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Estado de Minas GEOPOL�TICA

A Esc�cia e os novos ventos de liberdade

A possibilidades da cria��o de um novo estado-na��o aumentam com a vit�ria do Partido Nacional Escoc�s (SNP), pr�-independ�ncia, anunciado no �ltimo s�bado


10/05/2021 06:00 - atualizado 10/05/2021 06:53

A possibilidades da criação de um novo estado-nação aumentam com a vitória do Partido Nacional Escocês (SNP)(foto: Andy Buchanan / AFP )
A possibilidades da cria��o de um novo estado-na��o aumentam com a vit�ria do Partido Nacional Escoc�s (SNP) (foto: Andy Buchanan / AFP )
Novos ares sopram sobre a Europa. Desde o final dos anos 80 e in�cio dos anos 90, a Europa n�o vivencia mudan�as t�o acentuadas na sua cartografia. O fim da Uni�o Sovi�tica, a fragmenta��o da antiga Iugosl�via e da Tchecoslov�quia alteraram drasticamente as fronteiras do velho continente. Ap�s alguns anos de relativa estabilidade nas fronteiras europeias, novos contornos podem ser tra�ados. 

A possibilidades da cria��o de um novo estado-na��o aumentam com a vit�ria do Partido Nacional Escoc�s (SNP), pr�-independ�ncia, anunciado no �ltimo s�bado (08/05/21). 

O partido ganhou 64 das 129 cadeiras do Parlamento de Edimburgo, o que contrariou, em parte, as expectativas: esperava-se que ocupasse 65 assentos, que o daria a maioria absoluta e o direito de exigir mais facilmente um novo referendo sobre a independ�ncia do Reino Unido, ap�s o insucesso de 2014, quando 55% dos eleitores foram contr�rios � separa��o.

Em 2014, o referendo era para decidir, exclusivamente, sobre a perman�ncia ou n�o no Reino Unido. O resultado decisivo deveria prevalecer por um tempo significativo. N�o estava em discuss�o, naquela �poca, a sa�da da Uni�o Europeia (EU). 

Surpreendentemente, dois anos depois surge a proposta para a retirada da EU. O Brexitfoi recusado, de forma inequ�voca, por 62% dos eleitores escoceses, em 2016, mas reavivou os desejos separatista na regi�o. 

O resultado do �ltimo pleito � um prato cheio para o SNP e pode alterar, de forma definitiva, a uni�o de 314 anos entre os dois pa�ses. As chances de apoio dos “Verdes Escoceses” (que assumiram 8 cadeiras) e de outros partidos menores ao grande vencedor intensificam essa possibilidade.  

Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Esc�cia, que j� possu�a uma popularidade sem precedentes devido ao controle da pandemia, desde a primeira onda est� mais forte do que nunca com essa vit�ria, que garante o quarto mandato da sigla no comando do pa�s.  

Segundo a Chefe de Estado (de 50 anos, dos quais 35 como ativista pela independ�ncia do Reino Unido) “primeiramente � a retomada ao trabalho para se dedicar ao controle da pandemia, recuperar a economia e as condi��es sociais dos cidad�os e, na sequ�ncia, quando a crise passar, os escoceses voltar�o a pensar no seu direito a um futuro diferente do atual”. 

Boris Johnson, Primeiro-Ministro ingl�s, tem uma imagem desgastada na regi�o, em parte pela condu��o in�cio da pandemia, na Gr�-Bretanha (diferente das medidas cautelosas adotadas pela l�der escocesa), que foi agravada pelo estilo linha dura no processo de div�rcio e pelas implica��es das medidas do Brexit no setor pesqueiro do pa�s, de grande import�ncia econ�mica. 

Johnson tem o poder de vetar o pedido do novo referendo e j� anunciou que o far�, mas enfrentar� uma press�o interna muito forte para conceder tal direito.  A Esc�cia est� dividida na quest�o separatista, mas a for�a que Nicola Sturgeon pode alcan�ar com os aliados e com sua perman�ncia no poder pode modificar qualquer previs�o contr�ria a esse processo.

� quase certo que o “Indyref2”, como est� sendo chamado o novo referendo, seja apresentado. Boris Johnson ser� desafiado. Ele alega que n�o � o momento para quest�es constitucionais, que todos deveriam se envolver na recupera��o da economia e que um novo referendo � irrespons�vel e imprudente. 

O Partido Conservador, de Johnson, teve vit�rias importantes recentemente, e as medidas de vacina��o, bem sucedidas, aplicadas no Reino Unido, o fortaleceram. N�o h� motivos para ele ceder � press�o uma vez que, se aprovado o novo referendo, h� grandes chances para uma vit�ria dos separatistas, o que implicaria uma derrota acachapante para o l�der ingl�s, e levaria, inevitavelmente, � sua ren�ncia, deixando uma mancha indel�vel na sua trajet�ria pol�tica.

Mas a entrada volunt�ria da Esc�cia, em 1707, no Reino Unido, somada a um processo de independ�ncia que dever� ser demorado, mas democr�tico por parte dos escoceses (o contr�rio n�o seria reconhecido pela Uni�o Europeia e outros pa�ses) poder� dificultar os interesses de Johnson. 

Soma-se ao fatoque muitos dos que foram contr�rios � separa��o, em 2014, eram jovens e, sete anos depois, esse eleitorado se encontra com grandes dificuldades de emprego e moradia. Muitos n�o creem que a independ�ncia ser� a solu��o. O contexto atual � diferente do anterior e a sa�da da UE � interpretada, por muitos, como agravamento desse cen�rio. 

Os analistas afirmam que o Primeiro-ministro ingl�s dever� “derramar “dinheiro na Esc�cia para diminuir o sentimento nacionalista pr�-independ�ncia, mas pode n�o surtir o efeito esperado. 

Europeus e ingleses n�o veem com bons olhos resist�ncias � democracia, e ele dever� provar do seu pr�prio “veneno”. Johnson pediu respeito � “vontade do povo” no processo de conclus�o do Brexit e dever� escutar a mesma frase dos escoceses. 

A colis�o � inevit�vel! H� que se aguardar os resultados.


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