
Quem chega � comunidade do A�ude , em Jaboticatubas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, sente a energia do lugar onde se celebra uma das mais bonitas festas de Minas Gerais, o candombe. No entanto, desde mar�o de 2020, o lugar que acolhe quem chega, com caf� coado e boa prosa, estava em apreens�o com o avan�o do novo coronav�rus.
A energia se mantinha entre eles, mas tiveram que parar de receber visitantes, momento em que compartilhavam a tradi��o. Julho trouxe esperan�a de que dias melhores venham e o terreiro de Dona Merc�s possa receber centenas de pessoas que se aglomeravam para acompanhar as tr�s festas da comunidade em maio, agosto e setembro. Na manh� desta quinta-feira (1/7), parte da comunidade recebeu a segunda dose da vacina contra a COVID-19 .

Com as determina��es de isolamento social, muita gente n�o se encontrava para fazer festa h� muito tempo, ent�o, a vacina��o se tornou momento de celebra��o. Por volta das 7h, todos aguardavam na fila para receber a segunda dose. Em 29 de mar�o, entregaram documento com nomes de 131 moradores para que pudessem receber a primeira dose.

Tr�s meses depois - tempo necess�rio no caso da AstraZeneca, imunizante aplicado - cada um que recebia a vacina saia com os olhos marejados e era recebido com palmas e muita comemora��o pelo ato que n�o � apenas de prote��o individual, mas de prote��o de uma comunidade, que guarda as tradi��es e conhecimentos da popula��o negra em Minas.
Cobertura ainda pequena
O momento foi de muita alegria, mas n�o foi completo, porque menos da metade da comunidade recebeu as duas doses. Da linhagem de Dona Merc�s, a comunidade tem 250 pessoas, mas apenas 94 entraram na listagem do munic�pio de Jaboticatubas.
Esse n�mero demonstra a situa��o de cobertura insuficiente em todo o estado. De acordo com a Secretaria de Estado da Sa�de, o p�blico “povos e comunidades tradicionais quilombolas”, o n�mero de pessoas acima de 18 anos a ser vacina � 130.812. At� o momento, foram aplicadas 67.075 primeiras doses (51,28%) e 12.428 segundas doses (9,50%).
Esse n�mero demonstra a situa��o de cobertura insuficiente em todo o estado. De acordo com a Secretaria de Estado da Sa�de, o p�blico “povos e comunidades tradicionais quilombolas”, o n�mero de pessoas acima de 18 anos a ser vacina � 130.812. At� o momento, foram aplicadas 67.075 primeiras doses (51,28%) e 12.428 segundas doses (9,50%).
"Espero que todo mundo tome a vacina e essa doen�a suma. Dias melhores vir�o"
Maria do Bom Conselho Viana, 60 anos
Dona Merc�s, que j� havia se vacinado com as duas doses devido � idade - ela est� com 82 anos - comemorou e aben�oava cada filho e neto que chegava do posto de sa�de segurando o bra�o.
Maria do Bom Conselho Viana, de 60 anos, foi a primeira a completar o esquema de vacina��o e n�o acreditou que estava sendo vacinada. “Espero que todo mundo tome a vacina e essa doen�a suma. Dias melhores vir�o”, afirma. Nesse um ano e meio de pandemia, ela ficou em casa, apesar de morar em uma regi�o afastada. “Moro no mato, mas n�o sa� de casa. Evitando os contatos com muitas pessoas. Tem um tio meu que a h� um ano eu n�o vejo.Ele mora aqui na regi�o, mas estava evitando ir l�, ele teve derrame. Tomei vacina e agora posso ir l� ver ele”, diz.
Mobiliza��o pela vacina
Fl�vio Jos� dos Santos, presidente da Associa��o Quilombola do A�ude, conta que, embora os quilombolas sejam do grupo priorit�rio determinado pelo Plano Nacional de Vacina��o contra a COVID-19, foi necess�rio muita mobiliza��o para que os moradores do Quilombo do A�ude conseguisse se vacinar. Ainda assim, menos da metade da comunidade foi vacinada.”N�o foi f�cil n�o. A prefeitura n�o passou informa��es. Tivemos que correr atr�s”, afirma.

Para conseguir, eles tiveram apoio da Coordena��o Nacional de Articula��o de Quilombos (Conaq) e do Minist�rio P�blico. “Pressionamos bastante para conseguir essa vacina��o. Queria um n�mero bem abaixo do que a comunidade. N�o aceitamos, mas ainda est� faltando muito ainda”, disse. O quilombo tem 250 pessoas, mas 94 receberam a primeira dose. “Falta um n�mero grande para ser vacinado”. A alega��o � que estavam seguindo o Censo do IBGE de 2010. “Para receber a segunda dose, tivemos que pressionar demais o secret�rio de sa�de do munic�pio.Faltam muito para vacinar”, diz.
Shirlene Sabino dos Santos, de 46, agradeceu o trabalho dos cientistas que desenvolveram a vacina. "'� uma gratid�o enorme. Estou muito grata”, afirmou. “Pedi a Deus que iluminasse a cabe�a dos cientistas para que tivesse um rem�dio para a cura, ora��o e fazer o que estava sendo pedido, sair da aglomera��o. Acredito na ci�ncia. A f� e a ci�ncia t�m que caminhar juntas. Pede a Deus e Deus envia a luz onde � necess�rio para quem tiver mais preparado para trazer a solu��o de cura atrav�s dos rem�dios”, diz. A filha Maria Helena, que tem mais de 18 anos, tomou a vacina, mas o filho Tom�s, de 14 anos, n�o faz parte do p�blico-alvo da vacina��o.
"� emocionante demais"
“A segunda dose � a sensa��o ainda mais feliz da minha vida”, afirma Aldenina Maria Viana, de 50 anos. Ela agradece de ningu�m da comunidade ter se contaminado. “Eu me isolei. De modo a chegar algu�m na comunidade e eu dizer volta depois. N�o quero receber ningu�m n�o. N�o fui em festa nenhuma", disse.
Pedro Eduardo da Silva Santos, de 22 anos, tamb�m se vacinou. “� emocionante demais. Mais de um ano de pandemia, tomar essa vacina agora, eu e minha fam�lia, n�o tem pre�o”, disse. Nesse tempo, a divers�o era ir para o rio. “Sou quilombola. Ver minha fam�lia toda vacinando � a melhor coisa que tem.”
Pedro Eduardo da Silva Santos, de 22 anos, tamb�m se vacinou. “� emocionante demais. Mais de um ano de pandemia, tomar essa vacina agora, eu e minha fam�lia, n�o tem pre�o”, disse. Nesse tempo, a divers�o era ir para o rio. “Sou quilombola. Ver minha fam�lia toda vacinando � a melhor coisa que tem.”
Em nota a Secretaria de Estado da Sa�de (SES-MG), as estrat�gias para vacina��o deste p�blico foram divulgadas orienta��es espec�ficas aos munic�pios buscando estrat�gias de vacina��o a serem desenvolvidas nessas comunidades pelos munic�pios.
A SES-MG informa que todas as solicita��es de imunizantes, para o atendimento da popula��o quilombola e ind�gena aldeados, que foram sinalizadas pelos munic�pios foram atendidas. J� foram distribu�das 100% das doses solicitadas para atender estes p�blicos.
Tradi��o do candombe
Durante a pandemia, as tr�s grandes festas realizadas na comunidade foram feitas de uma maneira diferente dos anos anteriores. O terreiro de Dona Merc�s que recebe centena de pessoas nas celebra��es recebeu apenas as pessoas da fam�lia. As festas de Nossa Senhora do Ros�rio, realizada em maio, a outra em agosto e o Candombe em setembro voltaram ao que era antes em anos em que o quilombo sofria mais preconceito.

“Todo mundo aqui � devoto de Nossa Senhora do Ros�rio. O candombe � em louvor a ela”, afirma. Eles seguiram as medidas de isolamento social, mas n�o deixaram de pedir a prote��o da santa.
Todo o tempo estiveram sob as orienta��es de Dona Merc�s. “Mam�e � tudo pra gente. Para n�s ela � tudo para n�s”, disse. A rotina mudou muito. “Na pandemia a gente s� fica dentro de casa. A gente tomou a segunda dose � a maior alegria nossa” afirma Geralda Ant�nia dos Santos, uma das filhas de Dona Merc�s.
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