costumes para ver se acende a milit�ncia nos prop�sitos que lhe deram a vit�ria na elei��o de 2018. 

Aproveitou a campanha por Andr� Mendon�a no STF para ressuscitar o discurso de mais conservadores na Corte e empreendeu nova batalha contra restri��es coletivas ou individuais pela obrigatoriedade da vacina.

Atacou os passaportes vacinais e eventuais lockdowns, tanto quanto as pris�es arbitr�rias e tenta��es de censura do ministro Alexandre de Moraes, para repisar seu conceito de liberdade, cabo de guerra de seus ataques � esquerda progressista.

Com nenhum sucesso, por enquanto. Sua milit�ncia, como a de Lula nas redes sociais, parece mais preocupada com o inimigo mais imediato, Sergio Moro. 

Que vem se consolidando na terceira posi��o nas pesquisas e trabalha com a hip�tese n�o desprez�vel de chegar a 15% em dezembro e a 18% em mar�o. De onde vislumbraria a possibilidade de tomar o lugar de Bolsonaro na disputa com Lula no segundo turno.

Apesar de suas in�meras limita��es, de forma e conte�do, ele � o pior advers�rio que ambos poderiam ter. Odiado pela milit�ncia dos dois lados, encarna contra qualquer dos dois a ideia de plebiscito contra um monte de coisas que o eleitorado majorit�rio n�o quer.

Com ele, pode at� ser que a fome fique em segundo plano. Que o combate � corrup��o em que ele � autoridade indiscut�vel se sobreponha como uma outra forma de combater a mis�ria em que o pa�s est� atolado, em todos os sentidos.

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